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quarta-feira, 23 de abril de 2014

ZÉ LIMEIRA EM VÁRZEA ALEGRE - Por Mundim do Vale.



ZÉ  LIMEIRA  CANTANDO  EM  VÁRZEA  ALEGRE.

Andando pelo sertão
Em Várzea Alegre cheguei
E por lá eu encontrei
O bandido Lampião.
Ele veio num avião
Fabricado em Juazeiro,
Carregado de romeiro
Pra roubar Zé de Corina.
Quem evitou a chacina
Foi Expedito Pinheiro.

Encontrei Luís Justino
Na bodega de Alberto
Que foi o lugar mais certo
De encontrar Zé Clementino.
Ele cantava seu hino
E eu cantava quadrão,
Quando apareceu Brandão
Tocando num bandolim
E foi dizendo assim:
- Vocês dois cantem um mourão!

O  MOURÃO.

Limeira:
Dois Zé cantando mourão
Na cidade da alegria.

Clementino:
Eu canto na devoção
E você na baixaria.
  
Limeira:
Você canta só besteira
Aprenda com Zé Limeira
A cantar pilogamia.

Clementino;
Eu tou vendo que hoje em dia
Tem um poeta abestado.

Limeira:
Limão, lima e Limeira
O campeão do machado.

Clementino:
Limão que o bicho deu
Lima que apodreceu
E Limeira derrotado.

Limeira:
Viva o peixe desovado
Viva o arrancador de dente.

Clementino:
O cantador de Teixeira
Tá perdido em seu repente.

Limeira:
Viva o pé de cajarana
Viva a touceira de cana
Viva o alto do tenente.

Clementino:
Não vejo na minha frente
Um cantador de respeito.
  
Limeira:
Cantador que canta ruim
Acha nos outros defeito.

Clementino:
Não sou cantador gabola
Mas essa sua viola
Precisa de outro peito.


MOURÃO  PERGUNTADO
    Limeira x Clementino

L- Quem compôs pra Gonzagão?
C- Eu e Humberto Teixeira!
L- Quem foi Raimundo Teixeira?
C- Amigo do coração!
L- Quem manda no Calçadão?
C- É Alberto e São Raimundo!
L- Onde fica o fim do mundo?
C- Fica do meio pra diante!
L- Onde é que fica a Vazante?
C- Perto do Riacho Fundo!

C- Quem foi que lhe deu a vida?
L- Foi Chico de Amadeu!
C- E como o fato se deu?
L- Foi coisa da nossa vida!
C- Onde fica Aparecida?
L- Pra lá do sítio Inharé!
C- O que fez o rei Pelé?
L- Matou preá na ribeira!
C- Quem foi a mulher rendeira?
L- Namorada de Bié!




DESPEDIDA  DE  LIMEIRA

Várzea Alegre é muito boa
Mas eu não ganhei dinheiro,
Cantei com Sávio Pinheiro
Num espaço da lagoa.
A disputa foi à toa
Que a plateia tava lisa,
Chegou Carlos de Belisa
Botou um real no prato
Eu lhe respondi no ato:
- Fique que você precisa.

Violeiro também come
É um direito segurado,
Mas no Vale do Machado
Eu quase passava fome.
Várzea Alegre tem o nome
De cidade da alegria,
Mas na minha cantoria
Não tive nenhum prazer.
E eu só tenho a dizer
Adeus até outro dia.

Mundim do vale.

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