Eu
nunca que acreditei
Em
coisa do outro mundo
Mas
uma vez me assustei
Na
terra de São Raimundo.
Surgiu
lá uma marmota
Lá
nas banda da Varjota
Que
fazia assombração.
Todo
mundo que passava
Ela
batia e xingava
Não
escapava um cristão.
João
Sem Braço disse: - Eu vou!
Encarar
essa marmota,
O
cabra se preparou
E
foi bater na Varjota.
Mas
foi o maior fracasso
Quase
perde o outro braço
Escapou
mesmo fedendo.
Depois
que o cabra fugiu
Nunca
mais que ninguém viu
Até
hoje anda correndo.
Em
Várzea Alegre o assunto
Era
só sobre a visagem
Formaram
um adjunto
Só
com homem de coragem.
Na
frente foi Chico Pão
Atrás
ia Damião
Mas
foram só apanhar.
Chico
Pão voltou quebrado
Damião todo aleijado
Começaram
a gaguejar:
- O
bicho parece gente
Mas
briga como animal
Eu
tenho na minha mente
Que
aquele bicho é de pau.
Não
sei onde arranjou voz
Mas fala
assim como nós
Sabe
todo palavrão.
Tem
um fio no espinhaço
Cordão
debaixo do braço
É
preto que nem carvão.
- De
pau já vi cantareira
Cambito,
mesa e caixão
Vi
cadeira e cristaleira
Mas
gente nunca ví não.
Eu
acho que aquela coisa
É
invenção de Cláudio Souza
Que
não tem o que fazer.
Se
for alma eu vou rezar
Sendo
pau eu vou quebrar
Se
for bicho vai morrer.
OPERAÇÃO
MATA BICHO:
- Eu
imaginei assim:
- Se
a visagem é de pau
Vou
arranjar um cupim
E
acabar esse mal.
Peguei
um carro de mão
Fui
até o Caldeirão
E
trouxe um cupim inteiro.
Fiz
um buraco profundo
Botei
o cupim no fundo
E
cobri com marmeleiro.
Decorei
bem o local
E
gritei para o Negão:
-
Vem cá pedaço de pau
Que
tu vai virar tição.
Tu
hoje vai aprender
Ou
querendo, ou sem querer
A
respeitar meu lugar.
Se
você não é humano
Hoje
entra pelo cano,
Corra
dentro pra apanhar!
Ele
veio atrás de mim
Só
dizendo nome feio
Eu
desviei do cupim
Ele
caiu bem no meio.
Quando
o cupim atacou
O
bicho estrebuchou
Feito
peixe no galão.
Fui
saber quem era a fera
Pois
não é, que o bicho era
Joãzinho
de Damião.
Mundim
do Vale
V.
Alegre-Ceará