AS QUERMESSES EM MIGUELÓPOLES - JOÃO BITU
Anualmente por ocasião dos festejos juninos acontecia no sítio Juazeirinho, localidade situada bem ao lado da ribeira ou Estrada Velha entre as Canaúbas e o Açude das Caraíbas, já nas proximidades do Distrito de Canindezinho, num pequeno povoado que foi criado por iniciativa e direção do Senhor Miguel Marica, cidadão muitíssimo conceituado naquela região, as comemorações em alto estilo e riqueza em temos de bom gosto.
Entre as décadas de quarenta e cinqüenta foi erigida uma Capelinha muito bonita e daí as missas e demais cerimônias religiosas passaram a ser celebradas em suas dependências, quando antes ocorriam na residência daquele patriarca, Com a edificação da Igreja, Padre Otávio batizou o locai com o nome de” MIGUELÓPOLES” em homenagem ao seu fundador, que significa cidade de MIGUEL.
Capela do Juazeirinho |
O vigário de Várzea Alegre era o Padre José Otávio de Andrade, nascido em Bebedouro na região dos Inhamuns, era estimado sem exceção por toda gente da comarca. Tinha como assistente principal, João Batista (ou João de Seu Amadeu), uma figura queridíssima notadamente pelo seu alto senso de humor, por todos que o conheciam. Costumava fazer presepadas as mais interessantes possíveis e contar anedotas ao seu gênero.
Padre Otavio e João Batista |
De toda circunvizinhança vinham fiéis cheios de fé e confiança em busca de ativar e renovar seus propósitos e sua luta contra o pecado, pela assistência às cerimônias religiosas, pela confissão e pela comunhão por intermédio do sacerdote aos pés de Santo Altar.
A Capela toda enfeitada com flores e as imagens alegremente rodeadas de inscrições com dizeres cristãos davam a tonalidade fiel das comemorações. Era uma atração à parte. Lá fora a alegria contagiante com o pipocar dos fogos de artifícios, bombas, traques e gritos estridentes das crianças gerando um majestoso espetáculo.
Até de localidades mais distantes as pessoas de todas as idades vinham aos festejos para assistir as missas, rezar, confessar seus delitos,comungar diante do seu sacerdote. Eis que em certa ocasião, como nos foi relatado pelo próprio sacristão, duas senhoras já de idades bastante avançadas, chegaram para receber aqueles sacramentos da Igreja, contudo a cerimônia havia terminado há algum tempo, o que as levou a lamentar e chorar copiosamente pelo tempo perdido e pela caminhada empreendida inutilmente.
Compadecido diante daquele malogro João Batista, homem solícito e caridoso e não muito comprometido com os rígidos critérios da Santa Igreja, achou por bem contemplar as duas velhinhas sofridas com a realização da santa comunhão e o fez pessoalmente, deixando-as felicíssimas conscientes de haverem alcançado as suas aspirações.
O que não se sabe, entretanto, é qual teria sido a reação de Padre Otávio, ao tomar conhecimento daquele procedimento fortuito de nosso bem estimado e prestativo Sacristão.
João Bitu.