VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Nossas Histórias - Memória Varzealegrense

052 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Raimundo Alves Bezerra, Raimundo Sabino.

Vige maria! Com licença da palavra Raimundo Sabino. São tantas histórias que para se saber a melhor só botando o baralho. O homem era genial nesse aspecto, foi o maior botador de apelidos da historia do Sanharol. 

Os meninos comiam tampado com ele. Derna que achasse ruim, o apelido estava sacramentado.

Em 1965 quando as máquinas estavam fazendo a antiga CE-55, Estrado do Algodão, hoje CE-060, ninguém por aqui tinha visto um trator ou outra máquina qualquer. 

Eram as máquinas devastando tudo, derrubando cercas e o povo a olhar. Era aquela multidão, vinha gente de longe ver os serviços. 

Um dia Nicolau Sabino achou um farol que caiu de uma patrol Caterpillar. Levou para casa e Raimunda Sabino colocou dentro de uma cristaleira para servi de enfeite. 

Certo dia, quando o Raimundo Sabino saiu da bodega para tomar um café em casa, que ficava ao lado, deparou-se com Raimunda Gibão, a parteira que me trouxe ao mundo,  se benzendo e rezando em frente à cristaleira.

Oxente, Dona Raimunda, tá ficando doida?

Doida o que Raimundo Sabino? Respeite! Não está vendo que eu estou rezando pra Nossa Senhora Aparecida?

Nossa Senhora Aparecida o que Dona Raimunda? Isso aí é um "oi" de caterpilla!

Antonio Morais 

sábado, 4 de março de 2017

Major Ildefonso Correia Lima

ASCENDÊNCIA MATERNA DO MAJOR ILDEFONSO CORREIA LIMA, ESPOSO DE D. FIDERALINA AUGUSTO LIMA – Por George Ney



1. Ana Maria de Passos, mãe do Major Ildefonso, conforme já registramos, nasceu em 22.07.1805 no São Caetano, Várzea Alegre. Casou-se com o Ten. Raimundo Duarte Bezerra "Papai Raimundo", filho do Alferes Francisco Duarte Bezerra e de Bárbara Vieira da Rocha.

Ana Maria era filha de:

2. Antônio Correia Lima, natural da freguesia do Crato, e
3. Damiana de Passos Rego.

Neta (paterna) de:

4. Inácio Correia Lima e
5. Ana de Azevedo e Melo.

Neta (materna) de:

6. Ten. Antônio da Costa Siebra, casado em 09.09.1762 na capela de Senhora Santana, Iguatu, com
7. Ana de Passos Rego, natural dos Inhamuns.

Bisavós:

12. Paulo da Costa de Araújo, natural de Portugal, casado com
13. Antônia Maria de Araújo, nascida por volta de 1712 na Bahia e falecida a 05.05.1772 na fazenda Cacimbas.

14. José de Araújo Rego, alagoano.
15. Narcisa de Oliveira.


Fonte da Imagem: http://dimasmacedo.blogspot.com.br/2013/10/notas-historia-politica-de-lavras-nas.html

Fonte: Genealogia CEVALA

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O Jornalismo no interior da Província do Ceará surgiu com a publicação, na metade do decênio de 1850, do impresso O Araripe (1855-1864), jornal de cunho liberal de grande notoriedade, redigido e publicado por João Brígido dos Santos, político e jornalista de ampla atuação. Segundo Nobre (2006), é considerado, até hoje, uma das maiores expressões da referida atividade no Brasil, superando qualquer outro jornal cearense.

Através das páginas de O Araripe, Brígido escreveu e publicou também documentos e apontamentos sobre fatos do passado, artigos sobre os homens e episódios ocorridos na zona meridional do Ceará (ALVES, 2010). Dentre os fatos, alguns passados em Lavras da Mangabeira, à época, Vila das Lavras, mentoreada já pelo clã dos Augustos, hegemonia que perdurou por cerca de um século. 

Ressaltemos aqui, sem prolegômenos, o que noticia o periódico cratense em 1857 (nº 37, p. 3), acerca de persistente querela entre o então Vigário Colado de Lavras, Padre Luis Antônio Marques da Silva Guimarães (Padre Luis do Calabaço), e o então Delegado de Polícia local, Ildefonso Correia Lima, em nota publicada a pedido do Sacerdote, endereçada ao Presidente da Província:

Não podendo eu soffrer a persiguição atrós, que me fez o delegado dessa Villa, Ildefonso Correia Lima, vou queixar-me a V. Exc. e o motivo passo a expôr. Não merecendo eu as simpathias desta authoridade, pelo simples facto de pertencer á opposição, tem este persiguido meos moradores com recrutamento, mandando escoltar os casados, que vivem em vida marital, os filhos unicos de lavradores, que tem isenção da lei, só com o fim de saciar odio, que contra mim tem, e muito mais aquelles que commigo votarão, dando isto lugar, Exm. Sr., a que andem foragidos pelo matto os meos trabalhadores, soffrendo assim a agricultura. V. Exc. conhece mui bem quanto esta industria tem deminuido com a falta dos escravos, e que indispensavelmente se fasem precisos braços livres, principalmente a mim, que trabalho em quatro sitios differentes, em cada um dos quaes já tenho engenho de moer canas, esforço este bastante pesado; e vivendo eu Exm. Sr. com meos moradores persiguidos da policia, que lucro tirarei e elles para manterem suas familias e pagar de disimo 300$ a 400$ rs. annuaes?

Exm. Sr. a vida sedentaria, em que era occupado, como vigario desta freguesia, me tendo feito adquerir a molestia Diabetis, fui aconselhado pelos medicos a que viesse para o campo, afim de transpirar com o trabalho, e com licença do Rd. Visitador me acho no sítio Calabaça legoa e meia da Villa, onde me é preciso ter por meos moradores homens, que usão do trabalho ex vi de que tenho nelle um engenho alem dos tres outros ja mencionados, e nestas circustancias a policia só acha a elles para seos desabafos, mandando um individuo de nome João Francisco, meo desafecto cercar as suas casas à meia noite abrindo portas e entrando pelo interior das casas allumiando-as com fachos pelos quartos e assoalhos, que os camponeses costumão faser em suas cabanas para deposito de seos legumes: não respeitando mesmo as famílias em seos agasalhos, como as senhoras de casa e suas filhinhas môças. Entretanto a nada se move essa authoridade não respeitando nem a lei, que prohibe correr casas à noite, nem o sagrado das famílias.

Por tanto Exm. Sr., imploro a V. Exc. dê remedio a essas persiguições com que desde março não cessão de me faser todo o mal. Tudo provarei, se necessario for. Deos Guarde & ampare. Engenho Calabaça, 26 de Janeiro de 1857. Illm. e Exm. Sr. Dr. Francisco Chavier Paes Barreto, Presidente da Província. O Vigário Luis Antônio Marques da Silva Guimarães. 


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Frisemos, por ser relevante, a exposição do motivo alegado pelo Sacerdote Paraibano em residir no sítio Calabaço: indicação médica de se "exercitar na roça", por ser vítima de diabetes. É verdadeiro, porém, que o levita residiu por muito tempo em um sobrado ainda hoje existente próximo à confluência do Riacho das Emas com o Riacho do Rosário, nas férteis terras de São Vicente das Lavras, onde desfrutou de vida marital, e foi pai de cinco filhos, o que consta nos autos de seu testamento. Poderia ter sido este, portanto, um motivo mais "intenso" de se morar no Calabaço e não na Casa Paroquial na sede da Vila das Lavras.

Podiam-se constatar em outros noticiários da época, evidências sobre as pendengas políticas entre o Padre e o então delegado de Lavras, Ildefonso Correia Lima, um colecionador de adversários e esposo da lendária Fideralina Augusto Lima. Admitindo-se o predito, atentemos ao que comenta O Araripe sobre correspondência redigida por "O Lavrense", em 12 de janeiro de 1857, enviada ao redator do jornal caririense:

Me é preciso diser-lhe que não tinha vistas algumas de occupar as paginas de seu conceituado jornal, e a rasão puderosa e forte para assim o faser é minha fraca e limitada intelligencia; porem, sr. Redactor, chegando me ás mãos uma folha do Pedro 2º cujo numero ignoro (que um meu amigo fes me o especial favor de mandar me) vi um (ilegível) em título de correspondencia sem nenhum estilo, sem encadiamento de ideias, com erros de Retorica, Grammatica, e Orthografia; em fim obra que mostra evidentemente quem seja o seu dono - sendo a sua epigrafe um dos membros da família Favella. Antes pois de entrar na analyse dos factos da correspondencia desse Favella é da mais estreita precisão declarar ao publico sensato quem foi este Favella e quem é a sua decendencia. Esse herói foi um pobre matuto, q' morava no Riacho do Machado, alli vivia lutando com a fome com a miseria, e com a nudez, o Major João Carlos Augusto compadecendo-se delle chamou-o para esta Villa e obteve para elle o lugar de Delegado, o qual não soube desempenhar, porque a sua vida publica foi uma serie de corrupção não interrompida.

Pela morte desse Delegado succedeu seu Sobrinho Ildefonso Correia Lima: este matuto não só aqui como na Cidade de Icó serve de espetaculo publico pelos seus continuados desfrutes, é um individuo bastante pobre, e dis que está muito bem, que tem muitos contos de reis, e com toda esta fortuna colossal apenas toma no Icó, a credito, um conto e poucos mil reis. Se elle não tivesse casado com uma filha do Major João Carlos estaria redusido a sua triste condição de 1848 - 1849, que era vender nos sambas garrafinhas de aguardente enfiadas estas na ponta de uma tualha. Chega a tal o estado de sua desmoralisação neste lugar, que um negro desta Villa de nome José Branco contou-o na folha chamando-o mentiroso. É pois a um homem destes que o Governo encarrega de grande puder de prender e processar. Temos mais aqui um membro da família Favella, o qual é Sub-delegado , e muitissimo conhecido pelo Vicente Burundanga, este espoleta tem sido muitas veses sensurado no Cearense e as qualidades que o cercam são a crapula, a devassidão, a corrupção, a trapaça, a manha e a velhacaria. Agora passo a responder os factos da correspondencia desse Favella. Diz elle que nesta Villa tem quatro chimangos sem familia, sem prestigios, e sem fortuna, um deste é o Tenente Coronel José Joaquim da Silva Brasil, cidadão muitissimo respeitável, bem conhecido nesta Província nascido no Icó, e filho legítimo de paes ilustres e que tem prestado relevantes serviços no estado nas commoções políticas, como fosse em 17, 21, e 32, e tem occupado alem disto os empregos mais vantajosos no município em que mora, cujos empregos tem sabido desempenhar com toda honradêz, e dignidade e bastante actividade; o segundo de que trata-se, é o ajudante  José de Sousa Mattos, este benemerito cidadão é muitissimo conhecido nesta província pelos seus precedentes honrosos, dedicou-se a carreira militar, prestou bastantes serviços a Patria e ao Estado. O terceiro é o Vigario collado desta Freguesia Luis Antônio Marques da Silva Guimarães, homem este bastante rico e de uma posição elevada, a sua família é uma das primeiras da província da Parahyba, os seus manos o Vigário José Antônio, e o Dr. Açanã, passão por uma das illustrações daquella província. O quarto que menciona-se que é filho do Rio do Peixe e que é bem conhecido pela sua família do Umary, esta pessoa responde-vos que não o enxerga, e nem o ouve, e que só se lembra deste membro Favella, assim como lembra dos porcos quando os incontra na rua; que para não o imporcalhar da-lhe com os saltos dos botins nas ventas. São estes infelises e manivellas que tem a coragem de quererem menoscabar a reputação de homens que tem sabido adquirir em tempos e epochas em que o espírito da corrupção se tem mais estendido. Não quero ser mais infadonho aos meus leitores e por isto quero findar esta no firme propósito de não dar o menor cavaco a estes desgraçados, o que se agora faço foi em satisfação ao publico, pois acosto-me a maxima do Marquês de Maricá, - quem disputa com a canalha fica a nível  com ella. Tenha pois a bondade de inserir estas linhas que são de seu constante leitor. O Lavrense.

Enfatizemos o que comenta O Cearense de 4 de abril de 1856 (p. 4), no quadro Notícias da Província, acerca do famigerado Padre Luis Antônio Marques, figura emblemática dessa fase provinciana regional: “O vigário de Lavras o revd. Luis Antônio Marques da Silva Guimarães acaba de ser insultado em sua própria matriz por uma sedição promovida pela autoridades policiais, tirando-lhe a chave da matriz, e passando a outro sacerdote, a quem investirão de jurisdição paroquial” (CALIXTO JÚNIOR, 2012).

Como visto, eram frequentes as notícias e acusações por divergências políticas nas edições dos jornais regionais, sobretudo no liberal O Araripe. Para Alves (2010), tornou-se perceptível, em vários números do periódico cratense, o cuidado em rebater as ofensas feitas pelos políticos de cunho conservador através de outro jornal regional, a Gazeta do Cariri, bem assim como o de publicar em seus números (O Araripe) insultos e comentários sobre os artigos publicados pelos oponentes. 

Desta forma, os jornais haviam se tornado espaços em que os políticos não apenas discutiam seus projetos, já que se acusavam mutuamente e expunham, naquele meio, as respectivas representações acerca da índole e dos comportamentos particulares de personagens que, por condescendência, a própria história fez questão de omitir.

Referências:

ALVES, Maria Daniele. Desejos de Civilização: Representações Liberais no Jornal O Araripe (1855-1864). Dissertação de Mestrado em História e Cultura. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará, 2010.
CALIXTO JÚNIOR, João Tavares. Venda Grande d'Aurora. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2012.
NOBRE, Geraldo. Introdução à História do Jornalismo Cearense. Fortaleza: Edições NUDOC (Departamento de História – UFC), 2006

Fonte:Dimas Macedo

A Família Correia Lima de Várzea Alegre

A FAMÍLIA CORREIA LIMA DE VÁRZEA ALEGRE - por George Ney

Assim se pronunciou o médico e escritor José Ferreira sobre a família CORREIA LIMA de Várzea Alegre, Ceará:
“Não serei eu, um modesto pesquisador de bactérias, platelmintos, glicose e outras coisinhas, que irei buscar, entre cinzas e colunas partidas, as raízes da família Correia Lima, de Várzea Alegre, a que pertenço, na ilustre qualidade de tetraneto de Papai Raimundo. Meu Deus, como eu gosto pouco - ou nada - de chafurdo! Transfiro, assim, o encargo a especialistas no assunto, mestres na arte, a quem sou muito grato pela colaboração que oferecem.”
“Maria Hilma, a historiógrafa da família - que privou com Cleópatra e dançou "rock'n roll" com Ptolomeu - se confessou "incapaz" e eu tive que recorrer a outras cabeças. Acidentalmente, descobri Acelino Leandro da Costa, casado com minha prima Maria Luiza, sujeito "bisbilhoteiro" e de memória assombrosa, que vive atolado pelos meandros mais escusos das coisas de Várzea Alegre. A ele associei os conhecimentos do meu colega e parente, o douto Olavo Correia Lima, professor de antropologia da Universidade Federal do Maranhão.”
Sobre essa família, asseveraram os mesmos:
“Entre outros filhos, teve o casal Antônio da Costa Siebra - Ana Maria dos Passos uma filha de nome DAMIANA, que se casou com ANTÔNIO CORREIA LIMA, filho de Bernardino Correia Lima (Bernardino Gordo) e que residia no sítio Batateira, no Crato. Casados DAMIANA e ANTÔNIO CORREIA LIMA vieram morar no sítio Brejo, onde lhes vieram os filhos, em número de quatro, uma das mulheres com o mesmo nome da avó: - Ana Maria dos Passos - E que foi a segunda esposa de Raimundo Duarte Bezerra, nosso já conhecido Papai Raimundo. Tendo morrido Damiana e sendo Antônio Correia Lima ainda muito moço, casou-se, então, com Clara da Taboca (de Lavras), nascendo desta união:
(1) Felinho;
(2) Fidelzinho; e
(3) Antônia Correia Lima.”
FERREIRA, José. Várzea Alegre: Minha Terra e Minha Gente. Fortaleza, Ed. Henriqueta Galeno, 1985, pp. 49 - 51.



Como complemento ao que ficou exposto supra, transcrevo o consignado em 1837 no título de herdeiros do processo de inventário de Antônio Correia Lima, cuja inventariante era sua segunda consorte, Clara Maria de Araújo (Clara da Taboca).
Filhos do primeiro matrimônio de Antônio Correia Lima:
(1) José Luis Correia, solteiro;
(2) Manoel Antônio Correia;
(3) Francisco Correia Lima;
(4) Antônio Correia Lima (filho);
(5) Joana, casada que foi com Francisco Correia da Silva; e
(6) Ana Maria dos Passos, segunda consorte de Papai Raimundo.
Do segundo enlace matrimonial de Antônio Correia Lima, dessa feita com Clara da Taboca, houve:
(7) Vidal Correia Lima, casado;
(8) Félix Correia Lima, 14 anos;
(9) Manoel Félix Correia, 16 anos;
(10) Antônia Correia Lima, consorciada com Joaquim Alves Bezerra; e
(11) Angélica, 18 anos.

Fonte: Genealogia CEVALA

sexta-feira, 3 de março de 2017

Documentos da História Varzealegrense

Documentos da história varzealegrense – pesquisa feita por George Ney Almeida Moreira



Cronologia varzealegrense

1857 

28 de fevereiro

Declaração feita por Joaquim Alves Bezerra, filho de Papai Raimundo, relativa ao patrimônio de São Raimundo Nonato.

"Eu, abaixo assinado, como administrador do glorioso São Raimundo, declaro que meu Santo possui quatrocentas (400) braças de terra de patrimônio no sítio Várzea Alegre, extremando da parte do Nascente com terras de José Bezerra da Costa, ao Poente com João Alves Bezerra, ao Sul com Joaquim Alves Bezerra, ao Norte com Antônio Duarte Bezerra.

Lavras, 28 de fevereiro de 1857
Joaquim Alves Bezerra
Conferido e registado, do que pagou 50 réis

Lavras, 4 de março de 1857
O Vigário Luís Antônio Marques da Silva Guimarães

[APEC]

28 de julho

"São lidos e julgados objetos de deliberação e mandados imprimir os seguintes projetos:
(...)
Nº. 12 - A assembleia legislativa provincial do Ceará resolve:
Art 1º. Ficam criadas cadeiras do ensino primário para o sexo masculino na povoação de S. Raimundo da Várzea Alegre nas Lavras, no Quixadá de Quixeramobim, na Venda do município do Icó (...)"
(...)
[Pedro II, nº. 1705, 28 jul. 1857, p. 3]

1860 

19 de julho


Argumenta o Sr. Mendes Guimarães ao presidente do poder legislativo em sessão ordinária neste dia [19.07.1860]:

"Tendo, senhor presidente, de apresentar também à consideração da casa uma emenda transferindo o distrito de paz da povoação de S. Caetano para a da Várzea Alegre, termo das Lavras, direi por esta razão suscintamente algumas palavras.
O distrito de S. Caetano vai sem contestação em uma grande decadência, é um antigo povoado, mas que todos sabem tem perdido completamente de sua importância ao passo que a povoação da Várzea Alegre é talvez a mais importante das povoações n'esta província.
Tem um grande comércio, alimentado pela muita população que ali já existe, e no meio do qual conta-se não pequeno número de pessoas capazes de bem desempenharem aquelas funções, que terão de exercer pela criação do distrito de paz."

Finalmente assegura:

"Várzea Alegre é superior em tudo a S. Caetano."

Vai à mesa e apoia-se o seguinte artigo aditivo:

<>

[Pedro II, nº. 2048, 21 jul. 1860, p. 2]

1861

11 de maio

Segundo portaria:

"O presidente da província em virtude do art. 2 da resolução provincial n°. 900 de 11 de agosto de 1859; remove a bem do serviço público os professores Raimundo Nonato Pontes Pereira e José Sismundo Batista Xenofonte, aquele da cadeira do ensino primário de Santana do Brejo Grande, para a cadeira do mesmo ensino na Várzea Alegre no termo das Lavras, e este para a de Santana, assim como marca a cada um dos referidos professores o prazo de dois meses afim de que dentro dele tomem posse das referidas cadeiras, de conformidade com o que determina o art. 5º. da citada lei: o que se comunicará a quem competir."
[Pedro II, nº. 117, 23 mai. 1861, p. 2]

O professor Raimundo Nonato de Pontes Pereira viria a casar-se com uma neta de Papai Raimundo, a senhora D. Teresa de Jesus Maria (Dondon), filha esta do Major Joaquim Alves Bezerra e de Antônia Correia Lima. O casal retromencionado gerou, dentre outros, Amélia Máximo de Pontes (a esposa de Francisco Moreira de Carvalho Pimpim - Major Pimpim). Vejamos abaixo uma breve relação da prole do professor Raimundo Nonato e de D. Teresa:

1.Maria    [*18.01.1866]    [~23.01.1866]
2.José    [*10.06.1867]    [~23.06.1867]
3.Sérgio    [*13.01.1869]    [~22.01.1869]
4.Amélia    [*13.06.1863]    [~24.06.1863]
5.Joaquim    [*??.09.1868]    [~15.09.1868]
6.Benedito    [*19.10.1871]    [~19.12.1871]
                

03 de setembro

É desta data portaria:

"Nomeando sob proposta do Dr. chefe de polícia para o cargo de subdelegado do distrito da Várzea Alegre ao cidadão Antônio Gonçalves de Araújo, ficando exonerado daquele lugar, a bem do serviço publico, o cidadão que o exercia."
[Pedro II, nº. 209, 12 set. 1861, p. 2]

Dito cidadão Antônio Gonçalves de Araújo era genitor do "escritor analfabeto" Pedro Tenente.

1862

17 de julho

É desta data uma nota de obituário colérico da província cearense dando conta de 210 vítimas em terras varzealegrenses.
[Pedro II, nº. 164, 17 jul. 1862, p. 2]


15 de novembro

Transcrição da reunião da Assembléia Provincial cearense registra a fala do Sr. Theodulpho, onde declara que:

"A freguesia de Lavras é povoada por 27 a 28 mil almas, nela existem além de outras, uma importante capela na povoação da Várzea Alegre, povoação que oferece vantagens consideráveis não só para merecer a categoria de vila, como ser elevada a matriz.

Foi dirigida ao Prelado Diocesano uma petição dos habitantes daquela povoação pedindo a criação de uma freguesia, criação tanto mais necessária e conveniente, quando não oferece dificuldade alguma, por isso que se limitava a separar-se da freguesia de Lavras, o território necessário, compreendendo doze mil almas, e ficando a de Lavras com 16 mil sem ofender outras freguesias limítrofes: o Diocesano ouvindo informações sérias com relação a freguesia de Lavras e a de uma outra freguesia na Boa Vista, e em outros lugares, sempre respondeu que não podia assentir visto como esperava pôr-se a par das necessidades, para então poder resolver satisfatória e conscienciosamente."
[Pedro II, nº. 265, 19 nov. 1862, p. 2]


1870

09 de setembro

A Assembléia Legislativa Provincial do Ceará resolve:

Art. 1°. Fica elevada a categoria de vila a povoação de Várzea Alegre, tendo por limites do respectivo termo os mesmos da freguesia.

Art. 2º. Haverá um escrivão do crime, cível, órfãos e mais anexos no mencionado termo.

Revogam-se as disposições em contrario.
[Pedro II, nº. 193, 14 set. 1870, p. 3]


1871

09 de setembro

Publicada resolução provincial:

“Nº. 1.422 da mesma data [09.09.1871] marcando os limites do município de Várzea Alegre, que serão os seguintes:  partindo da Aba da Serra, da casa do finado Lourenço da Costa Lima, onde sempre confinou com a freguesia de Lavras, pela estrada que segue para a cidade de Icó, conservem não só as primitivas divisões, como também compreendam os sítios Baixio, Olho d’Água, Gangorra, Mulungu e Marrecas, sendo que este último sempre foi a linha divisória entre a primeira freguesia e a do Icó”.
[O Cearense, nº. 109, 22 set. 1871, p. 1]

1872

28 de maio

Dos mais sangrendos o clima que circundava o nascente município de Várzea Alegre. Em matéria publicada nesta data dá-se conta dos crimes seguintes:

1  Na Serra Nova Manoel Joaquim assassinou a Luiz Bernardo.
2  No lugar Mundo Novo Luiz Carlos assassinou a Pedro Inácio.
3  Na Serra dos Cavalos Raymundo Correia e seu filho João Raymundo assassinaram ao inspetor de quarteirão Raymundo José.
4  Na povoação da Venda Manoel Antônio Mendes assassinou a João de tal.
5  No sítio S. Vicente um tal Régio assassinou a Antonio de tal.
6  Na Venda Maria Alexandrina assassinou o próprio filho.
7  No Umary Paulino José de Castro tentou assassinar ao padre Claudino.
8  Vicente Garra tentara assassinar a Francisco Pedro.
9  No sítio Pimentas Antônio Vicente espancou barbaramente a Maria Cidreira e cortou-lhe os cabelos.
10  Caetano Patrício Barbosa e outros espancaram a Vicente Reinaldo.
11 No sítio Junco João Antônio Ferrer espancou a Ana Teresa de Jesus.
12 No lugar Lages Joaquim Pereira espancou a viúva Maria Joaquina.
13 Joaquim Bandeira, no Tabuleiro da Cruz, espancou gravemente a Ana Joaquina.
14 No Tabuleiro Alegre Marcos de tal espancou mortalmente a Pedro Antônio Ribeiro.
15 Antônio Pelado e outros espancaram a uma patrulha que fazia a ronda.
16 No sítio Unha de Gato Fidélis Moreira da Silva espancou a sua enteada de nome Cândida.
17 Alexandre Pinto, na Venda, deu uma punhalada no subdelegado.
18 Na Canabrava José Furtado de Lacerda surrara ao oficial de justiça João Manoel Cavalcante.
19 Na Venda Pedro Gonçalves espancou a Pedro Brito.
20 21 No Juazeiro Antônio da Silva surrara a seu cunhado Manoel da Silva e este por sua vez espancou aquele.
22 No sítio Roça Velha Francisco Palhano e Cesário Batista esfaquearam a João Correia Lima.
23 Vicente Ferreira esfaqueou ao liberto Alexandre.
24 O coletor provincial Bemvenuto Boa Ventura Bastos, foi agredido em sua casa sofrendo uma formidável cacetada.
25 No lugar Acauã José Eleutério e seus filhos esbordoaram gravemente a José Pereira de Queiroz e filhos.
26 No sítio Emas foi barbaramente espancado João de tal.
27 Na povoação de S. Caetano um filho de T?? deu uma facada em José Antônio Marques da Silva Guimarães.
28 No Cedro, Bernardino Correia Lima espancou barbaramente a seu irmão Teotônio Correia Lima.
29 No Saco dos Bois Agostinho de tal esfaqueou a sua cunhada Eugênia.
30 No Trapiá Henrique de tal esfaqueou a um seu morador.
31 José da Silva espancara e ferira a Joana Maria da Conceição.
32 Vicente Parnaíba furtou de pastos de criar 2 rezes.
33 João Antônio Linhares passou e fabricou cédulas falsas.
34 Norberto Félix de Sousa passou notas falsas na povoação de Várzea Alegre. Preso, o criminoso foi solto pelo subdelegado.
35 Sebastião Correia Lima na Várzea Alegre tomou à força bruta do poder de uma escolta um preso.
36 Na Venda Abel Pedro de Alcântara tomou do poder do subdelegado o preso Alexandre Pinto.


[O Cearense, nº. 43, 28 mai. 1872, p. 2]

Este o estado de terror que grassava aquele infame território.

1887

27 de junho.

Em data supra referida foi exonerado do cargo de subdelegado de polícia do distrito de S. Caetano do termo de Várzea Alegre João de Holanda Cavalcante. Nomeado em seu lugar o alferes José da Costa Vilar Filho.
[Pedro II, nº. 53, 03 jul. 1887, p. 1]

1889

03 de janeiro

Em carta endereçada ao Bispo os paroquianos varzealegrenses queixam-se sobre o Pe. Joaquim Manoel de Sampaio, e citando caso anterior ocorrido na freguesia de Milagres pedem seu afastamento.

"Continua o vigário Joaquim Manoel de Sampaio a afastar-se cada vez mais do caminho que devia trilhar como sacerdote, e sacerdote encarregado de promover o bem das almas dos fiéis de uma paróquia.
Não somos inimigos de padres, Exm. Sr. Bispo.
Conhecemos alguns que, infelizmente, são o terror das famílias e vivem entregues a todos os vícios, especialmente ao da embriaguez, e que não ocultam, pelo contrário ostentam o seu ódio à moralidade e aos bons costumes.
Conhecemos outros que, acobertados com a capa da hipocrisia, querem ser tidos na conta de virtuosos, quando são mais perigosos do que aqueles, pois se pode evitar-se muito bem a mordedura de um cão danado, é difícil evitar-se a de um que morde de furto.
Lastimamos, porém, que isso se dê e, se estivesse em nossas mãos, a igreja católica, a quem temos por mãe, não seria obrigada tantas vezes a envergonhar-se das misérias de alguns dos seus ministros.
O vigário Joaquim não é um homem perdido, como muita gente talvez suponha; mas é incapaz de exercer o cargo de que se acha investido.
Completamente falto de bom senso, e amante da paraty, não liga aos deveres de seu cargo a devida importância, e ei-lo a descompor e a injuriar aos seus paroquianos, ora de púlpito, ora pelas colunas de jornais, obrigando a muitos a afastarem-se da igreja e a pedirem a S. Exc. que os livre de tamanha praga, como já pediu e felizmente obteve o povo da freguesia de Milagres, onde o vigário Joaquim chegou ao ponto de excomungar do púlpito ao juiz de direito d’aquela comarca, Dr. Barros, como afirmou o Dr. Cartaxo em artigos publicados no Cearense.
Não somos inimigos de padres, Exm. Sr. Bispo, repetimo-lo, e a prova é que até hoje temos tratado com a maior consideração a todos os padres que tem estado n'esta freguesia.
NAo somos inimigos de padres, mas não podemos ser amigos do vigário Joaquim, que não o quiz, ser nosso, e que está incompatibilizado conosco.
E como nada nos contriste mais do que sermos obrigados a fugir da igreja, por sabermos que em lugar do um bom pastor iremos encontrar lá um inimigo, pedimos a S. Exc., pelo amor de Deus e da nossa santa religião, que nos dê um vigário que tenha juízo, porque o que o tiver saberá cumprir os seus deveres e conseguintemente conquistará o respeito e a amizade de todos os seus

Paroquianos.

Várzea Alegre, 3 de Janeiro do 1889."


[Pedro II, nº. 14, 1º. fev. 1889, p. 2] Publicado originalmente no Facebook de George Ney Almeida Moreira

Antonio Morais