VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Prefeitos de Várzea Alegre - Memória Varzealegrense

07º – De 1934 a 1936 – Américo Barreira


NOME: Américo Barreira, nasceu em  11 de Fevereiro de 1914 e faleceu em 19 de Novembro de 1993. Natural de Baturité-Ceará, filho de Arcelino Sula Barreira e Idalba Barreira
ESTADO CIVIL: casado com Laís Ayres Barreira
CURSO PRIMÁRIO: Grupo Escolar de Maranguape - 1921 a 1923
Colégio São José - Guaramiranga - 1924 a 1925
Colégio Nogueira - 1926
CURSO SECUNDÁRIO: Instituto São Luiz - Fortaleza - 1927
Colégio Castelo Branco - 1928 a 1929
Instituto São Luiz - 1930 a 1932
CURSO SUPERIOR: Faculdade de Direito do Ceará - 1933 a 1937
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO: Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas.

AMÉRICO BARREIRA - Municipalista, figura singular, que ocupa espaço da maior relevância na cena político -cultural nacional e com projeção internacional, desde sua juventude foi participante de primeira hora nas grandes ações políticas e sociais que sacudiram o País. Participou de atividades em Grêmio Estudantil (1931-1932), presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito - (1933), Presidente da União Democrática estudantil - (1934 a 1935), Prefeito Municipal( o mais jovem do País, com 19 anos) de Várzea Alegre- Cariri- Ceará-(1934) Presidente da Liga da Defesa Nacional - (1940 a 1945), a memoráveis campanhas nacionais, tais como: Campanha contra a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas que redundou na redemocratização do País - (1945),Campanha " O Petróleo é Nosso" que forçou a criação da Petrobrás -(1946).
Dentre outras atividades exercidas destacou-se como fundador e primeiro Presidente da União dos Vereadores de Fortaleza, Consultor Jurídico da Associação de Prefeitos do Estado do Ceará - APRECE - (1956 a 1991). Participou do processo de discussão e elaboração das Leis Orgânicas de vários Municípios do Ceará - (1990)
No exercício do Magistério conquistou o respeito, a estima e a admiração da juventude. Revolucionou os métodos do ensino de História do Brasil, fugindo do arcaico processo decorativo para o método analítico dos fatos e seus desdobramentos. Foi professor do segundo grau do Colégio São João e do Ginásio Farias Brito - (1941 a 1946). Titular de uma cadeira importante da Escola Normal Justiniano de Serpa, onde era o instigante inocultor de idéias novas forjando consciência crítica nas jovens que se preparavam para o magistério primário e secundário no Ceará. Professor, aprovado por concurso, do Instituto de Educação do Ceará - (1955).
Político, pelo conceito na sociedade cearense, elegeu-se Vereador à Câmara Municipal de Fortaleza - (1947), reelegendo-se em 1951, e essa era uma das missões que mais o apaixonavam, pois começou a compreender a importância do Poder Local, exatamente por ter clareza do que ela significava no processo revolucionário de incorporação das pessoas à gestão pública, por se tratar de relação estatal mais próxima até fisicamente com elas, e na qual elas aprendem a ser cidadãos, entendendo e praticando direitos e deveres. Nessa área se encontra a melhor elaboração do " Mestre", como carinhosamente é chamado.
Como Deputado Estadual, teve o mandato cassado pelo regime militar de 64. Na redemocratização, conquistou o cargo de Vice-Prefeito da Capital Cearense, na histórica vitória de Maria Luiza Fontenele, eleita pela legenda do PT. Homem oriundo da aristocracia rural, mas, Municipalista nato que, trazia na consciência plena o drama dos excluídos em nosso País, assumiu em sua longa e destacada carreira política uma posição de esquerda, sempre na linha de frente em favor das mais justas causas populares.
Conferencista e tribuno polêmico, sempre empolgou grandes auditórios fazendo as plateias saírem indagativas, interessadas em conhecer melhor o assunto que abordava, preocupadas em aprofundar e ampliar seus conhecimentos.
Jornalista militante, seus artigos eram e continuam sendo ainda hoje leitura obrigatória, para quem estuda os problemas locais, regionais e nacionais. Cidadão identificado com o seu tempo e sua gente. Marxista respeitado, jamais admitiu haver nas concepções do grande pensador e ativista alemão um conjunto de dogmas, mas uma simples referência a ser considerada, rigorosamente dentro da visão dialética de ser um simples guia para a reflexão e a ação.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Lembranças e Saudades - Memória Varzealegrense

LEMBRANÇAS  E  SAUDADES - Rita Maria Morais Azevedo

Meu caro primo Morais

Inicialmente devo-lhe desculpas. Só agora respondo sua carta datada de 05 de fevereiro, o que não se justifica numa época de tão fácil comunicação e, principalmente, pelo fato de que ela me trouxe coisas extremamente agradáveis como o resgate da comunicação com um primo e sua consideração em nos pedir opinião sobre um trabalho pessoal. Mas especial mesmo é o assunto tratado que tem tudo a ver com o que nós todos – Pedro Piau e filhos – valorizamos:
A sensibilidade  para as coisas relativas aos laços de família e amizade verdadeira. Sim, porque infelizmente não são muitas as pessoas que andam a procura desses elementos nos dias atuais.
Gostei do seu texto. Além da singeleza com que você trata o assunto, há um toque de carinho muito sincero e puro que nos enleva e também nos envaidece, e como não?  Mas sobretudo sua descrição: ela é tão real que nos remete rapidamente a uma época que foi maravilhosa apesar de tantas dificuldades que enfrentávamos, tanto nós como vocês. E nesse cenário duas coisas estão muito presentes em nossa memória: a antiga e inabalável amizade que sabíamos existir entre papai e Zé de Pedro André e o grande respeito que todos daquela casa do Sanharol sempre tiveram pela minha mãe. Saiba que a recíproca foi e continua sendo verdadeira. Encontrar seu pai era sempre motivo de alegria porque ele sempre falava alguma coisa que nos fazia rir. Jamais esquecerei da figurinha de madrinha Zefa, tão carinhosa com cada um de nós, chegando lá em casa. Quando ela punha o pé na porta já ia entoando algum bendito da igreja para que papai a acompanhasse na segunda voz, no que era prontamente atendida. ( Lembro bem de “ Jesus Cristo está realmente! De noite e de dia presente no altar! Esperando que cheguem as almas! Ferventes, ansiosas para visitar…) Lembro também de sua gratidão quando eu substituía mamãe, escrevendo alguma carta que ela precisava remeter a parentes distantes.
Mandei a carta para papai que me pediu seu número de telefone. Tem algo para lhe contar, além de desejar matar saudades. Ozanam também leu e gostou de tudo.
Parabéns pela ideia e pelo empreendimento. Um grande abraço de Rita Maria Morais.

BILHETE  DE  RAIMUNDINHO  PIAU:
Meu caro amigo Morais
Aqui é o Raimundinho,
Fui um tempo seu vizinho
Na terra dos arrozais.
Eu não esqueço jamais
Daquelas tardes de sol
Dos jogos de futebol
E do bom baião de dois.
Sou da Lagoa do Arroz
Vizinha do Sanharol.

terça-feira, 17 de março de 2015

MOTE PARA O MUSEU - Por Mundim do Vale.

MOTE PARA O MUSEU.

Uma história perdida no passado
É um crime que não tem contestação,
É uma gente vivendo sem noção
Dos valores do seu Vale do Machado.
O poeta Cláudio Souza tem guardado
O boneco que alegrava a meninada,
A seringa de Nelim foi conservada
Neto Aquino guardou e não perdeu.
VÁRZEA ALEGRE PRECISA DE UM MUSEU
PARA TER SUA HISTÓRIA PRESERVADA.

Um museu com um acervo cultural
Que resgate de fato a nossa história,
Conservando objetos da memória
Como exemplo, a caneta de Dudal.
Só é preciso uma lei municipal
E depois ser na câmara homologada,
No cartório de imóveis registrada
E o povo dizendo o que aconteceu.
VÁRZEA ALEGRE PRECISA DE UM MUSEU
PARA TER SUA HISTÓRIA PRESERVADA.

terça-feira, 10 de março de 2015

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

VISITA  FRUSTRADA - Mundim do Vale

Na campanha eleitoral do ano de 2012, na cidade de Várzea Alegre – Ceará, um candidato a vereador foi fazer umas visitas no sítio Sanharol e chegou até a casa de Zé de Lula. Chegando lá encontrou o dono da casa numa janela tomando café num caneco feito de lata de ervilhas.
O candidato aproximou-se e falou:
- Bom dia Zé! O que é que tem aqui na sua casa pra nós?
Zé respondeu:
- Premêro diga o que é que você tem pra nós, daqui de casa?
- Bom. Eu tenho um santinho com a minha foto e número.
- Só isso? Eu pensei qui você truvesse uns terém qui nós tamo pricisando.
- Mas Zé essas coisas são proibidas.
- Apois pra você aqui num tem nada não. Só se for um gole de café cum tapioca.
Da janela mesmo ele gritou para a mulher:
- Muié! Traga um pouco de café e umas tapioca aqui pru candidato.
A mulher respondeu aborrecida:
- Ou Zé! Tu tá se fazendo de doido é? Tu num sabe qui aqui num tem tapioca.
- Apois traga uma xícara de café.
Também num tem xícara. Só se você lavar seu caneco pra dar a ele.

Provocando a Memória dos Conterrâneos

QUEM  LEMBRA  DE; - Mundim do Vale

Lauro Costa.
Rastão.
Zé Leonardo.
Leontina.
Aldagisa.
Soarim.
João Duro.
Artur Freira.
Zé Sobrinho.
Emília Gadelha.
Manoel Boca Torta.
Maria Belo.
Zé Chato.
Mistral.
Monte Alegre.
Assis do Carmo.
Zé de Dudal.
Leri.
Vicente Arame.
Genésio Faisca.
João do Leite.
Filó.
Zé Terto.
Chico Cego.
Bolandeira.
Miguel Augusto.
Manoel Cabeção.
Zé Ribeiro.
Clara Maria.
Jósio Araripe.
Pedro de Beliza.
Irmãos Pereira.
Manoel Tetê.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Marias Guerreiras - Por Mundim do Vale.

MARIAS  GUERREIRAS

Eu sempre ocupei esse espaço para escrever versos e causos. Mas hoje me dirijo ao teclado para prestar uma homenagem as mulheres determinadas da terra de São Raimundo.
Em nossa pequena cidade, quando mulheres impostas pelo destino ficavam viúvas com filhos pequenos, havia um costume de arranjarem um novo casamento para que tivessem o suporte na criação dos filhos.
Citarei como exemplo apenas duas dessas guerreiras que romperam o padrão, para que o texto não fique muito longo.

. MARIA  CLEIDE  BITU.
Ficou viúva muito jovem com quatro crianças. Na sua conformação e determinação descartou um segundo casamento e sozinha criou e educou os seus quatro filhos.

. MARIA  OTÍLIA  DINIZ.
Foi também marcada pelo desconforto. Não ficou viúva tão jovem, mas teve o seu esposo incapacitado para o trabalho, o que fez com que ficasse dividida entre os cuidados com o marido e a criação e educação dos seus quatro filhos.

Me despeço do teclado parabenizando as duas guerreiras e os seus ilustres filhos.

Raimundinho Piau.
Testemunha ocular dos grandes feitos da cidade alegre.

Título Eleitoral de Pedro Pinho Vieira


domingo, 1 de março de 2015

Causos lá de nós - Por Mundim do Vale.

QUEM  MADRUGA  DEUS  AJUDA.

O casal Raimundo Bitu e Cotinha moravam no sítio Sanharol em Várzea Alegre – Ceará. Todos os sábados Raimundo Saia as cinco horas da madrugada para comprar a carne da semana. Ele tinha que ir naquele horário porque se fosse mais tarde não encontraria mais a carne boa.
Um certo sábado o sono ou a preguiça pegou Raimundo. Já era cinco e meia quando Cotinha falou:
- Raimundo, tu não vai pegar a carne não? Já são cinco e meia e tu ainda tá deitado? Se alui homem de Deus,se não tu só vai trazer langãe.
Raimundo ainda com a voz de sono disse:
- Eu vou daqui a pouco.
Quando foi seis horas Cotinha estava varrendo o terreiro, quando vinha um senhor da Boa Vista com um peso de carne pendurada  numa palha de carnaúba. Cotinha passou para o outro lado da estrada e perguntou:
- O amigo arranjou carne boa?
O moço respondeu:
- Arranjei. E o melhor foi que quando eu vinha passando na lavanderia, achei cinquenta cruzeiros.
Cotinha largou a vassoura no chão e entrou quase correndo para falar com o marido:
- Acorda Raimundo! Tu vai passar o resto do dia dormindo? Olhe! Deus ajuda a quem madruga, o moço da Boa Vista acordou cedo, comprou carne boa e ainda achou cinquenta cruzeiros.
Raimundo com cara de sono respondeu:
- Cotinha. Muito mais cedo acordou o que perdeu.

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por MUndim do Vale.

CONTRASTES  DO  SÍTIO CHICO.

Os irmãos José e Joaquim Vieira, Residiam no sítio Chico em Várzea Alegre – Ceará. A esposa de José era tratada por Linda.
Certa vez José estava no curral tentando tirar leite de uma vaca que não estava colaborando com a ordenha. A vaca inquieta, chutava a cuia, Passava a rabo sujo na cara do seu dono e nada de deixar José segurar nas suas tetas.
Na hora daquela peleja chegava Joaquim Vieira no curral e escutou quando José dizia:
- Calma Mansinha! Calma mansinha!
Ouvindo aquilo Joaquim Vieira falou:
- José. Que contraste medonho é esse? Uma vaca tão brava e você chamando de Mansinha?
José Respondeu:
- É como aquele contraste lá da tua casa, a tua mulher mais feia do que um trem virado e o povo chama Linda.