VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Versos lá de nós - Memória Varzealegrense

VERSO DO MACHADO - Autor; Poeta Candeiro.

ADJUNTOS DO MACHADO.

Não há quem possa negar
Como já foi o Machado
Com o povo interessado
Trabalhando sem parar
Gente de todo lugar
Tinha até do Arneiroz
A luta era feroz
Muitas vezes enlameado
Limpando arroz no Machado
E vivendo aqui mais nós.

Quando pegava a chover
Nós todos íamos plantar
Depois íamos pastorar
Prus passarinhos não comer
Depois do arroz nascer
Nós começávamos a limpar
E a lama sem secar
Só se ouvia nego dizendo
O meu mato está comendo
Acho que vou aceirar.

Quando clareava do dia
A gente se levantava
A merenda que pegava
Era a enxada e saia
E por lá passava o dia
Trabalhando sem parar
E pra poder acabar
Precisava ir tantas vezes
Com mais ou menos dois meses
Terminava de limpar.

Quando o arroz segurava
Só se ouvia o assunto
Gente fazendo adjunto
Juntando quando botava
E o povo se juntava
Era gente pra valer
Fazia gosto se ver
Um bando de cabra macho
Cortando cacho por cacho
Cantando sindô lelê

E agora está mudado
Ninguém quer se juntar mais
Tá indo tudo pra traz
Já nem parece o Machado
O Povo é desanimado
Não joga maneiro pau
E por isso o pessoal
Não conta com arroz doce
Tudo isso acabou-se
Mode o demónio do girau

Veja o tamanho da sujeira
Que tudo esculhambou
Eu não sei quem inventou
De cortar com roçadeira
Chega abarcando a touceira
Vai levando por igual
Depois outro pessoal
Pegando tudo que vê
Vai levando pra bater
No Satanás do girau.

Só pode ter sido um caé
Ou mesmo uma brocharia
E com essa putaria
Não tem quem queira um quicé
pode ser homem ou mulher
É todo o povo em geral
Que apoia esse bicho mal
Que fez toda maldição
Foi o maldito do cão
O criador do girau

Nada se pode fazer
Jeito ninguém tem pra dar
Precisa se acostumar
Com o que aparecer
Não tanto que nem você
Que foi lá pra capital
Hoje é um jovem legal
Que nem liga o Ceara
Tire um tempinho e venha cá
Pra eu lhe mostrar o girau

Meu caro amigo Zezinho
Colega mui verdadeiro
Quem informa é o Candeiro
O Poeta do Brejinho
A coisa aqui está assim
Não está bom pra viver
Só se planta pra perder
Dá só pra gente escapar
Contudo no Ceará
Só está faltando Você
Candeiro.

FALOU O POETA CANDEIRO.

Candeiro foi competente
Quando falou do passado,
Hoje o Vale do Machado
Ficou muito diferente.
Não se vê mais nossa gente
Nos adjuntos rurais
E não vamos vê jamais
Os cabras bom no quicé,
Como Oliveira e Tindé
Cada qual catando mais.

Mundim do Vale.

Fonte: Antônio Morais.
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