VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

terça-feira, 18 de junho de 2013

025 - Do Tempo do Bumba - Memória Varzealegrense

BARRÃO  TEIMOSO.

Esse causo aconteceu no ano de 1955, no sítio Vazante em Várzea Alegre – Ceará.
Certo dia o Sr. Raimundo Beca, chamou seu filho Benedito e falou:
- Benedito. Vá lá na casa de Zé Piau na Lagoa do Arroz e diga a ele que eu mandei pedir o barrão dele emprestado, para cruzar com a minha novia de porca.
Benedito pegou uma corda e disse:
- É pra já!
Chegou na casa de Zé Piau, deu o recado do pai e Zé piau disse:
- Pois não. Pode levar, mas ele vai lhe dar um certo trabalho.
O barrão não queria fazer aquela viagem, Benedito passou mais de uma hora só para conseguir amarrar a corda no mocotó do porco. Depois foi outra luta para chegar até a estrada. Vocês sabem como são os porcos, eles andam dez metros para a frente e vinte para trás.
Benedito chegou na cerca, passou primeiro o porco, depois ficou tentando passar, foi quando o bicho deu uma arrancada. O condutor caiu por cima de umas raízes de oiticica, o barrão aproveitou e ganhou o mundo em direção do baixío de João do Sapo. Saiu o porco gritando na frente e Benedito gritando atrás. Felizmente tinha um pessoal limpando arroz e fizeram uma barreira humana para imobilizar o porco. Benedito agradeceu e voltou com o porco para a estrada. Suviu a ladeira de Cirilo com muito trabalho, mas quando chegou na cancela de Zé Vicente, o barrão escapou novamente e partiu na direção do Ronca. O barulho dos dois era tão grande que todo o pessoal da Lagoa do arroz escutou.
O porco que estava mais cansado do que Benedito, chegou no pé da serra do Gravié e não conseguiu mais correr.
Benedito chegou, botou o joelho na cabeça do porco e falou:
- Cabra teimoso. Se você subesse o qui é qui vai fazer, num pricisava deu levar na marra. Mais agora você vai nem qui num queira.
Juntou as duas patas dianteiras com uma mão e as duas trazeiras com a outra, jogou o Barrão no ombro e disse:
- Você tá pegado é cum um omi!
Saíram o porco gritando e ele cantando:
- “ Quer ir mais eu ramo,
Quer ir mais eu rambora. “
Quando passaram na casa de dona Mimosa, o barrão já ia sem o rabo e benedito sem um pedaço da orelha.
Finalmente chegaram em casa, Benedito foi subindo a calçada, quando a sua mão Maria gritou:
- Êpa! Por dentro de casa não. Podem ir pelo terreiro, que vocês dois tão muito fedorentos.
Benedito foi pelo oitão e jogou o barrão quase nos pés de Raimundo Beca. Raimundo olhou para o filho com um certo despreso e falou:
- Mas Benedito. Como é que você saiu daqui às sete horas da manhã e vem chegar às cinco da tarde. Agora não vai mais precisar do barrão não, porque você tava custando e eu mandei João pegar o de Caetano. Você volte com o porco entregue de volta e diga a Zé Piau qe eu mandei agradecer.
- Pai. Apois deixe eu tumar um bãe premêro pruque esse infiliz me cagou todim.
- Deixe pra tomar banho quando voltar, porque você vai se sujar de novo.
Benedito concordou e estirou a mão para o pai. O pai zangado falou:
- Praque essa mão. Eu não já lhe abençoei hoje?
- Já. Mais é pruque eu sei qui num vorto mais hoje.
- E não volta porque? A Lagoa do Arroz é bem alí.
- É pruque pai num intende. Poico é o bicho mais teimoso do mundo. Só que fazer o contraro. A gente quer lavar ele pru lado do nacente e ele só quer ir pru lado do poente.
- Pois você faça assim; Diga a ele que vocês vão para os grossos. Mais arribem logo daqui, que eu  não aguento mais essa catinga.

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