VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

E  TU  ACHA  POUCO  ZÉ?

Preconceito  de cor é um mal  que atinge o mundo todo. Mesmo com as campanhas educativas ainda não foi possível a erradicação total. Imaginem vocês numa cidade como V. Alegre no ano de 1953.
Pois foi justamente  assim:  Estava  acontecendo  uma  queima de caieira na Varjota, onde estavam:  Pedão de Clara,  Vicente Arame,  Zé Júlio e  João Augusto. Eles estavam bebendo e contando piadas, quando de repente apareceu Zé de Chicão puxando fogo. Pedão  olhou  para  Zé com  uma cara  antipática e falou:
-  Você pode arribar daqui! qui  quem gosta de nêgo  é sabão da terra.  
Zé de Chicão do alto da  sua embriaguês respondeu:
-  Eu num saio não!  A caieira num é sua, é do véi  Zé Augusto.
 – Se você num  pegar o beco dentro de dois minuto eu asso você na boca dessa caieira.  
Vicente Arame  sabendo que  Pedão  era  violento e estava de fogo, aconselhou  Zé para  sair, porque  podia haver uma confusão  maior. De nada  adiantou os conselhos,  Zé ficou perturbando muita mais do que criança com apito na boca.
Pedão deu de garra de um tição  de fogo aceso e  acunhou no lombo de  Zé e ainda saiu sapecando o coitado até o  Roçado de  Dentro.  Quando  chegaram na  frente  da casa de  Antônio do  Sapo os cachorros latiram e Pedão  resolveu recuar, com medo dos cachorros e em respeito ao dono da casa.  Com  o  barulho  dos  cachorros, Antônio  do  Sapo saiu na calçada na companhia de Dona Naninha e  dos  seus  filhos   Chiquinho  e   Raimundinho,  para verem  o  que  estava acontecendo. Quando  botaram  os  pés  na  calçada depararam com os dois cachorros abocanhados   nas  pernas  de Zé,  assim como  que  querendo  repartir  uma pra cada. Tiraram os cachorros e levaram Zé para a sala da casa sem saberem do acontecimento anterior.
Vendo o estado de Zé, Antônio  falou para os  filhos:
 - Amanhã eu não quero mais esses cachorros aqui não. Cachorro que ataca gente não me serve.
Entre um gemido e um ái  Zé falou:
 - Deixe os cachorro seu Otõe. Num  tem cachorro no mundo qui seja  mais cachorro do qui Pedão de Qilara.
Enquanto Raimundinho lavava o lombo de  Zé com  água  de  sal  ele contava  o que  tinha  acontecido e ainda rogava praga dizendo:      
- Mais eu tem fé  im  meu  São Binidito  qui um pé de aroeira  ainda ai de cair pru  riba de Pedão de  Quilara.
Raimundinho  perguntou:
- Zé e porque foi que Pedão  fez  essa bagaceira com você?
- Por nada. Foi só rindade mermo. Ele só fez isso cum eu, pruque  eu sou preto e pobe.
 - E  TU  ACHA  POUCO  ZÉ?
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