Estamos aqui reunidos, diante do altar do Salvador, celebrando em ação de graças, "in memoriam", o centenário do nascimento do nosso saudoso patriarca Pedro Luiz Sobrinho, ou Pedrinho Luiz, como se tornou mas conhecido populamente.
A descendência consanguínea soma hoje 46 pessoas e não estou contando com o meu já muito querido e ansiado neto Lucas, que estará chegando em menos de um mês, com as graças de Deus!
Incluídos no cômputo os genros, as noras e os maridos e esposas das netas e netos, já totalizando 63 pessoas, incluídos os nossos saudosos e sempre lembrados Anselmo e Ferrer.
Entretanto, desta enorme família, poucos tivemos a ventura de com ele conviver. Dos 24 netos e netas, por exemplo, apenas seis o conheceram suficientemente, pois o George e o francisco Filho tinham apenas cinco anos quando ele nos deixou.
Daí porque pensei que valeria a pena, mesmo para os que o conheceram, sintetizar nesta oportunidade alguns traços da personalidade marcante de nosso homenageado.
Afinal de contas, quem foi Pedrinho? Que legado nos deixou? como ele era? Que tipo de pessoa foi como esposo, como pai, como amigo, como cidadão?
Começa que Pedrinho foi figura plural. Agricultor, pecuarista, artista, político, comerciante, cooperativista, industrial, líder comunitário, sindicalista rural. Seria inviável discorrer aqui sobre todas as facetas do nosso saudoso e inesquecível ancestral.
Por isso, vou destacar apenas ligeiros traços de sua personalidade, que imagino possam interessar mais de perto os presentes.
Pedrinho teve infância muito difícil. Filho de pequeno produtor rural do Semiárido, órfão aos dez anos de idade, primogênito e sete irmãos, criança ainda teve que desistir dos estudos e trabalhar nas lidas rurais para, na condição de arrimo de família, ajudar a mãe a terminar e criar os irmãos e irmas e a encaminhá-los na vida.
Espírito rápido, inteligência privilegiada, embora jamais tenha frequentando escola formal, aprendeu com professores da roça a ler e entender um texto, estruturar e escrever outro, fazer as contas do que lhe era dado comprar e vender.
Era moreno de olhos verdes, cabelos castanhos, cortado sempre curtos e penteados para o lado direito, quase imberbe, magro (jamais pesou mais que 60 kilos) e meão (media cerca de 1m60).
Legado de Pedro Luiz Sobrinho
Sempre me perguntei onde poderia estar a fonte ancestral da genialidade do violonista Nonato Luiz. Exímio artista, conhecido e aplaudido no Brasil e no exterior, seu DNA melodioso tinha que ter nascente. Só agora, depois de tanto tempo, e tanta convivência, por sermos conterrâneos e amigos, foi que tomei conhecimento que seu pai, Pedro Luiz Sobrinho, foi cantador de viola, e que, formando dupla com o violeiro Manoel Cândido do Limoeiro, foi, por anos, requisitado e festejado por todas a região Centro - Sul cearense.
Outra novidade também conhecida agora por conta da descoberta das influências recebidas por Joaquim Washington Luíz de Oliveira, batalhador das causas sociais no Ceará e no Maranhão, a ponto de hoje ocupar o cargo de Vice-Governador daquele estado e já tê-lo representado como Deputado Federal. É que sendo primo de Nonato Luiz, herdou do tio, sua vocação pela defesa da população necessitada.
Coluna Batista de Lima
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