VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

sábado, 31 de dezembro de 2011

JOSE DE ADALIO, ZÉ GATINHA

Zé Gatinha, cujo nome José Adálio, uma figura admirada e ao mesmo tempo odiada pelas travessuras que praticara em Várzea-Alegre,no pouco tempo que conviveu com a nossa gente. Na década de 60 com a explosão da Jovem Guarda, os rádios e amplificadoras tocavam as músicas dos ìdolos Roberto Carlos e sua turma que apaixonaram muitos jovens naquela época. Em Varzea-Alegre naquele tempo tinha como costumes, o encontro dos brotos na praça central todas as noites. Passeavam em torno da praça os homens e as mulheres em sentido contrários. Ali os brotos flertavam ouvindo as músicas apaixonadas do iê...iê...iê. Paixões incendiavam muitos corações. Noites acordadas sofreram muitos apaixonados. Quando ia se aproximando o final das férias estudantis, a saudade batia com mais força e dor nos corações daqueles jovens. Prenúncio de que alguém ia partir deixando a sua paixão naquele torrão amado. Aí entra a estória de Zé Gatinha. O seu pai Manoel Totô, possuia um ônibus que fazia a linha Varzea-Alegre ao Crato, e a figura Zé Gatinha era ajudante do ônibus. Todas as segundas-feiras o ônibus saía de V.Alegre de uma agência localizada em frente a prefeitura municipal. Era uma multidão de pessoas querendo mandar encomendas pra familiares em Crato. Mas o que chamava mais a atenção era a quantidade de jovens entregando cartas ao Zé Gatinha para serem entregues aos amores que estavam distantes. O ônibus partia com inúmeras cartas nas mãos do Zé Adálio, nisso quando chegava na Serra de São Pedro em que o transporte começava a subir a ladeira vagarosamente, o ajudante subia ao bagageiro e começava a ler as cartas dos apaixonados e logo após as rasgava. Certo dia, ao se encontrar com um dos apaixonados, foi chamado à atençao que não tivera recebido a resposta da carta de sua amada, de imediato, ele disse que ela tinha sabido que ele tinha arranjado outra garota e que o namoro estava terminado

(am)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Emidio da Charneca


Quem conhece a parte territorial do município de Várzea-Alegre deve estranhar porque aquela ribeira iniciada no sitio Gamelas, passando pelo Capão, Amaro, Charneca, Unha de Gato e parte do Riacho do Meio, apenas a Charneca, a parte ao centro não pertence ao nosso município e sim a Carius. Fontes serias asseguram que nas décadas de 40 e 50 um cidadão conhecido por Emidio, agricultor e analfabeto, de uma hora para outra virou doutor. Em breve os caminhos e as veredas que levavam ao lugar estavam cheias de pessoas achegando-se ao local para se receitar. Por conhecimento ou adivinhando filas eram atendidas, Emidio fez fama e clientes é o que não lhe faltava. Pessoas das mais distantes localidades e de outros municípios acorriam em seu socorro e o homem receitava remédios que eram encontrados em quaisquer farmácias e de efeito positivo.

Várzea-Alegre sempre foi uma cidade adiante das demais circunvizinhas, e, nesta época já tinha medico, e, dizem, não sei se verdade, que este vivia na cola de um erro qualquer do Emídio para denunciá-lo e proibi-lo da pratica que já era um habito. Para fugir destas perseguições e das autoridades locais, Emidio se valeu do então Deputado Mário da Silva Leal que por meio de um decreto desmembrou aquela área do município para fugir as possíveis penalidades impostas ao Emidio. Assim a Charneca deixou de pertencer a Várzea-Alegre e se integrou ao município de Carius. Há quem diga que Várzea-Alegre não perdeu nada.

(am)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Agora vá enredar ao Padre Mota


Silvio Piau foi escalado para botar as vacas no curral naquela tarde. Logo em Agosto, festa de São Raimundo. Silvio foi achando ruim como diabo, mas foi. Juntou as vacas no curral, contou e sentiu falta de uma, a mais leiteira de todas. Voltou à procura. Em vão, nada de encontrar. De duas uma, ou procurava a vaca e perdia o horário da novena ou ia pra novena e no outro dia o leite não dava para atender a freguesia. Optou por ficar e procurar a vaca. Finalmente, já ao anoitecer localizou a fujona e botou no curral. Pra se vingar apanhou uma corda no armazém, laçou a vaca e estorvou no mourão. Apanhou uma vara na cerca e só deixou de bater quando já estava saindo sangue pelos chifres, olhos, orelhas e nariz. Em seguida soltou a vaca, deu marcha na direção da porteira, olhou pra trás e disse: Agora vá enredar ao padre Mota.

(am)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

PEDRO ALVES DE MORAIS, PEDRO PIAU.


Nascido em Várzea-Alegre, no dia 12 de julho de 1918, filho de José Joaquim Vieira e Maria Alves de Morais, Pedro Alves de Morais, Pedro Piau foi notavel na habilidade de fazer amizades e pela capacidade de conservá-las. Pedro Piau era uma memória viva de nossa terra. Entre suas principais obras está “Sete Gerações de Papai Raimundo”, em parceria com Acelino Leandro, onde descreveu as descendências de Raimundo Duarte Bezerra, Papai Raimundo. 
Destacou-se também pelos serviços prestados ao Segundo Cartório que tinha como titular Ana Ferreira. Pedro Piau se notabilizou pela valorização que fazia dos laços de família, qualidade esta que transferiu para os seus filhos. Assim foi o Pedro para os seus amigos.

Pedro casou em primeiras núpcias em 1944 com dona Iracy Bezerra de Morais. De Dona Iracy, a grande maioria dos varzealegrenses é eterna devedores de seus ensinamentos e encaminhamentos para a vida por meio da educação. Desse casamento nasceram os filhos: Raimundo, João, Rita Maria, Geralda, Ozanan, Joaquim, Paulo, Paula, Marco Antonio e Ricardo César.
Em 1974, faleceu dona Iracy e, 14 anos depois, em 1988 Pedro se casou novamente com Maria do Socorro Lima.  Faleceu no dia 26 de Março de 2012, em Fortaleza.Seus restos mortais foram transladados para Varzea-Alegre onde foram sepultados  no masoleo da famila - no Cemiterio da Saudade.

(am)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Reedificação da Igreja de São Raimundo Nonato


A célebre "Campanha do Algodão" (1977), traduziu-se numa grande mobilização popular, por meio da qual agricultores doavam arrobas de algodão com o propósito de se angariar fundos para a reconstrução da Igreja Matriz de São Raimundo Nonato, que naquele ano fora parcialmente destruída em razão das chuvas torrenciais registradas em Várzea Alegre

(am)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

JOSÉ BIZERRA DE BRITO - PROFESSOR ZUZA BIZERRA.

No dia 25.11.1869, Vicente Alves Bezerra, filho de José Raimundo Duarte e Maria Anacleta de Menezes, do sitio Sanharol em Várzea-Alegre se casou com Isabel Pereira de Menezes, filha do Major Eufrasio Alves de Brito do sitio Malhada em Crato. 

O casamento se deu na residência do Major Eufrasio Alves de Brito, na Malhada, e foi oficiado pelo pároco Manuel Joaquim Aires do Nascimento - Livro 7 folhas 39. Vicente e Isabel foram os pais de José Bizerra de Brito, professor Zuza Bizerra, uma das maiores glorias de nossa terra.

Um extremado defensor da educação, conselheiro de alma pura e emanada da divindade, cidadão prestimoso cuja campa regamos com as lágrimas da gratidão e da saudade. Ninguém da nossa família jamais tomou decisão qualquer sem antes ouvi-lo. Zuza Bizerra é nome do Colégio da Ponta da Serra distrito de Crato.

(am)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

OS DOIS FRANCISCOS.


Casaca de couro é uma ave que encontra no arroz com casca o seu alimento predileto. Esta historia só poderia acontecer em Varzea-Alegre. Os personagens foram dois grandes amigos e, por essa razão faço o relato da ocorrência. Francisco Siebra Lima, Chico de Amadeu, afamado acordeonista, arrendou uma parte de terra no sitio São Cosme de propriedade de Francisco das Chagas Bezerra, Chico Piau com a finalidade de fazer uma lavoura de arroz. O inverno foi muito ruim e o resultado insatisfatório. De tal modo, que o Chico de Amadeu não pagou a renda combinada. O Chico Piau, muito cordato e amigo, não fez a menor questão, porém, o Chico de Amadeu ficou encabulado e sempre que podia, evitava se encontrar com o amigo, desviava o caminho sempre que podia. Um belo dia, Chico de Amadeu tocava uma festa no Creva-Clube Recreativo de Várzea-Alegre e o Chico Piau se aproximou. Jeitão manhoso, calmo, paciente com um copo de bebida na mão mexendo os cubos de gelo com os dedos. 

Chico de Amadeu não teve como evitar o encontro e perguntou: Chico Piau o que você quer que eu toque? Chico Piau respondeu no ato: toque “xô casaca de couro”

(am)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Padre Jose Pontes Pereira - Primeiro Capelão de Varzea-Alegre


Em Novembro de 1788, casa-se Raimundo Duarte Bezerra (Papai Raimundo) com Tereza Maria de Jesus, vindo desse consórcio matrimonial a procriação dos filhos de Várzea Alegre. Tereza Maria de Jesus tinha uma inabalável fé e devoção a são Raimundo Nonato, cuja imagem em pequeno vulto possuía em sua casa num quarto de orações que mandara construir. Nas conversas que mantinha com os de sua família, manifestava sempre o desejo de construir uma capela dedicada a são Raimundo Nonato: “Tenho fé em Deus e em São Raimundo Nonato que ainda edifico nesta terra uma capela, mesmo que pequena, em sua honra”.
Tereza Maria de Jesus não teve a alegria de ver esse seu tão nobre e aspirado desejo realizado, uma vez que, em setembro de 1823, na ocasião em que nascia o seu primeiro netinho, ela, tomando em suas mãos a criança, erguia em tom de agradecimento um caloroso e entusiástico “Viva são Raimundo”, tombando sem vida logo depois. Tereza Maria de Jesus morre repentinamente sem ver o seu sonho concretizado. No entanto, sua família não esqueceria o desejo por ela ardentemente nutrido e confiante ficou a espera de um dia promissor.
Vinte e nove anos depois, em 1852, ordenava-se o Padre José de Pontes Pereira, da família Onofre e Pontes de Assaré, e natural daquele Lugar. Estando o Pe. Pontes desocupado, sem ter uma paróquia para curar e, portanto, para desempenhar o ministério sacerdotal do qual acabara de ser investido, aparecendo na cidade de Assaré o Major Joaquim Alves Bezerra, de Várzea Alegre, fez com ele um contrato para celebrar em Várzea Alegre as missas de Natal, Ano Novo e Reis, sendo que havia ali aquele quarto de orações que muito bem se prestaria a esse fim.
Decorrido esse período o Pe. Pontes, após celebrar a ultima missa do contrato, muito satisfeito e imensamente agradado do lugar e mais ainda do povo de comportamento exemplar e fé sincera, embora que sem cultivo, fez ver ao mesmo povo que se prometesse fazer para si uma casa de morada, e edificar também uma capela para são Raimundo Nonato, vinha ser o seu capelão.
De boa vontade o povo acolheu esse altruístico gesto do ilustre levita, uma vez que para ter mão desse fim, ao qual muito se aspirava, não havia sacrifícios a enfrentar, por mais intransponíveis que fossem.
Os Homens influentes da localidade mandaram logo ao Bispo Diocesano de Pernambuco a petição da licença para a construção da capela, visto que no Ceará ainda não existia bispado. O Sr. Bispo respondeu que a licença só seria dada caso o terreno onde a capela seria edificada fosse doado ao Santo. Três filhos de Raimundo Duarte Bezerra (papai Raimundo), e um genro deste, deram então por escritura pública, duzentas “braças” de terra, sendo que a medição desta se faria de duzentas braças de cada canto da capela.
Logo que concedida a licença, se fizeram iniciar os serviços (1854), sendo depois suspensos por causa dos oficiais da obra que não estavam se empenhando. Em 1855, porém, reiniciaram-se os trabalhos com muita intensidade e maior entusiasmo, ficando concluída a capela no ano seguinte, quando com cerimônia ao estilo foi abençoada. O ato solene de benção e inauguração da capela ocorreu no dia 2 de fevereiro de 1856, sendo a cerimônia oficiada pelo Pe.Manoel Caetano, então coadjutor do Icó.
Como prometera, o Pe. Pontes veio para Várzea Alegre e ali permaneceu, na qualidade de capelão, até 11 de maio de 1859, quando vítima do cólera morbus veio a falecer. Conta-se que naquela época todo o interior fora acometido por esse mal, e durante a santa missa, no momento da elevação, o Pe. Pontes oferece sua vida em Holocausto: “Fazei de mim, Senhor, a última vítima ,nesta terra, deste terrível mal e poupai esta humilde e sofrida gente”. Segundo o que é atestado, O Pe. Pontes foi praticamente a última vítima do cólera a morrer em Várzea Alegre, sendo que poucas horas depois dele, morreu apenas uma menina de nome Bárbara, que já se encontrava em fase terminal. Os restos mortais do Pe.Pontes jazem em Várzea Alegre no local onde encontra-se erigida a capela de Santo Antonio, à entrada da cidade.
Viveu pois plenamente o seu sacerdócio e pastoreio ,uma vez que a exemplo do Cristo que faz sua a vida da humanidade e por ela dá a sua , igualmente Padre pontes, configurado a cristo pelo sacerdócio, fez sua a vida daquela humilde gente desde o momento que mostrando-se não ávido de pretensões carreiristas, ofereceu as primícias do seu ministério sacerdotal aos trabalhos, não menos nobres, de uma capelania numa pequena vila no interior do Ceará. Isigne foi o coroamento do seu breve sacerdócio, onde une o sacrifício da sua vida ao sacrifício redentor de Cristo. A vida do Pe. Pontes encontra na ara o seu clímax. Vida e morte pelo povo e para Deus: Fidelitas Christi, fidelitas sacerdotis. Como colaborador fiel de Cristo, a ele se aplicam as palavras do evangelho de João: “Bonus Pastor animam suam dat pro ovibus suis”.
Sempre será oportuno lembrar que o Pe. Pontes durante aquele pequeno lapso de tempo que permaneceu em Várzea Alegre, fez tudo pelo seu progresso deixando aquela capelania em condições tão favoráveis e promissoras que, sem sacrifício algum, foi em 30 de novembro de 1863 criada a paróquia de Várzea Alegre, por decreto de sua Exa. Revma. Dom Luiz Antônio dos Santos, sob a invocação de São Raimundo Nonato e guarda pastoral do Pe. Benedito de Sousa Rêgo.


(am)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

JOÃO DO SAPO, O AUTENTICO SERTANEJO.


João Alves de Menezes, João do Sapo, um sertanejo autentico. Da roça e do gado. De mãos fortes e calejadas da labuta diária. João do Sapo foi o maior empreendedor de sua época, em Várzea-Alegre. Já nas décadas de 30 e 40 quando não existiam estradas nem transportes mandava apanhar um casal de bovinos puro sangue zebu na Bahia para melhorar a genética do seu rebanho. Jacobina, chamava-se a vaca em homenagem à cidade baiana de origem e o touro foi batizado de Capucho, por ser branquinho tal qual um capucho de algodão. Conta-se que com o dinheiro da venda do primeiro bezerro, João do Sapo comprou 21 garrotes dos da região para espanto dos criadores do lugar.
Nasceu no dia 15 de Julho de 1893 e faleceu no dia 12 de maio de 1977. O seu lado serio fazia dele um pai, avô, esposo e amigo muito respeitado. Tinha também uma grande doze de humor em tudo que fazia. Certa vez foi procurado por uns compradores de garrotes da Paraíba com boa oferta para a compra de seus animais. Rejeitou a principio e, os paraibanos insistiram com a negociação. Ele confessou que não podia vender porque o seu gado estava numa roça que tinha “tingui”, uma erva que mata o gado asfixiado quando esse é provocado a fazer qualquer movimento, a se alterar. Os paraibanos acrescentaram que tingui não era problema porque eles andavam com uma taboca, um bambu e que se a rês caísse colocavam no fundo da mesma e, o ar comprimido saía e, a rês ficava boa de imediato. 
João do Sapo disse: é meu amigo, por aqui é bem diferente: quando a rês cai, colocam a taboca é no fundo do dono! E não quis conversa, não arriscou ter prejuízo e não vendeu os garrotes.
A primeira parte da postagem foi pesquisada no Livro de Balbina Diniz, filha de João do Sapo, a segunda parte é de domínio publico, da convivência vivida pelos do Sanharol. Sem João Alves de Menezes e Dona Maria Soledade Batista de Menezes não haveria Sanharol. Foto do casal.

(am)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Pedro Gonçalves de Morais, Pedro Tenente


Trecho do livro de Pedro Tenente editado em 1933.

Antes de tudo o autor desse pequeno opusculo, sente a necessidade irresistivel de confessar seja:

”Chamam-no de Pedro Tenente, porém o seu verdadeiro nome com todos os ff e rr é Pedro Gonçalves de Morais contando atualmente 64 anos de idade, pois nascera aos 14 dias do mês de março de 1869, é casado, agricultor, e analfabeto, porém provém de uma linguagem boa e os seu pais foram ricaços, mas a seca de 1877 a 1879, levou de águas abaixo tudo de bens e haveres que possuiam”.

”Voltando ao passado com o livro (Passado e Presente do autor Pedro Tenente) editado em 1933 editora Ramos e Pouchain - Fortaleza – Ceará”. Pedro Gonçalves de Morais, o Pedro Tenente, assim conhecido por ser filho do Tenente Antonio Gonçalves de Oliveira e Maria da Gloria de Morais, proprietários da fazenda onde hoje fica um dos bairros mais populosos de Várzea-Alegre – Alto do Tenente. Poucos conterrâneos sabem e conhecem a razão do nome Alto do Tenente. Pedro Tenente deve ter sido o primeiro autor varzealegrense a editar um livro sobre nossa cultura, nossa historia e nossa genealogia - datado de 1933. Portanto há quase 80 anos. Pena que não se tem noticias de alguem que possua este  valioso registro de nossa historia, o livro do Pedro Tenente.

(am)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Raimundo Alves de Menezes - Mundim do Sapo


Raimundo Alves de Menezes, Mundim do Sapo, foi uma personalidade prestimosa de nossa terra. Talvez ninguém de varzea-Alegre tenha sido tão solidário e humano. Mundim do Sapo era também o mais bem humorado dos Várzealegrenses. Apesar de possui muitos bens nunca se ligou à matéria. Numa determinada época residia em Crato e resolveu fazer uma visita ao filho José de Anchieta, em Fortaleza.
As filhas desaprovaram a idéia. Uninha dizia: papai o senhor não conhece Fortaleza e o taxista vai rodar o mundo e cobrar uma conta absurda. Clara repetia: o senhor deveria deixar para ir no inicio das aulas em Março quando eu for. Tudo girava em torno de uma possível exploração do taxista. Mundim do Sapo não quis conversa, foi à viagem. Chegou a Fortaleza, desceu do ônibus na Rodoviária procurou o táxi mais luxuoso, o mais bem cuidado, um opala de Luxo, que brilhava por fora qual um espelho e por dentro nem se fala. Entregou o endereço e rápido estava no destino. Pagou a conta e pediu recibo para comprovar a despesa.
De volta, as filhas perguntaram saber: quanto o senhor pagou do táxi? Sete reais, respondeu Mundim. Não pode, disse Clara, eu que conheço o trajeto paguei 20 reais na ultima viagem que fiz! Aqui está o recibo! Como foi possivel? Perguntou Clara: Minha filha, eu entreguei o endereço ao taxista e avisei: vá ligeiro que eu estou com uma diarréia lascada, se você demorar eu vou cagar o seu carro todo. Daí por diante ficou por conta dele, não respeitou sinal, contra mão, nada. Esta foto é de 1936, ano que se casou a primeira vez com Ana Brito Bitu de Menezes.

(am)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

JOAQUIM CORREIA FERREIRA, o jornalista maior


Nascido aos 21 de novembro de 1.912, em Várzea-Alegre, quase metade de sua existencia foi vivida em Londres, 29 anos, onde, de par com outras atividades, exerceu as funções de comentarista da British Broadeasting Corporation - B.B.C - desde os incertos e inquietos dias da Segunda Grande Guerra Mundial. 

Foi sua primeira professora a simpática Dona Adelaide - que ele sempre lembrou com carinho e, por muitos anos, residiu em Juazeiro do Norte. Aos onze anos incompletos, entrou para o Instituto São Luiz, em Fortaleza, cuja direção era exercida pelo seu cunhado, grande amigo e mecenas, o Dr. Francisco de Menezes Pimentel Junior.

Foi no São Luiz, no Gremio Literario Padre Tabosa, que se revelaram seus acentuados pendores para a imprensa e oratória. Orador certo de todas sessões, sua colaboração não faltava a cada número de "O Estimuno", o jornalzinho do Grêmio. Fez o primário e seriado, terminando este último em 1.930 no Liceu do ceará. A Revolução de 30 deu-lhe, acidentalmente, o primeiro episódio meio cômico de orador politico. A turba que passava pela rua, da janela do primeiro andar do velho Café Poty dirigiu uma saudação inflamada, simplesmente enrolado em um lençol. Magro e assim vestido, era a figura de Gandhi!

A Fernandes Tavora, um dos chefes da revolução, muito imprecionou o ardor do tribuno, chegando a lhe oferecer posição de relevo na revolução triunfante. 

Tinha, então, 18 anos em ebulição, inteligência e memória maravilhosa, devorando de um só fôlego quantos livros lhe caíssem as mãos.

Perdeu varias grandes oportunidades para não perder a cidadania brasileira, de que muito se orgulhava. Por igual, nem o clima, nem outro fator qualquer lhe roubou o sotaque  nordestino, de autentico cearense. Ouvindo-o, qualquer um diria que ele nunca saira de Varzea-Alegre. De par com a lealdade que punha nos seus atos, era essa a mais clara expressão de sua alta personalidade.

Em abirl de 1.948, uniu-se, em Londres, com a senhorita Leda Pitanga Callado, irmã do romancista e escritor Antônio Callado.

Faleceu no dia 04 de Outubro de 1971 em Olinda - Pe. Seus restos mortais foram transladados para Varzea-Alegre e estão sepultados no masoleo da familia no Cemiterio da Saudade. 

(am)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Terra dos Contrastes - Memória Varzealegrense


E por falar em contrastes, nossa terra não tem o que reclamar, se não bastassem os relacionados pelo imortal José Clementino do Nascimento, aqui e acolá, surgem aos montes. Eloi Teles de Morais, jornalista, radialista, e doutor em direito, nascido em Varzea-Alegre no sitio Baraúnas,quando estava concluindo o curso, precisou fazer um estagio em Júri Popular. Tomou conhecimento que em Várzea-Alegre estava acontecendo uma serie de jurados. Conseguiu agendar o ultimo deles. O Juiz titular da comarca era o meretissimo Dr. Mauricio de Abreu Tranca, conhecido popularmente pela alcunha de Doutor Tranca. Quando o Dr. Eloi chegou na terrinha tomou conhecimento do resultado dos 12 jures anteriores, todos os réus tinham sido absolvidos. Veio então a preocupação: será que o único a ser condenado vai ser o que vou fazer a defesa? Eloi foi feliz na argumentação e convenceu os jurados da inocência do réu. Terminada a reunião Eloi tomou uma folha de papel escreveu uma poesia e deixou na mesa do Juiz:

Várzea-Alegre, terra do contraste.
Na justiça também.
O Juiz é Doutor Tranca
Porém, não tranca ninguém




Contrastes de Várzea Alegre - Luíz Gonzaga

Mas diga moço de onde você é?
Eu sou da terra que de Mastruz se faz café

Meu amigo eu sou da terra
De Zé Felipe afamado,
Onde o bode era marchante
E Jesus foi intimado.
Sou da terra do arroz do sabido acabrunhado,
Do calango carcereiro.
Meu amigo eu sou da terra
Que o peru foi delegado.

Meu amigo eu sou da terra
Onde o sobrado é nos oitão
Houve três anos de guerra
Não morreu um só cristão
Onde o eleitor amigo pra votar não faz questão
Elegeram pra prefeito 
Numa só semana
Quatro nobres cidadãos

Meu amigo em minha terra
Já pegou fogo no gelo
Apagaram com carbureto
Foi o maior desmantelo
São Brás lá é São Raimundo
Se festeja com muito zelo
O prefeito completava idade
Era de quatro em quatro anos
E nunca penteou o cabelo

Meu amigo eu sou da terra
Que o padre era casado
Enviuvou duas vezes
E depois foi ordenado
Ainda hoje reza missa
Os filhos já estão criados
O juiz era uma mulher
Meu amigo eu sou da terra
Que o cruzeiro é isolado 

Mas diga moço de onde você é?
Eu sou da terra que de Mastruz se faz café

(AM)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Dr. Leandro Correia - Memória Varzealegrense

Dr. Leandro Correia Lima, o primeiro Médico filho de Várzea Alegre


Dr. Leandro Correia Lima foi o primeiro medico filho de Varzea-Alegre. Formado na Bahia, na turma de 1915. Exerceu a clinica, em varias cidades por onde passou, com dedicação e dignidade extremas. 

Bom clinico geral e otimo obstetra, foi um dos mais ilustres filhos de varzea-Alegre pela vasta cultura e grandeza d'alma. A tudo isso aliava um pendor notavel para a pintura, sendo capaz de desenhar, com um simples lapis e um pedaço de papel vulgar, retratos perfeitos, no que era especializado. 

O segundo filho de Varzea-Alegre a receber o titulo de medico foi Dr. José Correia Ferreira, 21 anos mais tarde, em 1936.

(am)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

INFORMAÇÕES SOBRE A VENDA DO PATRIMONIO DE SÃO RAIMUNDO.


Povo de formação cristã e obediente à doutrina da Igreja Católica Apostolica Romana. Não há registros de discórdia entre igreja e paroquianos. Entre 1917 e 1920 aconteceram fatos que deixaram à população do município chocada e abalada. O suicídio do Padre José Gonçalves Pereira e a venda do patrimônio de São Raimundo Nonato pelo Padre José Alves de Lima. 

Em 1919 a Diocese do Crato, decidiu criar o Banco do Cariri S.A, a primeira instituição de credito da região. O Bispo aconselhou as paróquias a capitalizarem valores em ações nominais com direito a voto. O padre José Alves de Lima, vigário de Várzea-Alegre, decidiu vender o patrimônio de São Raimundo que contava entre outras coisas 400 braças quadradas de terras, na sede urbana, doadas desde a criação da paróquia pelo Major Joaquim Alves, sua esposa e outros. O Padre não encontrou apoio do poder político muito menos na população que revoltada protestou com veemência e fez surgir o primeiro foco de protestantes do município com as familias Aniceto e Camilo  do sitio Vacaria. 

O Padre não desistiu da idéia e vendeu o referido patrimônio ao Senhor Dirceu de Carvalho Pimpim. 

No sitio Varzinha, residia o Manuel Antonio de Sousa, o conhecido poeta Manuel Antonio, que protestou com um verso intitulado “A venda do Patrimônio de São Raimundo” uma obra prima que por muito tempo foi cantada e decantada por dezenas de homens nos adjuntos de apanha de arroz e nos maneiros paus da cultura popular já muito esquecida. São 20 estrofes bem rimadas, fundamentadas e razoadas em fatos que, hoje em dia, pouca gente conhece. Uma obra importante que serviu de protesto para todo aquele que não concordava com a venda do patrimônio do nosso santo podroeiro.

(am)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Maria Firmino, uma mártir

Em 1920, chegavam a Várzea-Alegre, vindos de Alagoas, Clementino Romeiro, Antonia e os três filhos, Severino, Maria e Madalena. Trabalhavam na construção de uma barragem que seria, naquela época, o açude Olho Dagua.

A família passou a residir no sitio Inharé, precisamente, onde hoje fica a casa de José Bitu e dona Biluca. Nesse período, eram moradores dos Fiusas do Chico, sendo que plantavam também nas terras de Manuel Leando Bezerra, no alto da serra da Charneca. Maria, uma das três filhas de Clementino e Antonia, era uma mulher simples. Casou com Bil, migrante da região do Iguatu, em 05 de Novembro de 1922, na igreja matriz de São Raimundo.

Nesta mesma data, se casaram 24 casais que moravam na ribeira do Riacho do Machado. Os casamentos foram oficiados pelo padre José Alves de Lima, vigário de Lavras da Mangabeira. Depois de casados, Maria e Bil continuaram morando no sitio Inharé, onde já residiam os pais de Maria. Da união de Maria e Bil nasceram dois filhos: Necilia e José. Quando Maria estava na sua terceira gravidez, houve um desentendimento entre ela e o marido. O motivo da contenda foi a fato da irmã de Maria, chamada Madalena, que aparentemente tinha problemas de visão, manter um caso amoroso com o Bil.
Conta-se que o Bil pretendia fugir com Maria e deixar toda confusão para trás, entretanto, Maria, magoada por causa da traição, recusou a posposta do marido, preferindo morar na casa de seus pais. Com o orgulho ferido por causa do desprezo da mulher, Bil, passou a arquitetar a morte de Maria. Sabendo que Maria levava a comida dos trabalhadores da roça de seu pai, Bil, resolveu surpreendê-la, numa emboscada na beira da estrada.

E assim em 11 de Março de 1926, por volta das 10 horas da manha, quando Maria se dirigia com duas companheiras a caminho da roça do pai, levando a comida dos trabalhadores, Bil apareceu de repente, armado de faca, as companheiras fugiram e Bil, então passou a esfaquear a esposa até a morte. Foram três golpes fatais. Bil fugiu e nunca mais foi encontrado. Maria foi enterrada no cemitério da Saudade em Várzea-Alegre, mas ninguém sabe informar qual é o seu túmulo. Também não se sabe se o crime foi investigado pela policia.

Esse crime revoltou toda Várzea-Alegre, causando grande comoção. As pessoas passaram à visita o local do crime e rezar pela alma de Maria. Seu pai Clementino, pôs uma cruz no local exato em que sua filha foi assassinada. As pessoas passaram a visitar o local para pagar promessas e agradecer graças alcançadas, segundo elas, com a intercessão de Maria. No dia 20 de Janeiro de 1957, 31 anos depois da morte de Maria, foi construída uma capela no local do crime, quem mandou construir a capela foi José Alves de Oliveira. O vigário da época Padre Jose Otavio de Andrade benzeu a capela e celebrou uma missa na intenção da falecida.

São incontáveis os números de doentes que vão até a capela agradecer a cura conseguida através da intercessão de Maria. Porém, quem mais visita a capela são as mulheres sofredoras que vêem em Maria uma protetora das aflitas e desesperadas.

(am)

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A PEQUENINA IMAGEM DE SÃO RAIMUNDO NONATO


Quem passou a informação que a imagem de São Raimundo Nonato que se encontra na Casa de Saúde do Dr. Pedro Sátiro foi um presente do Padre José Otávio de Andrade para Josefa Alves de Morais, está enganado, certamente não teve a oportunidade de conversar com Francisco Alves de Morais, Chico André, para saber que essa imagem de São Raimundo pertenceu a Maria Teresa de Jesus, esposa de Raimundo Duarte Bezerra, papai Raimundo, passando pelas mãos benfazejas e zelosas de seu filho José Raimundo Duarte, de sua neta Isabel de Morais Rego, e por fim, de sua bisneta Josefa Alves de Morais. 

Quando o Dr. Pedro Satiro iniciou construção da Casa de Saúde São Raimundo recebeu a visita de sua avó Josefa Alves de Morais, madrinha Zefa, que ao se aproximar disse: Pedro, eu não posso oferecer coisas materiais, mas aqui está São Raimundo Nonato para iluminar e abençoar tua obra e teu trabalho.

(am)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

UM ESTRATEGISTA DE PRIMEIRA LINHA.


Nos anos 60, José André era o administrador da equipe de Futebol do Sanharol. Seu Dario do distrito de São Paulino no município de Caririaçu, ousou desafiar o Sanharol para um jogo. No dia da partida José André foi informado que a equipe adversária havia contratado Nego Lino e Alexandre do Juazeiro, Chico Curto e Anduiar de Crato e Beato de Barbalha, e, que com aqueles craques, não havia a menor chance de uma vitória.

Jose André pensou, pensou e decidiu mesmo assim encontrar uma estratégia de enfrentar, de igual pra igual, o selecionado do Sao Paulino. Não podia quebrar o trato com seu amigo Dario.

Contratou o caminhão de Assis Jucá para levar a delegação, convidou Chico Jucá para animar a equipe, pois o Chico tocava um fino acordeon, nomeou Mundoca Jucá chefe da delegação que por sua vez indicou Vicente Jucá para ser o juiz do jogo.

Antes do jogo iniciar seu Mundoca deu uma volta pela beirada do campo, e, a partir de então toda platéia passou a torcer pelo Sanharol. Quando o jogo começou Vicente Jucá, o Juiz - expulsou Nego Lino, Alexandre, Chico Curto e Beato por desacato a autoridade. O Sanharol venceu a partida por 4 x 0, e, Bacabal ainda perdeu 3 penaltis, chutou pra fora de tão nervoso que estava com medo de levar uns cascudos do chefe da delegação. Um estrategista inusitado.

(am)