VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

JOÃO DO SAPO, O AUTENTICO SERTANEJO.


João Alves de Menezes, João do Sapo, um sertanejo autentico. Da roça e do gado. De mãos fortes e calejadas da labuta diária. João do Sapo foi o maior empreendedor de sua época, em Várzea-Alegre. Já nas décadas de 30 e 40 quando não existiam estradas nem transportes mandava apanhar um casal de bovinos puro sangue zebu na Bahia para melhorar a genética do seu rebanho. Jacobina, chamava-se a vaca em homenagem à cidade baiana de origem e o touro foi batizado de Capucho, por ser branquinho tal qual um capucho de algodão. Conta-se que com o dinheiro da venda do primeiro bezerro, João do Sapo comprou 21 garrotes dos da região para espanto dos criadores do lugar.
Nasceu no dia 15 de Julho de 1893 e faleceu no dia 12 de maio de 1977. O seu lado serio fazia dele um pai, avô, esposo e amigo muito respeitado. Tinha também uma grande doze de humor em tudo que fazia. Certa vez foi procurado por uns compradores de garrotes da Paraíba com boa oferta para a compra de seus animais. Rejeitou a principio e, os paraibanos insistiram com a negociação. Ele confessou que não podia vender porque o seu gado estava numa roça que tinha “tingui”, uma erva que mata o gado asfixiado quando esse é provocado a fazer qualquer movimento, a se alterar. Os paraibanos acrescentaram que tingui não era problema porque eles andavam com uma taboca, um bambu e que se a rês caísse colocavam no fundo da mesma e, o ar comprimido saía e, a rês ficava boa de imediato. 
João do Sapo disse: é meu amigo, por aqui é bem diferente: quando a rês cai, colocam a taboca é no fundo do dono! E não quis conversa, não arriscou ter prejuízo e não vendeu os garrotes.
A primeira parte da postagem foi pesquisada no Livro de Balbina Diniz, filha de João do Sapo, a segunda parte é de domínio publico, da convivência vivida pelos do Sanharol. Sem João Alves de Menezes e Dona Maria Soledade Batista de Menezes não haveria Sanharol. Foto do casal.

(am)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Pedro Gonçalves de Morais, Pedro Tenente


Trecho do livro de Pedro Tenente editado em 1933.

Antes de tudo o autor desse pequeno opusculo, sente a necessidade irresistivel de confessar seja:

”Chamam-no de Pedro Tenente, porém o seu verdadeiro nome com todos os ff e rr é Pedro Gonçalves de Morais contando atualmente 64 anos de idade, pois nascera aos 14 dias do mês de março de 1869, é casado, agricultor, e analfabeto, porém provém de uma linguagem boa e os seu pais foram ricaços, mas a seca de 1877 a 1879, levou de águas abaixo tudo de bens e haveres que possuiam”.

”Voltando ao passado com o livro (Passado e Presente do autor Pedro Tenente) editado em 1933 editora Ramos e Pouchain - Fortaleza – Ceará”. Pedro Gonçalves de Morais, o Pedro Tenente, assim conhecido por ser filho do Tenente Antonio Gonçalves de Oliveira e Maria da Gloria de Morais, proprietários da fazenda onde hoje fica um dos bairros mais populosos de Várzea-Alegre – Alto do Tenente. Poucos conterrâneos sabem e conhecem a razão do nome Alto do Tenente. Pedro Tenente deve ter sido o primeiro autor varzealegrense a editar um livro sobre nossa cultura, nossa historia e nossa genealogia - datado de 1933. Portanto há quase 80 anos. Pena que não se tem noticias de alguem que possua este  valioso registro de nossa historia, o livro do Pedro Tenente.

(am)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Raimundo Alves de Menezes - Mundim do Sapo


Raimundo Alves de Menezes, Mundim do Sapo, foi uma personalidade prestimosa de nossa terra. Talvez ninguém de varzea-Alegre tenha sido tão solidário e humano. Mundim do Sapo era também o mais bem humorado dos Várzealegrenses. Apesar de possui muitos bens nunca se ligou à matéria. Numa determinada época residia em Crato e resolveu fazer uma visita ao filho José de Anchieta, em Fortaleza.
As filhas desaprovaram a idéia. Uninha dizia: papai o senhor não conhece Fortaleza e o taxista vai rodar o mundo e cobrar uma conta absurda. Clara repetia: o senhor deveria deixar para ir no inicio das aulas em Março quando eu for. Tudo girava em torno de uma possível exploração do taxista. Mundim do Sapo não quis conversa, foi à viagem. Chegou a Fortaleza, desceu do ônibus na Rodoviária procurou o táxi mais luxuoso, o mais bem cuidado, um opala de Luxo, que brilhava por fora qual um espelho e por dentro nem se fala. Entregou o endereço e rápido estava no destino. Pagou a conta e pediu recibo para comprovar a despesa.
De volta, as filhas perguntaram saber: quanto o senhor pagou do táxi? Sete reais, respondeu Mundim. Não pode, disse Clara, eu que conheço o trajeto paguei 20 reais na ultima viagem que fiz! Aqui está o recibo! Como foi possivel? Perguntou Clara: Minha filha, eu entreguei o endereço ao taxista e avisei: vá ligeiro que eu estou com uma diarréia lascada, se você demorar eu vou cagar o seu carro todo. Daí por diante ficou por conta dele, não respeitou sinal, contra mão, nada. Esta foto é de 1936, ano que se casou a primeira vez com Ana Brito Bitu de Menezes.

(am)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

JOAQUIM CORREIA FERREIRA, o jornalista maior


Nascido aos 21 de novembro de 1.912, em Várzea-Alegre, quase metade de sua existencia foi vivida em Londres, 29 anos, onde, de par com outras atividades, exerceu as funções de comentarista da British Broadeasting Corporation - B.B.C - desde os incertos e inquietos dias da Segunda Grande Guerra Mundial. 

Foi sua primeira professora a simpática Dona Adelaide - que ele sempre lembrou com carinho e, por muitos anos, residiu em Juazeiro do Norte. Aos onze anos incompletos, entrou para o Instituto São Luiz, em Fortaleza, cuja direção era exercida pelo seu cunhado, grande amigo e mecenas, o Dr. Francisco de Menezes Pimentel Junior.

Foi no São Luiz, no Gremio Literario Padre Tabosa, que se revelaram seus acentuados pendores para a imprensa e oratória. Orador certo de todas sessões, sua colaboração não faltava a cada número de "O Estimuno", o jornalzinho do Grêmio. Fez o primário e seriado, terminando este último em 1.930 no Liceu do ceará. A Revolução de 30 deu-lhe, acidentalmente, o primeiro episódio meio cômico de orador politico. A turba que passava pela rua, da janela do primeiro andar do velho Café Poty dirigiu uma saudação inflamada, simplesmente enrolado em um lençol. Magro e assim vestido, era a figura de Gandhi!

A Fernandes Tavora, um dos chefes da revolução, muito imprecionou o ardor do tribuno, chegando a lhe oferecer posição de relevo na revolução triunfante. 

Tinha, então, 18 anos em ebulição, inteligência e memória maravilhosa, devorando de um só fôlego quantos livros lhe caíssem as mãos.

Perdeu varias grandes oportunidades para não perder a cidadania brasileira, de que muito se orgulhava. Por igual, nem o clima, nem outro fator qualquer lhe roubou o sotaque  nordestino, de autentico cearense. Ouvindo-o, qualquer um diria que ele nunca saira de Varzea-Alegre. De par com a lealdade que punha nos seus atos, era essa a mais clara expressão de sua alta personalidade.

Em abirl de 1.948, uniu-se, em Londres, com a senhorita Leda Pitanga Callado, irmã do romancista e escritor Antônio Callado.

Faleceu no dia 04 de Outubro de 1971 em Olinda - Pe. Seus restos mortais foram transladados para Varzea-Alegre e estão sepultados no masoleo da familia no Cemiterio da Saudade. 

(am)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Terra dos Contrastes - Memória Varzealegrense


E por falar em contrastes, nossa terra não tem o que reclamar, se não bastassem os relacionados pelo imortal José Clementino do Nascimento, aqui e acolá, surgem aos montes. Eloi Teles de Morais, jornalista, radialista, e doutor em direito, nascido em Varzea-Alegre no sitio Baraúnas,quando estava concluindo o curso, precisou fazer um estagio em Júri Popular. Tomou conhecimento que em Várzea-Alegre estava acontecendo uma serie de jurados. Conseguiu agendar o ultimo deles. O Juiz titular da comarca era o meretissimo Dr. Mauricio de Abreu Tranca, conhecido popularmente pela alcunha de Doutor Tranca. Quando o Dr. Eloi chegou na terrinha tomou conhecimento do resultado dos 12 jures anteriores, todos os réus tinham sido absolvidos. Veio então a preocupação: será que o único a ser condenado vai ser o que vou fazer a defesa? Eloi foi feliz na argumentação e convenceu os jurados da inocência do réu. Terminada a reunião Eloi tomou uma folha de papel escreveu uma poesia e deixou na mesa do Juiz:

Várzea-Alegre, terra do contraste.
Na justiça também.
O Juiz é Doutor Tranca
Porém, não tranca ninguém




Contrastes de Várzea Alegre - Luíz Gonzaga

Mas diga moço de onde você é?
Eu sou da terra que de Mastruz se faz café

Meu amigo eu sou da terra
De Zé Felipe afamado,
Onde o bode era marchante
E Jesus foi intimado.
Sou da terra do arroz do sabido acabrunhado,
Do calango carcereiro.
Meu amigo eu sou da terra
Que o peru foi delegado.

Meu amigo eu sou da terra
Onde o sobrado é nos oitão
Houve três anos de guerra
Não morreu um só cristão
Onde o eleitor amigo pra votar não faz questão
Elegeram pra prefeito 
Numa só semana
Quatro nobres cidadãos

Meu amigo em minha terra
Já pegou fogo no gelo
Apagaram com carbureto
Foi o maior desmantelo
São Brás lá é São Raimundo
Se festeja com muito zelo
O prefeito completava idade
Era de quatro em quatro anos
E nunca penteou o cabelo

Meu amigo eu sou da terra
Que o padre era casado
Enviuvou duas vezes
E depois foi ordenado
Ainda hoje reza missa
Os filhos já estão criados
O juiz era uma mulher
Meu amigo eu sou da terra
Que o cruzeiro é isolado 

Mas diga moço de onde você é?
Eu sou da terra que de Mastruz se faz café

(AM)