PROFECIA EQUIVOCADA.
Este poema datado do dia 18 do junho, do ano de 1948, é da autoria do meu avô Joaquim José Vieira ( Joaquim Piau ) Resgatado por Jozélia Vieira de Meneses.
O verso foi desenvolvido para contrariar o profeta Antônio Duarte Bezerra ( Parafuso ) Que na sua profecia dizia que aquele ano seria de seca, quando aconteceu o contrário, choveu demais.
O verso na íntegra era na sequência do A.B.C. Mas o perverso tempo e as circunstância da época não pouparam esse trabalho.
Dedicado ao primo Antônio Morais, a prima Socorro Martins e ao Memória Varzealegrense.
Antônio Duarte Bezerra
Cabra bom de previsão
Dos profetas atuais
Está sendo o campeão.
Só não é muito feliz
Porque tudo quanto diz
É plena contradição.
Baseado nos dizeres
Do colega João Pereira
Arvorou-se de profeta
E haja a dizer besteira:
- O Riacho do Machado
Disse ele:- Há coitado!
Não lava nem a poeira.
Coitadinho do Bezerra
A quem ele se pegou
Com esse quarenta e oito
Que a todo mundo enganou.
Com o tanto que choveu
Até pedra amoleceu
E Parafuso enferrujou.
Dizem que o tal Bezerra
Reza uma tal oração
E dormindo tem um sonho
Que é a revelação.
E então depois que acorda
O sonho todo recorda
E faz a interpretação.
Este ano Seu Bezerra
O senhor se atrapalhou,
Ou a oração foi fraca
Ou o Senhor não sonhou.
Sei que teve uma travessa
Trocaram a porca avessa
E o Parafuso emperrou.
Francisco Ramos de Lima
Também fez a previsão
Disse que no mês de março
Ia fazer um verão.
Em março foi que choveu
Que o Ramo apodreceu
E a Lima caiu no chão.
Garantia Seu Bezerra
Que esse ano não chovia
Os vasos ficavam secos
E o riacho não corria.
É certo os vasos secaram
Mas foi os que arrombaram
Com a água em demasia.
Hoje em dia qualquer um
Mete-se a profetizar
Começa a dizer besteira
E o povo a insuflar.
Depois que se vê perdido
Haja profeta escondido
E o povo a criticar.
Na minha mente o Bezerra
Já está desiludido
Não dá para ser profeta
Já deve tá convencido.
Um pecador me dizer
O que Deus tem pra fazer
Já vi trabalho perdido.
Outrora havia profeta
Homem por Deus enviado
Dotado de inteligência
Pois era predestinado.
Hoje em dia neste mundo
Qualquer tipo vagabundo
Quer ser profeta afamado.
Por isso vive caindo
Em erros consecutivos
Por causa da ignorância
De que são eles cativos.
Com tanta incapacidade
São eles pra humanidade
Uns elementos nocivos.
Qual seca meu camarada?
Esse ano foi confuso
Legume foi muito pouco
Mas chuva causou abuso.
Perdeu seu nome sabendo
E sabe o que ficou sendo?
Um humilde parafuso.
Resta agora o Ferreira
Profeta pernambucano
Fazer sua ratazinha
Na previsão desse ano.
Pouco a pouco vai perdendo
E termina acontecendo
Como o velho lusitano.
Se Bezerrinha tomasse
Um conselho, eu ia dar
Para deste ano em diante
Nunca mais profetizar.
Deixava o tempo correr
E o que dissesse só ser
Depois que a coisa passar.
Tais profetas afamados
Chafurdaram esse ano
Com previsões diferentes
Caiu tudo no engano.
Bezerra e Chico besteira
E o grande João Ferreira
Profeta pernambucano.
Uma coisa Seu Bezerra
Tenha cuidado na vida!
Pense muito e fale pouco
Deixe a conversa comprida.
Não faça tanta explosão
Para sua previsão
No fim não sair perdida.
Vou convidar o Bezerra
Pra uma acomodação
Mas na condição de que
Nem um de nós tem razão.
Porque nem eu sou poeta
Nem Parafuso é profeta
Fica acabada a questão.
Chacotas embora sejam
Pois no verso eu sou pateta
Não me incômodo com isto
Porque nunca fui poeta.
Porém me resta um consolo
Se eu sou um poeta tolo
Parafuso é mal profeta.
Joaquim José Vieira ( Joaquim Piau )