QUANDO É
TEMPO DE CAJU - MUNDIM DO VALE
Antônio
Carlos, filho de Conceição Carlos, Nasceu
com problemas de audição. Para agravar a situação, perdeu a mãe ainda criança e
foi morar na Vazante com a avó Maria Carlos e os tíos Chico Carrim, Zé Negão e
Damião dos Bonecos.
Um
dia ele começou a cantar o musical Peba na Pimenta da cantora Marinês, a sua
avó não gostou e reclamou:
-
Minino do cão, pare cum essa cantiga imorá.
-
Arre égua! A vó tombém parece uma bruxa, ninguém pode nem cantar uma musga.
Apois eu vô é precurá caju lá im Zé Reimundo.
-
Vai infiliz, Coidado pra num caí de riba do cajuêro, prumode num fazê cumpanhia
ao demõe no inferno.
Antônio
saiu quando voltou foi com dois cajus ainda verdosos.
Quando
a avó viu falou:
-
Eu num acridito qui tu vai chupá esses maturí quante não.
-
Apois eu vô.
-
Apois fique sabeno qui o mudo de Zé Piru ficou mudo foi adispois qui chupô caju
quente.
Não
adiantou o apelo da avó, o neto botou os dois maturis na boca. Terminou de
engolir e já foi ficando pálido e sem fala.
Maria
Carlos mesmo no aperreio disse:
-
Tá vendo condenado? Eu num dixe? Tu já e
môco e agora se num morrê, vai ficá môco e mudo.
A
avó deixou o neto agonizando e foi até a nossa casa onde estava Marlene
Salviano, que passava o domingo com a gente. Quando Maria contou o problema
para Marlene, ela se dispôs a ajudar, colocou mel de abelha numa xicara
espremeu um limão e levou para o morimbudo. Depois que o doente tomou duas
colheradas, já foi ficando corado e dizendo algumas palavras. Depois de quinze
minutos Antônio recitou essa quadrinha:
“
Quando é tempo de caju
Passarinho
mela o bico.
Menina
de doze anos
Tem
cabelo no suvaco. “
A
avó mesmo sem esconder o contentamento pela progressiva melhora do neto
respondeu:
-
Tá vendo dona Marlene! Ontõe só presta é sem falar mermo, pru mode num tá cum
iscandêlo na frente das visita.
Antônio
já totalmente recuperado da voz, perguntou a sua salvadora:
-
Dona Marlena! Meu tí Chico Carrim dixe qui tá cum gonorréa. O qui é gonorréa?
Marlene
na tentativa de mudar o pensamento daquele garoto respondeu:
-
Meu filho. Gonorréa é uma secreção expelida pelos sapos para imobilizar
pequenos insetos. Entendeu?
-
Intindí não.
-
Pois eu vou explicar melhor. É assim; o cururu dá uma cuspida no mosquito e o
cuspe prega as asas e ele não pode mais voar, aí o cururu engole ele. Gonorréa
é o cuspe do cururu.
-
Apois ontonse meu tí tá mermo cum gonorréa, pruque isturdia eu ví ele varrendo a
cuié de pau do doce cum a lingua.
Sensacional!!!!KKKKKKKKKK
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