VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

DR. JOSE CORREIA FERREIRA


Dr. Jose Correia Ferreira - Foi o segundo filho de Varzea-Alegre a se formar em medicina, 1936. O primeiro foi Dr. Leandro Correia 1915.

E teve o caso da paciente recomendada da minha tia Ester Correia. Entra com o marido, um sujeito afogueado, torado no grosso, olhos de espanto, chapeu de couro, toco de cigarro de palha no canto da boca, jeito de quem está vendo alma, por todos os lados. A mulherzinha parecia a alma que se procurava: pequena, magra, amarela, cabelos zangados com a diciplina, uns tics no canto direito da boca, pra completar, a coisa mais encabulada do mundo. Sentindo seu jeitão e a dificuldade que teria em lhe ouvir as queixas, procurei deixá-la a vontade, falando-lhe palavras afaveis, animadoras, tentando um bom relacionamento, como se diz. Depois de lhe perguntar, umas tres ou quatro vezes, de que se queixava, o que sentia, sem que ela desse uma palavra, perguntei ao marido: sua mulher não fala? É surda-muda? Foi então, que ela, rompendo o mutismo, falou: Minha doença quem sabe é Zé.

Aí o homem pegou pressão, assim como quem está foleando formigas e foi falando num ritmo irregular: ora, soprando para fora, ora, aspirando para dentro. E tome verbo: Seu doutor, esta muié tá se acabando viva. Voimincê credite que ela num drome, ela num come, ela num tem sustança pra nada e tem uma dor de cabeça afitiva, qui quando dá nela, lá nos tapumes da testa, a pobrezinha so farta correr doida. Enche os oios dagua, pega minhas mão, bota na cabeça dela e fica dizendo: Incaica Zé.

A muito custo, conseguir tomar a pressão, examinar-lhe os olhos, sentir-lhe o pulso, auscutar, percutir. Ela todo tempo se esquivando, se afastando, no mais inocente e desnecessario recato.

Decorridos umas tres semanas, em outro dia de feira, volta o Zé. E de melhor aspecto. Ao me ver, foi logo dizendo: vin só lhe dizer, meu doutor,qui a muié tá muito amiorada. Quaje boa, mesmo. Deus te proteja.

am

Um comentário:

  1. Dr. Jose Correia Ferreira foi o segundo filho de Varzea-Alegre a se formar em medicina. Exatamente no ano de 1936. Homem culto, estudioso e dedicado escritor.

    Uma das nossas glorias.

    ResponderExcluir