VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Matriz de Várzea Alegre - Memória

Igreja Matriz de São Raimundo Nonato em Várzea Alegre - Ceará


REVIVENDO O ALTAR DE SÃO RAIMUNDO - TIBURCIO BEZERRA

Fui coroinha, no tempo do Padre José Otávio de Andrade, de saudosa memória. Era criança ainda, lá entre meus 10 e 12 anos. O padre paramentava-se na sacristia e, na companhia do coroinha,(eu), que conduzia o missal, logo à sua frente, encaminhava-se solenemente ao altar, para a realização da missa. O celebrante ficava de costas para o público, para ficar voltado para o sacrário, onde estava o Santíssimo.

Era tudo rezado em latim!
Primeiras palavras do padre:
- "Introibo ad altare Dei. (Entrarei ao altar de Deus)
O coroínha respondia:
- Ad Deum qui letificat juventudem meam. ( Ao Deus que alegra a minha juventude)

Assim continuava, até findar-se a santa missa. Os fiéis portavam-se em silêncio e com absoluta concentração. Ouviam-se cânticos sagrados entoados pelas cantoras Altina, Milica, Romana e Cira Teixeira, acompanhadas pelo harmonista, na época, o jovem Chico de Amadeu. Coração Santo, Queremos Deus, Com Minha Mãe Estarei, entre outros, eram os benditos mais cantados.

Após a leitura do evangelho, também em latim, o presbítero dirigia-se ao púlpito, espécie de tribuna posta no centro da matriz, e ali fazia o sermão, onde traduzia para o povo a mensagem bíblica do dia. Lembro que o padre Otávio era um bom pregador.

O coroinha tinha múltiplas funções. Tornava-se protagonista na cerimônia, pois além de rezar em lantim, servia ao padre em todos os momentos da cerimônia. Conduzia o missal, passava suas páginas, tocava a campainha, servia a água que lavava as mãos do celebrante e, na hora da comunhão, acompanhava-lhe a todos os comungantes de patena em punho, para evitar que a hóstia caísse no chão. A hóstia não podia cair. O corpo de Deus não devia cair.

Voltado sempre para o altar, aprendi a admirar a imagem de São Raimundo que, depois, muito depois, inspirou-me na criação da nossa bandeira, que levam as suas cores. Os costumes agora são outros. O culto mudou.

Nunca mais ouvi "Coração Santo". Nem vi mais mulheres de véu. Nem "Filhas de Maria". Nem "Mães Cristãs". E nem os "Congregados Marianos", homens de fé, que condiziam o andor de São Raimundo nas bonitas procissões do passado.

Sempre que entro em nosso santuário, miro aquela imagem simbólica e tenho saudade dos meus tempos de "coroinha", de Pe. Otávio, Seu Amadeu, Chico Feitosa e reflito: "não mudei, nem São Raimundo, o que mudou foi a cidade".
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