A RURAL VAI ATOLAR - MUNDIM DO VALE
É Carnaval, em Várzea Alegre Carnaval em Várzea Alegre foi sempre muito bom.
Primeiro porque não se tinha tantas opções de lazer.
Segundo porque é realmente uma festa em que reúne muitos estudantes que aproveitam o feriado para rever os familiares.
Num desses carnavais, lá pela década de setenta, um grupo de primos, amigos e suas respectivas namoradas resolveu visitar os parentes. José Gonçalves, filho de Seu João Mandu, decide que vamos todos fazer um tour pelo São Vicente na Rural do pai.
Vejam os jovens: Derão e Cecília, Gonçalves e Maria Leandro, Bezerra e eu. Cedo saímos para nosso passeio. Foi um domingo maravilhoso. Carnaval perfeito. Chão bem molhado. Saímos pela manhã para retornarmos à tardinha. Passamos de casa em casa. Era o hábito deles quando vinham de Fortaleza.
Tirando reisado, como se dizia na época e na região. Visitando avô de um, avô de outro, avós de outros, e por aí afora ou adentro. Do Atoleiro ao São Vicente não sobrou um parente sem ser visitado. Quanta alegria, quanta emoção. É Carnaval. Somos jovens e enamorados. A felicidade tinha nomes! E estava ali. O tempo corre normalmente. O dia vai chegando ao seu final. Uma alegria só. Hora de retornarmos à cidade. Ah! Hora de retornar...
A Rural vai atolar! Que nada. A Rural não atolou simplesmente, nos atolou numa tremenda enrascada. Era um passo para frente e dois para trás. Entra, anda, sai, empurra! Entra, anda, sai, empurra! Era isso mesmo. Mais empurrando que andando. Como chegamos à Várzea Alegre, minha memória não tem conseguido resgatar tudo.
Sei que chegamos. Se, desafiamos as leis da Física e subimos a ladeira de Herculano com a Rural na cabeça, não sei. Sei que chegamos com tempo de ir para o CREVA, afinal de contas era carnaval. Não podíamos perder a esportiva por causa de uma Rural! Trinta anos depois... Um casal nem se casou, um casou e separou e o outro casou e continua até hoje.
Artemísia