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Raimundo Valquirio Correia Lima e Isabel Sobreira Correia |
Ao mestre, com justiça e com muito carinho - Por Álvaro Maia - 17/04/2003
Entendemos a primazia de uma homenagem a alguém quando ela é prestada em vida, pois, ao se extinguir a chama da existência, “Ninguém é ninguém”. O presente artigo poderia ser titulado com qualquer uma das designações seguintes, dentre outras: “Obrigado, Professor”; “Titã da Bondade”; “Dádiva Cearense”; “Construtor de Sucessos”; “Justa Homenagem”; “Preito de Gratidão”. Optamos pelo acima epigrafado por entendermos ser o mais completo para o que nos propusemos.
A história é a seguinte: vive em Sergipe, desde os idos de 1952 um Cearense especial que, egresso de Várzea Alegre – Ceará, cidade do arroz, mais conhecida como “Pérola do Vale do Machado”, ao cumprir a sua enobrecida missão de educador em nosso Estado, sempre ajudou a engrandecer, de forma excepcional, a educação e a cultura de muitas famílias sergipanas acatadas, caritativamente, com denodo, graça e amor, pelos bondosos corações seu e de sua excelsa esposa. – A sua cidade natal se sobressai em função, principalmente, de duas características distintas: A primeira, por servir de berço a ilustres personalidades do Brasil e do mundo, a exemplo de Flávio Primo, competente Agrônomo de 1ª linha, que foi um grande Líder na condução de Empresa Pública do Estado de Sergipe e da Agremiação Desportiva Confiança, que presidiu. Ele continua a cultivar, com perseverança e galhardia, o que mais gosta: Boas e verdadeiras amizades, dentre as quais, modestamente, nos incluímos. Raimundo Ferreira, importante locutor da BBC de Londres; José Morões, Médico há mais de 40 anos no Rio de Janeiro; e Otacílio Correia (de saudosa memória), empresário e político de valor, além de ter sido um excelente contador de estórias. A outra distinção dessa cidade é o fato de ser conhecida como a “Terra dos Contrastes”. Lá, o “Zé Preto”, era branco e o “Zé Branco”, era preto; o Cruzeiro, ficava atrás da Igreja; o Juiz, era uma mulher (possivelmente, a primeira Juíza do Brasil); o Padre Otávio, era casado; o Avô paterno de Flávio Primo, militava na “UDN” e era inimigo do Avô materno, que pertencia ao PSD; A via de acesso ao cemitério da cidade chamava-se “Rua da Alegria”; E, para completar, o Padroeiro da cidade, São Braz, é São Raimundo Nonato. Vejam bem: “Nonato” – “Não Nascido!”. A propósito, é de se registrar que o “Rei do Baião”, o inesquecível Luiz Gonzaga, gravou uma música em homenagem àquela povoação, intitulada “Contrastes de Várzea Alegre” – “Mas diga moço, de onde você é... Eu sou da terra que de mastruz se faz café”... Sobre esse bendito pedaço do Ceará, pode-se discorrer à vontade, pois assunto não falta. Todavia, retomemos à figura do nosso preiteado. No dia 17 de abril ele completa idade. Neste ano, chega ao seu 79º (Septuagésimo nono) aniversário. Que grandeza! Parece que foi ontem o seu nascimento à Rua Major Joaquim Alves nº 160. Essa homenagem, é nosso presente. Pinçamos do seu “Curriculum Vitae” alguns dados e tomamos a liberdade de publicar aqui, conforme segue: Filho dos renomados Professores Leandro Correia Sobrinho e Dona Clara Correia Lima, enveredou, desde cedo, também, pelo caminho da educação. E induziu, ainda, sua prole a abraçar a carreira do magistério de modo que, todos os seus filhos e filha possuem licenciatura plena em pedagogia, mestrado em educação, letras em inglês, e educação física sendo que somente um, já falecido, não teve tempo de se tornar um educador, preferindo, em vida, a área contábil. A conquista amorosa à rainha dos seus sonhos, D. Bezinha, ocorreu num leilão realizado em São Vicente de Paula, Várzea Alegre/CE. O casamento foi realizado no dia 25 de dezembro de 1948, de modo bastante e merecidamente solene, na Igreja Matriz de São Raimundo Nonato. Tivemos a honra e o privilégio de, convidados, assistir às suas “Bodas de Ouro” que aconteceu da forma mais bonita e elegante na igreja do Salesiano, em 1998, em nossa querida Aracaju. Iniciou sua formação acadêmica no Grupo Escolar São Raimundo Nonato/Várzea Alegre/CE, em 1931. Possui, dentre os seus vastos conhecimentos, curso superior de Comunicação Social – Relações Públicas, concluído em Recife (PE) – 1973. Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Sergipe, 1984, tendo prestado o exame da ordem OAB/Sergipe em janeiro de 1985. Dentre as atividades do magistério, é próprio relembrar: Professor do Curso para Idosos no Seminário São José – Crato/CE, 1940 e na Escola Apostólica Santo Inácio de Loiola S. J. – Baturité/CE – 1942, 1943 e 1944. Fundador, Diretor e Professor do Externato “São Raimundo Nonato” – Várzea Alegre/CE – 1946; Diretor, e Professor do Colégio “Dom José Thomaz”, desde 1952; Professor de “Introdução da Ciência da Comunicação” – Curso de Comunicação Social para as áreas de Relações Públicas e Jornalismo da Universidade Tiradentes – 1983 e 1984. Em suas atividades públicas, vale anotar: Membro fundador do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino e de sua Diretoria, a partir de 1958; Assessor de Relações Públicas da superintendência Regional do Instituto Nacional de Previdência Social INPS e IAPAS – 1968 a 1980; Fundador da Associação Brasileira de Relações Públicas – SE/1976, da qual foi Presidente por quatro mandatos por “Eleição” e por “Aclamação”. No campo político, foi Fundador e Secretário Municipal do Partido Social Democrático (PSD), Várzea Alegre/CE – 1945. Tendo sido também Vereador e Secretário da Câmara Municipal desse Município – 1946/1949. Nas atividades esportivas, marcou presença como Presidente da Associação Desportiva Confiança ADC, nos períodos de 1961/1963 e de 1970/1972 (Aracaju/SE), sendo Presidente do Conselho Deliberativo dessa agremiação desportiva por diversos períodos. Coleciona Diplomas e medalhas as mais diversas, a exemplo do Diploma de Cooperador da Estação PX – Ministério do Exército – IV Exército – 6ª Região Militar – 19ª CSM – 28BC – 10 a 25 de agosto – Exército Brasileiro – Fator de Integração Nacional”; Diploma de Eficiência como participante do X Congresso Nacional dos Estabelecimentos Particulares de Ensino, por mérito. Diploma de Cidadão Aracajuano – dez/1976 e Sergipano – out/1979; Medalha de Honra ao Mérito “Ao Mestre Companheiro”. Reconhecimento do Lions Clube – Aracaju – Salgado Filho – 1996; Medalha Tiradentes – Edição Especial “Memória de Uma Grande Missão” – 1992. Atuação em jornais e rádios: Repórter do periódico “O Tempo” – Várzea Alegre/CE – 1949/1950; Responsável pela coluna diária da “Gazeta de Sergipe” – “O Dia no Olympio Campos” – 1958/1960; Fundador e locutor da “Voz de Várzea Alegre” – Serviço de auto-falantes com alcance urbano e rural – 1948/1952 e locutor político da Rádio Liberdade – Aracaju (SE) – 1956/1958. Para não se omitir dos contrastes da sua terra natal, é de se observar que o nosso “Carrapicho” (Apelidado assim por causa dos cabelos), possui seis irmãos – Rita Valdeliz, José Walter, Geraldo Elpídio, Francisco das Chagas (O China, irmão que sempre o acompanhou “Pari Passu” com amor, dedicação, participação e destemor permanecendo, ainda hoje, fiel à sua amizade e carinho). José Jussué e Terezinha; E a sua prole registra, também, seis pérolas, sendo cinco filhos e uma filha: Raimundo Valquírio Filho (de saudosa memória), Luiz Cláudio (também falecido); Lúcio Flávio, Ítalo Augusto, Francisco Hamilton e a linda Clara Isabel. O “Manchinha” (alcunha herdada dos tempos juvenis quando jogava futebol com os amigos conterrâneos por causa de uma pequena mancha na perna) tem o seu legado especial a Sergipe a partir da sua presença primordial como proprietário, dirigente e professor do Colégio “Dom José Thomaz”, (nome dado em homenagem ao primeiro Bispo de Aracaju) porque, por ali, até hoje exercita os bondosos anseios do seu esplendoroso coração, ajudando a muitas pessoas: Tanto na aprendizagem escolar, quanto no apoio a uma colocação de emprego, ou até e muitas vezes, no aconselhamento paternal e familiar. Pelo Colégio “Dom José Thomaz” cuja divisa era “Nosso Lema é o Estudo” e hoje, passou a ser: “Dom de Aprender” “Dom de Ensinar”, transitaram e ainda hoje o fazem, sob a benquista e generosa orientação do Professor Raimundo Valquírio Correia Lima e sua incansável senhora, Dona Isabel Sobreira Correia – a querida “D. Bezinha”, muitas das eminentes figuras que hoje tão bem representam as simpáticas camadas sociais deste glorioso Estado nas suas diversas áreas – educação, engenharia, medicina, economia, advocacia, serviços públicos, dentre outras, uma grande parte, como nós, de origem pobre que, muitas vezes, nem sempre podia pagar a mensalidade do Colégio, mas ia ficando ali, sob a égide do indulgente beneplácito do bondoso casal. Todavia, é lamentável que, presentemente, o insigne par, enfermo, permaneça enclausurado em seu lar, no seio da família, sem contar com a visitação e gratidão de tantos quantos “amigos”, que foram por eles ajudados a atingir os pináculos da glória, talvez em função do “tempo” e das suas “ocupações pessoais”. (Questões estas que, sabidamente, são motivos de preferência; de prioridade), fatores que nunca impediram nosso homenageado e família de ser presentes à dó de terceiros, quando solicitados. Mas, por dever de Justiça, reconhecemos as exceções onde anotamos da gratidão do Magnífico Reitor da Universidade Tiradentes, Professor Jouberto Uchoa de Mendonça que, em respeito à amizade, gratidão e seriedade, num exclusivo preito de carinho, deu à Vila Olímpica da Universidade Tiradentes o nome do Professor Raimundo Valquírio Correia Lima. Grande Gesto! Aplausos!.
O emérito professor Valquírio, que realizou o maior sonho da sua vida – a formatura de todos os seus filhos, continua a ser o homem simples que sempre foi. Não amealhou riquezas materiais como poderia, por causa do seu grandioso coração. Continua a morar numa residência sem qualquer luxo à Rua Laranjeiras. Gosta de roupas esportes. Adora um “Baião de Dois”, seu prato predileto, embora sobreviva hoje à base de regime alimentar, por orientação médica. E permanece em paz com Deus, alegre e participativo. Vale a pena visitá-lo. Sempre que o fazemos, saímos de lá, renovados e muito contentes. Que Deus o abençoe e o faça permanecer sempre assim, para a felicidade de muitos. Ao completar seu pré-octogésimo aniversário, que ele receba, da nossa e da parte da nossa família, os mais efusivos Parabéns!
NOTA: Para produção deste artigo, foi imprescindível a colaboração especial do amigo Flávio Primo e do ilustre Francisco José, este, sobrinho do homenageado. Obrigado.
Álvaro Maia em 17/04/2003