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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Doces lembranças de minha terra...

DOCES LEMBRANÇAS DE MINHA TERRA - JOÃO BITU

“GUARDO como se tudo fosse agor
Com bastante clareza ainda lembro
Era uma noite cálida de setembro
Assim pelas vinte e uma horas
Em quarenta e oito e muito embora
Eu já fosse quase um homem feito
Ao ouvir Maria Bethânia, com efeito,
Na voz plangente de Nelson Gonçalves 
(Eu estava na Rua Major Joaquim Alves)
Pus-me a chorar não houve outro jeito” .

A família me mandara para a cidade, Várzea-Alegre é claro, a terra que amamos de todo coração e donde temos as melhores recordações, visto que hoje habitamos noutro lugar, embora apenas fisicamente, porquanto, em nossos pensamentos continuamos  residindo lá   o tempo todo. 

Os meus pais tinham o propósito de me oferecer boas escolas e esta era  a única forma de iniciar sem maiores dispêndios financeiros,  ao alcance de suas disponibilidade econômicas.

O passo inicial foi dado na escolinha de Dona Francisca de Romão, “Dona Caixinha”. que se casou com Antônio Alves Costa “Antonio Diô”,  A escolinha funcionava  em sua residência no turno da tarde.  No ano seguinte fui para a escola de Walquírio Correia, muito em evidência naquela época, cursando o terceiro ano primário. 

Ótima escola, o professor bastante eficiente e altamente brincalhão, sem  perder a autoridade  necessária à função. Tive ainda uma ligeira passagem pelo Grupo Escolar, hoje o Colégio Estadual José Correia, na antiga Rua Getúlio Vargas.

Walquírio Correia foi quem nos levou e matriculou para prestar exames de Admissão ao Ginásio no Colégio Diocesano de Crato em fins de 1951. Obtive aprovação e no ano seguinte iniciaria o Curso Ginasial.

Várzea Alegre, todavia, foi e será o meu berço amado, nada me fará esquecer toda sua beleza natural e esplendorosa vivência em torno do que se criou com o dia a dia.
A "AMPLIFICADORA A VOZ DE VÁRZEA ALEGRE” era o que havia de mais bonito, útil e saudável na cidade
em termos de entretenimento  e alegria.  

A juventude ansiava pela hora em que se iniciavam os seus trabalhos noturnos com a inesquecível valsa “BRANCA’,  que indicava a abertura de sua programação musical, anúncios de ocorrências natalícias e outros tantos acontecimentos sociais. As duas pracinhas existentes, a saber  - praça velha e  praça nova -recebiam em massa a mocidade  que  rodeava   em doce desfile  de beleza e  ansiedade em seus corações, ao ouvir as músicas tocadas na amplificadora sob  a direção  eficiente e alegre de Walquírio, sempre alegre e criador como costumava ser.

Eram músicas de alto gabarito e bom gosto, adquiridas a dedo por HAMILTON CORREIA em Fortaleza,
aquelas  que se destacavam nas paradas de sucesso, obras de compositores de valor e interpretadas igualmente por cantores em destaque.

Entre  tantas melodias inesquecíveis lembremos de “TARDE FRIA’ que ainda me dá um frio no coração, só em pensar, “A PÉROLA E O RUBI” que de fato era uma pérola, “MARIA BETHÂNIA”, “PECADO  ORIGINAL, ”ROSA”, “SONHEI QUE TU ESTAVAS TÃO LINDA”.  
Bom, é Impossível Esquecer.
Vamos ficar por aqui para não dar vez às lágrimas que já me tocam o coração velho sofrido de tantas recordações.

João Bitu

Um comentário:

  1. O poeta João Bitu, é que podemos chamar de memorialista. O texto acima fala por ele.

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