LINGUAJAR CEARENSE - MUNDIM DO VALE
Dedicado a: Flor do Chico e ao primo Morais.
Cearense é exclusivo
Tem seu próprio linguajar,
Se alguém perturba de mais
Ele diz que é impinjar,
Se um amigo come muito
Diz que vai impanzinar.
Na sua linguagem própria
Milho quebrado é xerém,
Um objeto pequeno
Ele chama de terém,
Garganta chama guela
E bunda chama sedém.
Cadeira chama de acento
Guloso de isgalamido,
Casa de taipa é tapera
Conversa besta é moído,
Se um menino é danado
Ele chama de inxirido.
Merenda é quebra jejum
Coisa de segunda, é peba,
Gente gaiata é fiota
Um ferimento é pereba,
Um periquito é guenguém
Venda pequena é bodega.
Alma penada é visagem
Cachaça ruim é fubúia,
Pano de prato é rodilha
Banda de cabaça é cúia,
Urinol chamam pinico
Ruma de fese é túia.
Conterrâneo, é lá de nós
Ir embora é dar no pé,
Gente alta é varapal
Gente baixa é batoré,
Pino de porta é tramela
Faca pequena é quicé.
Moringa chamam quartinha
Rede de lona é tifanga,
Cintura de calça é cós
Serviço pesado é canga,
Chupeta é enganador
E cara feria é munganga.
Gente gorda é lua cheia
Jantar é pegar a bóia,
Não liga, é não faz impém
Plano de quenga é tramóia,
Mão na bunda é sabacu
Sogra ruim é lambiscóia.
Tempero chamam mistura
Valente é chapéu virado,
Se a casa é suja, é mundiça
Homem bom é arretado,
Se é malino é buliçoso
Se tem raiva é enfezado.
Calça cortada é sorongo
Porco novo é bacurim,
O nariz chamam de venta
E gastura é farninzim,
Melancia é tamboroca
Pobre coitado, é tadim.
O zangado é carrancudo
Descuidado é vacilão,
Sendo pouco é um tiquim
Conquistador é ganhão,
Protistuta chamam quenga
Quem falta um trato, é furão.
Cacho de frutas é penca
Bruaca é bolo de caco,
Sem batistério é pagão
Mal pagador é velhaco,
Gente que perturba muito
Dizem que é encher o saco.
Confusão chamam encrenca
Quem fizer bota boneco,
Um ataque é passamento
Que o sujeito dá um treco,
Comida ruim é xué
Seminarista é padeco.
A emboscada é pantim
Criação é miuçada,
Bebê de plástico é calunga
Omelete é malassada.
Casca de pau é meisinha
E moça virgem é zerada.
Homem rico é estribado
Ganha nome de barão,
Sendo pobre tá pebado
O povo chama pidão,
Moça velha é vitalina
E rapaz velho é capão.
M ostrei o palavreado
U ma coisa exclusiva,
N ada aqui foi inventado
D isso você não duvida,
I ndiquei o leridado
M as não aponto a ferida.
Mundim do vale.