VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

JOSÉ BIZERRA DE BRITO - PROFESSOR ZUZA BIZERRA.

No dia 25.11.1869, Vicente Alves Bezerra, filho de José Raimundo Duarte e Maria Anacleta de Menezes, do sitio Sanharol em Várzea-Alegre se casou com Isabel Pereira de Menezes, filha do Major Eufrasio Alves de Brito do sitio Malhada em Crato. 

O casamento se deu na residência do Major Eufrasio Alves de Brito, na Malhada, e foi oficiado pelo pároco Manuel Joaquim Aires do Nascimento - Livro 7 folhas 39. Vicente e Isabel foram os pais de José Bizerra de Brito, professor Zuza Bizerra, uma das maiores glorias de nossa terra.

Um extremado defensor da educação, conselheiro de alma pura e emanada da divindade, cidadão prestimoso cuja campa regamos com as lágrimas da gratidão e da saudade. Ninguém da nossa família jamais tomou decisão qualquer sem antes ouvi-lo. Zuza Bizerra é nome do Colégio da Ponta da Serra distrito de Crato.

(am)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

OS DOIS FRANCISCOS.


Casaca de couro é uma ave que encontra no arroz com casca o seu alimento predileto. Esta historia só poderia acontecer em Varzea-Alegre. Os personagens foram dois grandes amigos e, por essa razão faço o relato da ocorrência. Francisco Siebra Lima, Chico de Amadeu, afamado acordeonista, arrendou uma parte de terra no sitio São Cosme de propriedade de Francisco das Chagas Bezerra, Chico Piau com a finalidade de fazer uma lavoura de arroz. O inverno foi muito ruim e o resultado insatisfatório. De tal modo, que o Chico de Amadeu não pagou a renda combinada. O Chico Piau, muito cordato e amigo, não fez a menor questão, porém, o Chico de Amadeu ficou encabulado e sempre que podia, evitava se encontrar com o amigo, desviava o caminho sempre que podia. Um belo dia, Chico de Amadeu tocava uma festa no Creva-Clube Recreativo de Várzea-Alegre e o Chico Piau se aproximou. Jeitão manhoso, calmo, paciente com um copo de bebida na mão mexendo os cubos de gelo com os dedos. 

Chico de Amadeu não teve como evitar o encontro e perguntou: Chico Piau o que você quer que eu toque? Chico Piau respondeu no ato: toque “xô casaca de couro”

(am)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Padre Jose Pontes Pereira - Primeiro Capelão de Varzea-Alegre


Em Novembro de 1788, casa-se Raimundo Duarte Bezerra (Papai Raimundo) com Tereza Maria de Jesus, vindo desse consórcio matrimonial a procriação dos filhos de Várzea Alegre. Tereza Maria de Jesus tinha uma inabalável fé e devoção a são Raimundo Nonato, cuja imagem em pequeno vulto possuía em sua casa num quarto de orações que mandara construir. Nas conversas que mantinha com os de sua família, manifestava sempre o desejo de construir uma capela dedicada a são Raimundo Nonato: “Tenho fé em Deus e em São Raimundo Nonato que ainda edifico nesta terra uma capela, mesmo que pequena, em sua honra”.
Tereza Maria de Jesus não teve a alegria de ver esse seu tão nobre e aspirado desejo realizado, uma vez que, em setembro de 1823, na ocasião em que nascia o seu primeiro netinho, ela, tomando em suas mãos a criança, erguia em tom de agradecimento um caloroso e entusiástico “Viva são Raimundo”, tombando sem vida logo depois. Tereza Maria de Jesus morre repentinamente sem ver o seu sonho concretizado. No entanto, sua família não esqueceria o desejo por ela ardentemente nutrido e confiante ficou a espera de um dia promissor.
Vinte e nove anos depois, em 1852, ordenava-se o Padre José de Pontes Pereira, da família Onofre e Pontes de Assaré, e natural daquele Lugar. Estando o Pe. Pontes desocupado, sem ter uma paróquia para curar e, portanto, para desempenhar o ministério sacerdotal do qual acabara de ser investido, aparecendo na cidade de Assaré o Major Joaquim Alves Bezerra, de Várzea Alegre, fez com ele um contrato para celebrar em Várzea Alegre as missas de Natal, Ano Novo e Reis, sendo que havia ali aquele quarto de orações que muito bem se prestaria a esse fim.
Decorrido esse período o Pe. Pontes, após celebrar a ultima missa do contrato, muito satisfeito e imensamente agradado do lugar e mais ainda do povo de comportamento exemplar e fé sincera, embora que sem cultivo, fez ver ao mesmo povo que se prometesse fazer para si uma casa de morada, e edificar também uma capela para são Raimundo Nonato, vinha ser o seu capelão.
De boa vontade o povo acolheu esse altruístico gesto do ilustre levita, uma vez que para ter mão desse fim, ao qual muito se aspirava, não havia sacrifícios a enfrentar, por mais intransponíveis que fossem.
Os Homens influentes da localidade mandaram logo ao Bispo Diocesano de Pernambuco a petição da licença para a construção da capela, visto que no Ceará ainda não existia bispado. O Sr. Bispo respondeu que a licença só seria dada caso o terreno onde a capela seria edificada fosse doado ao Santo. Três filhos de Raimundo Duarte Bezerra (papai Raimundo), e um genro deste, deram então por escritura pública, duzentas “braças” de terra, sendo que a medição desta se faria de duzentas braças de cada canto da capela.
Logo que concedida a licença, se fizeram iniciar os serviços (1854), sendo depois suspensos por causa dos oficiais da obra que não estavam se empenhando. Em 1855, porém, reiniciaram-se os trabalhos com muita intensidade e maior entusiasmo, ficando concluída a capela no ano seguinte, quando com cerimônia ao estilo foi abençoada. O ato solene de benção e inauguração da capela ocorreu no dia 2 de fevereiro de 1856, sendo a cerimônia oficiada pelo Pe.Manoel Caetano, então coadjutor do Icó.
Como prometera, o Pe. Pontes veio para Várzea Alegre e ali permaneceu, na qualidade de capelão, até 11 de maio de 1859, quando vítima do cólera morbus veio a falecer. Conta-se que naquela época todo o interior fora acometido por esse mal, e durante a santa missa, no momento da elevação, o Pe. Pontes oferece sua vida em Holocausto: “Fazei de mim, Senhor, a última vítima ,nesta terra, deste terrível mal e poupai esta humilde e sofrida gente”. Segundo o que é atestado, O Pe. Pontes foi praticamente a última vítima do cólera a morrer em Várzea Alegre, sendo que poucas horas depois dele, morreu apenas uma menina de nome Bárbara, que já se encontrava em fase terminal. Os restos mortais do Pe.Pontes jazem em Várzea Alegre no local onde encontra-se erigida a capela de Santo Antonio, à entrada da cidade.
Viveu pois plenamente o seu sacerdócio e pastoreio ,uma vez que a exemplo do Cristo que faz sua a vida da humanidade e por ela dá a sua , igualmente Padre pontes, configurado a cristo pelo sacerdócio, fez sua a vida daquela humilde gente desde o momento que mostrando-se não ávido de pretensões carreiristas, ofereceu as primícias do seu ministério sacerdotal aos trabalhos, não menos nobres, de uma capelania numa pequena vila no interior do Ceará. Isigne foi o coroamento do seu breve sacerdócio, onde une o sacrifício da sua vida ao sacrifício redentor de Cristo. A vida do Pe. Pontes encontra na ara o seu clímax. Vida e morte pelo povo e para Deus: Fidelitas Christi, fidelitas sacerdotis. Como colaborador fiel de Cristo, a ele se aplicam as palavras do evangelho de João: “Bonus Pastor animam suam dat pro ovibus suis”.
Sempre será oportuno lembrar que o Pe. Pontes durante aquele pequeno lapso de tempo que permaneceu em Várzea Alegre, fez tudo pelo seu progresso deixando aquela capelania em condições tão favoráveis e promissoras que, sem sacrifício algum, foi em 30 de novembro de 1863 criada a paróquia de Várzea Alegre, por decreto de sua Exa. Revma. Dom Luiz Antônio dos Santos, sob a invocação de São Raimundo Nonato e guarda pastoral do Pe. Benedito de Sousa Rêgo.


(am)