VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Maria Firmino, uma mártir

Em 1920, chegavam a Várzea-Alegre, vindos de Alagoas, Clementino Romeiro, Antonia e os três filhos, Severino, Maria e Madalena. Trabalhavam na construção de uma barragem que seria, naquela época, o açude Olho Dagua.

A família passou a residir no sitio Inharé, precisamente, onde hoje fica a casa de José Bitu e dona Biluca. Nesse período, eram moradores dos Fiusas do Chico, sendo que plantavam também nas terras de Manuel Leando Bezerra, no alto da serra da Charneca. Maria, uma das três filhas de Clementino e Antonia, era uma mulher simples. Casou com Bil, migrante da região do Iguatu, em 05 de Novembro de 1922, na igreja matriz de São Raimundo.

Nesta mesma data, se casaram 24 casais que moravam na ribeira do Riacho do Machado. Os casamentos foram oficiados pelo padre José Alves de Lima, vigário de Lavras da Mangabeira. Depois de casados, Maria e Bil continuaram morando no sitio Inharé, onde já residiam os pais de Maria. Da união de Maria e Bil nasceram dois filhos: Necilia e José. Quando Maria estava na sua terceira gravidez, houve um desentendimento entre ela e o marido. O motivo da contenda foi a fato da irmã de Maria, chamada Madalena, que aparentemente tinha problemas de visão, manter um caso amoroso com o Bil.
Conta-se que o Bil pretendia fugir com Maria e deixar toda confusão para trás, entretanto, Maria, magoada por causa da traição, recusou a posposta do marido, preferindo morar na casa de seus pais. Com o orgulho ferido por causa do desprezo da mulher, Bil, passou a arquitetar a morte de Maria. Sabendo que Maria levava a comida dos trabalhadores da roça de seu pai, Bil, resolveu surpreendê-la, numa emboscada na beira da estrada.

E assim em 11 de Março de 1926, por volta das 10 horas da manha, quando Maria se dirigia com duas companheiras a caminho da roça do pai, levando a comida dos trabalhadores, Bil apareceu de repente, armado de faca, as companheiras fugiram e Bil, então passou a esfaquear a esposa até a morte. Foram três golpes fatais. Bil fugiu e nunca mais foi encontrado. Maria foi enterrada no cemitério da Saudade em Várzea-Alegre, mas ninguém sabe informar qual é o seu túmulo. Também não se sabe se o crime foi investigado pela policia.

Esse crime revoltou toda Várzea-Alegre, causando grande comoção. As pessoas passaram à visita o local do crime e rezar pela alma de Maria. Seu pai Clementino, pôs uma cruz no local exato em que sua filha foi assassinada. As pessoas passaram a visitar o local para pagar promessas e agradecer graças alcançadas, segundo elas, com a intercessão de Maria. No dia 20 de Janeiro de 1957, 31 anos depois da morte de Maria, foi construída uma capela no local do crime, quem mandou construir a capela foi José Alves de Oliveira. O vigário da época Padre Jose Otavio de Andrade benzeu a capela e celebrou uma missa na intenção da falecida.

São incontáveis os números de doentes que vão até a capela agradecer a cura conseguida através da intercessão de Maria. Porém, quem mais visita a capela são as mulheres sofredoras que vêem em Maria uma protetora das aflitas e desesperadas.

(am)