VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Versos lá de nós - Memória Varzealegrense

AS  MUDANÇAS  DO  SERTÃO - Mundim do Vale

No sertão antigamente
A vida era natural,
Com a lambe–lambe presente
No retrato eleitoral.
Hoje em qualquer vilarejo,
Retrato de sertanejo
É na câmera digital.

Eram feitas num caderno
As contas dos lavradores,
Não tinha nada moderno
Para registrar valores.
Hoje o sertão tem futuro,
Até um galo pé-duro
Tá lá nos computadores.

A luz era lampião
Naquele tempo passado,
O escuro no sertão
Era fato consumado.
Agora a coisa mudou,
O meu sertão clareou
Já tem luz pra todo lado.

O sertanejo nascia
Puxado por caximbeira,
Quando a criança morria
Era coisa rotineira.
Hoje  não tem mais carência,
O sertão é referência
Todo canto tem parteira.

Um bilhete era mandado
Para se comunicar,
Um menino de recado,
Vinha trazer e levar,
Hoje em dia no sertão,
Toda comunicação
É feita por celular.

A água vinha do pote
Que tinha na Cantareira,
Banana era feita o lote
Dentro de uma cristaleira.
Hoje a coisa foi mudada,
Água banana e salada
É tudo na geladeira..

No lombo dos animais
O milho era transportado,
Os burros levavam mais
E os jegues só um bocado.
Hoje em dia é só juntar,
Que o caminhão vai buscar
Quase dentro do roçado.

O violeiro levava
A notícia no sertão,
Formava dupla e cantava
Numa sombra de oitão.
Hoje a notícia é um fato,
Em qualquer casa do mato
Tem rádio e televisão.

O café que vinha em grão
Em seguida era catado,
Depois dessa seleção
Em um tacho era torrado.
Hoje só basta comprar,
Não precisa mais catar
Que já vem até pilado.

O almoço era um angu
Misturado com fubá,
A merenda era beiju
A bebida era aluá.
Hoje o sertão deita e rola,
A bebida é coca-cola
E a comida é vatapá.

O acento da entrada
Era um pau de jatobá,
Quem chegava  na calçada
Avistava o banco lá.
Mas já foi tudo abolido,
Hoje a gente é  recebido
Num conjunto de sofá.

Eu que nasci no sertão
Mantenho  ele lembrado,
Feliz é o cidadão
Que não esquece o passado.
Quem deixou lá o umbigo,
Há de concordar comigo
Que o sertão tá mudado.

Eu falo do meu lugar
Com firmeza e pé no chão,
Porque não sou de negar
Minha origem e meu torrão.
Rimei aqui satisfeito,
E termino desse jeito:
- COMO  MUDOU  O  SERTÃO.

Mundim do Vale
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