VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

033 - Do Tempo do Bumba - Memória Varzealegrense

QUANDO  É  TEMPO  DE  CAJU - MUNDIM DO VALE

Antônio Carlos, filho de Conceição  Carlos, Nasceu com problemas de audição. Para agravar a situação, perdeu a mãe ainda criança e foi morar na Vazante com a avó Maria Carlos e os tíos Chico Carrim, Zé Negão e Damião dos Bonecos.
Um dia ele começou a cantar o musical Peba na Pimenta da cantora Marinês, a sua avó não gostou e reclamou:
- Minino do cão, pare cum essa cantiga imorá.
- Arre égua! A vó tombém parece uma bruxa, ninguém pode nem cantar uma musga. Apois eu vô é precurá caju lá im Zé Reimundo.
- Vai infiliz, Coidado pra num caí de riba do cajuêro, prumode num fazê cumpanhia ao demõe no inferno.
Antônio saiu quando voltou foi com dois cajus ainda verdosos.
Quando a avó viu falou:
- Eu num acridito qui tu vai chupá esses maturí quante não.
- Apois eu vô.
- Apois fique sabeno qui o mudo de Zé Piru ficou mudo foi adispois qui chupô caju quente.
Não adiantou o apelo da avó, o neto botou os dois maturis na boca. Terminou de engolir e já foi ficando pálido e sem fala.
Maria Carlos mesmo no aperreio disse:
- Tá vendo condenado?  Eu num dixe? Tu já e môco e agora se num morrê, vai ficá môco e mudo.
A avó deixou o neto agonizando e foi até a nossa casa onde estava Marlene Salviano, que passava o domingo com a gente. Quando Maria contou o problema para Marlene, ela se dispôs a ajudar, colocou mel de abelha numa xicara espremeu um limão e levou para o morimbudo. Depois que o doente tomou duas colheradas, já foi ficando corado e dizendo algumas palavras. Depois de quinze minutos Antônio recitou essa quadrinha:
“ Quando é tempo de caju
Passarinho mela o bico.
Menina de doze anos
Tem cabelo no suvaco. “
A avó mesmo sem esconder o contentamento pela progressiva melhora do neto respondeu:
- Tá vendo dona Marlene! Ontõe só presta é sem falar mermo, pru mode num tá cum iscandêlo na frente das visita.
Antônio já totalmente recuperado da voz, perguntou a sua salvadora:
- Dona Marlena! Meu tí Chico Carrim dixe qui tá cum gonorréa. O qui é gonorréa?
Marlene na tentativa de mudar o pensamento daquele garoto respondeu:
- Meu filho. Gonorréa é uma secreção expelida pelos sapos para imobilizar pequenos insetos. Entendeu?
- Intindí não.
- Pois eu vou explicar melhor. É assim; o cururu dá uma cuspida no mosquito e o cuspe prega as asas e ele não pode mais voar, aí o cururu engole ele. Gonorréa é o cuspe do cururu.
- Apois ontonse meu tí tá mermo cum gonorréa, pruque isturdia eu ví ele varrendo a cuié de pau do doce cum a lingua.


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