VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Um Conto de CARNAVAL - Memória Varzealegrense

CARNAVAL DE 1963 - Edmilson Martins

Meados de 1962, Novembro ou Dezembro, não me lembro bem, um certo dia eu estava  com Waldefrance Correia preparando os cartazes de um filme nacional, “Aviso Aos Navegantes, Carnaval no Fogo  ou Garotas e Samba” bem, não importa, o fato é que era uma chanchada carnavalesca.  Nesse momento chegam Murilo Teixeira Deassis de Nelim,  Osmundo Fiuza e salvo engano Zé de Borgim.

Enquanto comentávamos o filme, me veio uma idéia: Ei, que tal a gente formar um bloco para o próximo carnaval? Imediatamente todos concordam com a ideia. E, se em vez de um, formássemos dois ? isso seria bom para estimular a concorrência, mas é claro , seria melhor ainda, eles concordaram por unanimidade. Bem, eu vou ficar encarregado de um, quem vai enfrentar o outro? Não me lembro se Deassis ou Murilo topou a parada, e foram logo dizendo que iam convidar a mulherada pra participar, o que foi uma excelente ideia.

Agora vamos pensar nos nomes.  Alguém sugeriu que tal, Gregos e Troianos? Sei não, disse alguém,  esse povo só vivia em guerra e nós queremos é paz e harmonia. Temos que pensar também nas fantasias, sugeri, não pode ser coisa muito complicada não. Sabe qual a fantasia que eu gostaria de desfilar ? Como um marajá daqueles países  do oriente,  e nasce ai “OS ORIENTAIS” Bom, falta agora o nome do outro bloco. Bem o nome do  outro , vejamos, já descartamos Gregos e Troianos, que tal ESPARTANOS. Esse nome caiu como uma ducha. Nasce “OS ESPARTANOS. Tudo resolvido.

Nos  dias que se seguiram partimos para os detalhes, convidar e reunir os participantes para:

- Criarmos os Estandartes.

- Criarmos os modelos para as fantasias.

- Formarmos a Banda e Bateria.

Os estandartes ficaram a cargo de Ildefonso que trabalhava na Farmácia de Seu Nelim e que nessa época já era um grande pintor.

As Fantasias, para isso nós fomos  até à biblioteca de S. João Teireira, talvez a maior biblioteca de Varzea-Alegre, e, folheando as enciclopédias, achamos os modelos ideais para as fantasias, agora era só confecciona-las.

A Banda ou bateria,  Convidamos Mestre Chagas e alguns músicos da Banda de Música local que aceitaram participar, tivemos também a ajuda de Pedro de Sousa que na época me ajudava nos programas de calouros do Odeon, nos ensinando a tocar pandeiro, tamborim, reco-reco, tambores, e até uma cuíca que ninguém conseguiu aprender a  tocar direito aquele troço, assim mesmo formamos nossa “bateria” se é que se  pode chamar aquilo de bateria.

Após longo preparativo com  ensaios, coreografias e muito trabalho chega o grande dia:

Nervos à flor da pele pois sabíamos  que fora criada uma comissão julgadora,  cujo presidente era nada mais e nada menos do que o renomado comentarista da BBC de Londres, Joaquim Ferreira.

Primeiro Dia: A Rua Major Joaquim Alves apinhada de gente para ver o tão badalado desfile. Nós, os foliões dos ORIENTAIS dançávamos garbosamente ao som das marchinhas sob os aplausos da multidão, era uma apoteose! Em seguida, sob arrufos, delírio e suspiros da rapaziada e da multidão vinham OS ESPARTANOS  jorrando beleza pois ali estavam desfilando o que Varzea- Alegre tinha de mais belo, era um colírio para os olhos da multidão que embevecida aplaudia.

Logo em seguida, aparece Matias de Souza acompanhado de um grupo do Roçado de Dentro com sua sanfona e vários outros instrumentos acompanhando o desfile, a eles se juntaram alguns “SUJOS”, foliões que fantasiados se juntavam ao grupo.

No segundo Dia, a mesma coisa, só que o bloco do roçado de Dentro apareceu maior e mais organizado arrancando risos da Multidão.

No terceiro dia, o desfile final tinha que ser histórico, pois o título estava em jogo. Por essa ocasião o bloco de Matias já era enorme e devido à grande diversidade de caracterizações e fantasias absurdas o povo delirava durante sua passagem pelas ruas da cidade. Nascia ali A ESCOLA DE SAMBA UNIDOS DO ROÇADO DE DENTRO que até hoje abrilhanta os carnavais de Varzea-Alegre.

No dia seguinte sai o resultado da apuração. OS ESPARTANOS  foram merecidamente os  Campeões.   

Sei que muitos nomes não foram citados, talvez por esquecimento ou  por  eu querer falar apenas da minha participação nos eventos, sei também que nada disso teria sido feito sem  a participação e colaboração direta dos meus amigos e de todos aqueles  que de alguma forma participaram dos eventos aqui  descritos.

A  saudade que sinto daquela época é enorme e para todos aqueles que ainda estão entre nós e que participaram desses momentos da minha vida, um forte abraço e o meu muito obrigado!

Edmilson Martins
Juazeiro do Norte, 15 de Dezembro de 2014.
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