O Café de Mariinha
Abria de madrugada,
Mas já tinha na calçada
Gente esperando a sopinha.
Em seguida Jesus vinha
Com o pão de cada dia,
Direto da padaria
Para o povo merendar.
Quem tivesse no lugar
Mariinha já servia.
Se alguém ia viajar
Para o Crato ou Juazeiro,
Só precisava falar
Com Jesus ou João Tonheiro.
Só assim o passageiro
Tinha alguém pra lhe acordar
E um tempo pra passar
No café de Mariinha.
Onde tomava a canjinha
Para depois viajar.
Tudo que acontecia
Na noite ou na madrugada
Tinha gente acordada
Pra contar no outro dia.
Mariinha não ouvia
Por conta da ocupação,
Mas o assunto em questão
Era a falta de
respeito.
Não poupavam nem prefeito,
Nem padre, nem sacristão.
Ainda lembro do cheiro,
Porém não tinha dinheiro
Pra curtir minha vontade.
Mas pra falar a verdade
Quando era de tardezinha,
A grande vontade minha
Era do doce cortado
E aquele bolo ligado
DO CAFÉ DE
MARIINHA.
Mundim do Vale
V. Alegre-Ceará.