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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Várzea Alegre - Por Socorro Martins

Várzea Alegre 

Cidade hoje saudade
Lembrança agradável ou não
No túmulo do teu passado
Enterrei minha ilusão

Teu riacho de água doce
Levou a doce canção
E a fantasia bonita
Que enfeitou meu coração

Lá, na pracinha do centro,
Entreguei meu pensamento
Ao rapaz que volteava
E volteei pela vida
E as juras de amor, perdidas
Pedrdidas por lá ficaram

O manto da minha fé
Ficou no altar do santo
Manifestada no canto
Que as vezes eu desenterro

Como a jurema sem seiva
Reclama o inverno antigo
Eu, nesta minha cantiga,
Procuro os fios da teia
Procuro achar a saída
No labirinto-cadeia
Insisto em desvencilhar-me
Do certo que me rodeia

Procuro tuas procissões
Tuas festas natalinas
Teu jeito infantil e tímido
De uma cidade menina

Mas a menina cresceu
E tem jeito de mulher
É toda dengo e trejeito
Ama e desama a quem quer

Se tu a min devolvesses
Minhas pessoas amadas
Se de volta eu encontrasse
Minhas ilusões aladas
Se na Vazante estivesse
Meu pai que há muito dormiu
Se na rua eu encontrasse
A velha casa do tio
Eu também te entregava a menina que partiu

Ah! Minha Várzea perdida
Em cada pedaço teu
Há um cheiro de saudade
De um tempo que se perdeu
Há um gosto de soluço
De um choro que se escondeu
Há duas mãos lamentando
O abraço que não veio

E se tu não és a mesma
Outra agora eu também sou
E da menina de ontem
Só a poetisa restou

Socorro Martins

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