VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

A  MORTE  DO  GALO.

Essa quem me contou foi o primo Luís Lisboa.

Meu primo Zé André de saudosa memória, sempre gostou de promover brincadeiras; Futebol, debulha de feijão, Adjunto de apanha de arroz e outras atividades lá de nós. Ele bancava as despesas, fazia a organização e prestava a segurança dos eventos.
Numa sexta feira da paixão ele desenvolveu umas brincadeiras no Sanharol e para tanto, convidou seus amigos e parentes. Mas o assunto vazou e ele não teve como evitar, a presença de algumas pessoas inconvenientes.
As brincadeiras eram em quatro modalidades; Corrida de saco, corrida com o ovo no pires, a matança do galo e o linchamento do Judas no sábado seguinte.
A corrida de sacos ia muito bem até quando Herculano Sabino furou dois buracos no saco para passar os pés. Herculano foi desclassificado e quem venceu foi Bonifácio.
A corrida do pires no ovo também ia muito bem até que Paulo de Santiago, foi também desclassificado porque tinha posto mel de engenho no pires para colar o ovo, na prova o vencedor foi Picoroto.
A prova da matança do galo, foi a que deu mais trabalho ao promotor. Enterravam o galo no terreiro deixando só a crista fora, amarravam um rodilha  na cara do candidato e entregavam um cacete de bater arroz. Depois davam umas rodadas para que o candidato ficasse desnorteado. Dos três primeiros, nenhum deles conseguiu bater o cacete a pelos menos dez metros de onde estava o galo.
O quarto candidato foi Zé de Lula. Só que Luís de Cotinha tinha combinado com Zé, que quando ele tivesse no rumo, Luís dava um sinal gritando por duas vezes:
- Mata o galo ! Mata o Galo !
Botaram a venda na cara de Zé, entregaram o pau e deram umas rodadas. Zé saiu pelo lado contrário, quando estava com uns dez metros  de distãncia do galo Luís gritou:
- Mata o galo !
Zé levantou o pau e Luis já junto com umas quarenta pessoas deram o segundo grito:
- Mata o galo !
Zé baixou o cacete num monte de terra, que foi bater terra lá na casa de João do Sapo.
Naquele momento tinha um moreno do sítio Gibão, que além de não ter sido convidado, tava embriagado. Quando ele ouviu aquela conversa de matar o galo partiu pra cima de Zé do galo e tome pancada. Quando conseguiram imobilizar o moreno Zé do Galo já estava com a cabeça cheia de galos.
Zé André foi lá e falou:
- Meu amigo. O galo que é pra matar é aquele que tá lá no terreiro.
- Mas aquele já tá enterrado. Tem que matar é esse.
Enquanto acontecia aquela confusão, Zé de Lula aproveitou e tirou a rodilha da cara, levantou a cacete e deu uma pancada tão condenada no galo, que a ponta do pau ficou enterrado no chão. Depois botou a rodilha novamente e saiu fazendo palhaçada, com os braços abertos e dizendo:
- Cadê o Pau? Cadê? Cadê?
Luís Lisboa foi lá arrancou o pau e colocou a ponta bem perto do fundo de Zé.
Quando Zé disse:
Cadê o pau? Cadê? Cadê?
Luía empurrou o pau e disse:
- Taqui ! Taqui !
Foi preciso novamente a intervenção do promotor, porque Zé também tinha tomado umas cachaças e tava querendo brigar.
Enquanto havia essa outra confusão, Nicolau e Antão Sabino aproveitaram e roubaram o Judas das crianças, que era para ser linchado no dia seguinte.
Zé André desgostoso com tanta confusão pediu silêncio e fez seu discurso:
- Pessoal. Tá terminado as brincadeiras, vocês não sabem brincar, então eu dou por encerrado. Quem quiser pode vir amanhã pra missa de corpo presente do galo. Em seguida o promotor foi até onde estava seu primo Zé do galo e falou:
- José vá pra casa e reze um terço com a sua mãe, porque essa missa de amanhã, faltou pouca coisa, pra ser em sua intenção.

Dedicado ao primo Antônio Morais.

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