E por falar em contrastes, nossa terra não tem o que reclamar, se não bastassem os relacionados pelo imortal José Clementino do Nascimento, aqui e acolá, surgem aos montes. Eloi Teles de Morais, jornalista, radialista, e doutor em direito, nascido em Varzea-Alegre no sitio Baraúnas,quando estava concluindo o curso, precisou fazer um estagio em Júri Popular. Tomou conhecimento que em Várzea-Alegre estava acontecendo uma serie de jurados. Conseguiu agendar o ultimo deles. O Juiz titular da comarca era o meretissimo Dr. Mauricio de Abreu Tranca, conhecido popularmente pela alcunha de Doutor Tranca. Quando o Dr. Eloi chegou na terrinha tomou conhecimento do resultado dos 12 jures anteriores, todos os réus tinham sido absolvidos. Veio então a preocupação: será que o único a ser condenado vai ser o que vou fazer a defesa? Eloi foi feliz na argumentação e convenceu os jurados da inocência do réu. Terminada a reunião Eloi tomou uma folha de papel escreveu uma poesia e deixou na mesa do Juiz:
Várzea-Alegre, terra do contraste.
Na justiça também.
O Juiz é Doutor Tranca
Porém, não tranca ninguém
Eu sou da terra que de Mastruz se faz café
Meu amigo eu sou da terra
De Zé Felipe afamado,
Onde o bode era marchante
E Jesus foi intimado.
Sou da terra do arroz do sabido acabrunhado,
Do calango carcereiro.
Meu amigo eu sou da terra
Que o peru foi delegado.
Meu amigo eu sou da terra
Onde o sobrado é nos oitão
Houve três anos de guerra
Não morreu um só cristão
Onde o eleitor amigo pra votar não faz questão
Elegeram pra prefeito
Numa só semana
Quatro nobres cidadãos
Meu amigo em minha terra
Já pegou fogo no gelo
Apagaram com carbureto
Foi o maior desmantelo
São Brás lá é São Raimundo
Se festeja com muito zelo
O prefeito completava idade
Era de quatro em quatro anos
E nunca penteou o cabelo
Meu amigo eu sou da terra
Que o padre era casado
Enviuvou duas vezes
E depois foi ordenado
Ainda hoje reza missa
Os filhos já estão criados
O juiz era uma mulher
Meu amigo eu sou da terra
Que o cruzeiro é isolado
Mas diga moço de onde você é?
Eu sou da terra que de Mastruz se faz café
(AM)
Contrastes de Várzea Alegre - Luíz Gonzaga
Mas diga moço de onde você é?Eu sou da terra que de Mastruz se faz café
Meu amigo eu sou da terra
De Zé Felipe afamado,
Onde o bode era marchante
E Jesus foi intimado.
Sou da terra do arroz do sabido acabrunhado,
Do calango carcereiro.
Meu amigo eu sou da terra
Que o peru foi delegado.
Meu amigo eu sou da terra
Onde o sobrado é nos oitão
Houve três anos de guerra
Não morreu um só cristão
Onde o eleitor amigo pra votar não faz questão
Elegeram pra prefeito
Numa só semana
Quatro nobres cidadãos
Meu amigo em minha terra
Já pegou fogo no gelo
Apagaram com carbureto
Foi o maior desmantelo
São Brás lá é São Raimundo
Se festeja com muito zelo
O prefeito completava idade
Era de quatro em quatro anos
E nunca penteou o cabelo
Meu amigo eu sou da terra
Que o padre era casado
Enviuvou duas vezes
E depois foi ordenado
Ainda hoje reza missa
Os filhos já estão criados
O juiz era uma mulher
Meu amigo eu sou da terra
Que o cruzeiro é isolado
Mas diga moço de onde você é?
Eu sou da terra que de Mastruz se faz café
(AM)