Como saudosista, vez por outra, rebusco o passado, e, o tempo me leva de volta as festas de São Sebastião da Boa Vista, animadas por Chico de Amadeu, os reisados do Serrote com o Sala de Reboco, e, os jogos de futebol do Sanharol e IputY.
Nestes eventos e noutros quaisquer uma figura estava sempre presente. Nunca se divertindo, sempre trabalhando, um balaio de pão de ló e manzape, um panelão de sopa e canja, um caçuar de frutas e uma chaleira no fogo fazendo café. Falamos da senhora Francisca de João Gomes. Quem do meu tempo não a lembra?
Morava no inicio da parede da "Lagoa do Serrote". Mulher serena, honesta e lutadora. As vezes, Francisca atendia as amigas na feitura dessas especiarias em suas casas.
Doca Bitu, preocupado com a educação dos filhos, comprou uma casa no centro do Crato, próxima dos melhores colégios e, levou os filhos para estudar.
Um dia, Rita, esposa de Doca Bitu convidou a Francisca para fazer uns pães de ló em sua casa. Francisca atendeu prontamente com lhaneza e consideração.
Chegou cedo, colocou lenha de angico no forno e preparou o angu de goma, ovos, erva doce e mel de rapadura.
A primeira fornada queimou. A temperatura estava a mil. Francisca muito jeitosa disse: Tem nada não, eu levo pra João Gomes, ele gosta é queimado. Segunda fornada mesma coisa. Queimou novamente, Francisca repetiu: eu levo para João Gomes, ele gosta é queimado.
A essa altura, os pães de ló já estavam mais que de meia. Então, Dona Rita disse: Francisca, vamos com calma, deixe o forno abrandar a temperatura, porque esses pães de ló é para Doca levar para os meninos lancharem no Crato.
O que uma mãe não sofre pelo bem estar dos filhos.
Fonte:
Antônio Morais (facebook)