DESERTEI O MEU SERTÃO.
É triste
mas é verdade
Não
é uma caso isolado,
Eu
deixei o meu roçado
Mas
sinto muita saudade.
Não
foi a minha vontade
Esquecer
o meu torrão,
Mas eu
perdi a noção
E me
faltou a coragem.
POR CAUSA DA ESTIAGEM
DESERTEI O MEU SERTÃO.
Se
ponham no meu lugar
Me
digam se é diferente
Eu
olhar pra nossa gente
E não
poder ajudar.
Eu
vi a chuva parar,
Não
escutei mais trovão,
Vi
rachadura no chão,
No
lugar que era pastagem.
POR CAUSA DA ESTIAGEM
DESERTEI
O MEU SERTÃO.
Eu
morava na palhoça
Na
maior tranquilidade
A
minha felicidade
Era
o trabalho na roça.
As
crianças na carroça
Levavam
milho e feijão
Pra
fazer a refeição
Do
pessoal da moagem.
POR CAUSA DA
ESTIAGEM
DESERTEI O MEU SERTÃO.
Não
estou aqui dizendo
Que
só com a gente acontece,
Mas
não valeu minha prece
Para
os animais morrendo.
Eu
vi criador sofrendo
Vendo
a rês cair no chão,
Pela
falta da ração
E
água na açudagem.
POR CAUSA DA ESTIAGEM
DESERTEI O MEU SERTÃO.
O
cearense só chora
Depois
quer o caixão sair,
Mas
se uma seca surgir
Ele
tem que ir embora.
Se o
pau de arara demora
E
falta alimentação
Ele
credita a questão
As
despezas da viagem.
POR CAUSA DA
ESTIAGEM
DESERTEI O MEU SERTÃO.
O
cearense a sofrer
Fica
nessa dependência
Vivendo
só de carência
Sem
ter a quem recorrer.
Então
resolve fazer
A
prece a Frei Damião
E
vai para o Maranhão
Mas
não recebe hospedagem.
POR CAUSA DA ESTIAGEM
DESERTEI O MEU SERTÃO.
Juntei
os teréns que eu tinha
Depois
fui lá no terreiro,
Me
despedir do coqueiro
Que
plantei com Mariinha.
Dei
de garra da latinha
Onde
eu juntava tostão
Subimos
no caminhão
Levando
pouca bagagem.
POR
CAUSA DA ESTIAGEM
DESERTEI O MEU SERTÃO.
São
Bernardo me acolheu
Mas
aqui é diferente,
Não
posso viver contente
Que
o barraco não é meu!
Um
parente apareceu
Não
teve acomodação
E só
por esta razão
Perdi
a camaradagem.
POR CAUSA DA ESTIAGEM
DESERTEI O MEU SERTÃO.
Minha
avó sempre dizia
Que
bom é o lugar da gente,
Com
a família presente
Toda
hora e todo o dia.
Mas
minha avó não sabia
O
que é faltar o pão,
Na
casa de um cidadão
Que
nunca fez ladroagem.
POR CAUSA DA ESTIAGEM
DESERTEI O MEU SERTÃO.
É um
fenômeno natural
Uma
seca no Nordeste,
Mas
nosso cabra da peste
Sofre
no meio rural.
O
governo federal
Tem
que olhar a região,
Que
garante votação
Com
uma larga vantagem.
POR CAUSA DA ESTIAGEM
DESERTEI O MEU SERTÃO.
Mundim
do
Vale
V.
Alegre - Ceará