VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

A  TRAGÉDIA  DE ZÉ  DE  DUDAL.

O sr. Dudal, tabelião de Várzea Alegre – Ceará, não teve filhos. Para que o casal não ficasse só, ele resolveu adotar um filho e uma Filha, Darca que era prendada e muito educada. E José, ao contrário da irmã adotiva, era muito danado, brigava da rua e ainda tinha a agravante de malinar nas coisa alheias.
Uma vez ele juntou-se com Vicente Cassundé e foram furtar cocos na Varjota.
Zé subiu no coqueiro e Vicente ficou embaixo catando os cocos. Lá uma hora Zé foi tirar um coco e deu com um boca-torta no cacho, no aperreio ele desequilibrou-se e caiu. Na queda fraturou as duas pernas e o braço direito.
Vicente Cassundé sem ter muito o que fazer Disse:
- Zé. Fique aí qui eu vou chamar gente pra ajudar. Não saia daí não Viu? Ora como era que saía?
Vicente foi chegando no local onde tinha o antigo cacimbão no meio da rua e encontrou; Fábio Pimpim, Mundim Tibúrcio, Zé Ildefonso e Zé Augusto. Pela expressão de Vicente, aqueles senhores já notaram que havia algum problema. Zé Augusto foi logo perguntando:
- O que foi que aconteceu Vicente? Porque você treme tanto?
- Foi pruque Zé de Seu Dudal distabacou-se de riba dum coqueiro e tá lá istatalado no chão.
- E onde é que ele está?
- Ele tá ali na Vajota. Mais ele num tá pudendo nem se mexer.
- Pois nós vamos lá.
Quando chegaram no local que constataram a gravidade de Zé, foram logo tratando de arranjar tabocas para encanar. Cada taboca que era amarrada Zé dava um grito e dizia:
- Num vão dizer a pai não !
Zé Ildefonso perguntou:
Foi naquele momento que eles lembraram que Dudal precisava ser avisado.
- Quem vai avisar a Dudal?
Vicente Cassundé gritou:
- Eu vou !
Mundim Tibúrcio o mais sensato de todos falou:
- Não Vicente, é melhor que eu vá porque Dudal já tá idoso e pode sentir um choque, deixe que eu preparo ele primeiro e depois dou a notícia.
Quando Mundim chegou na casa de Dudal, ele estava bem acomodado numa espreguiçadeira e foi logo perguntando:
- Que novidade é essa Mundim? Você não tem costume de andar por aqui uma hora dessa.
- Pois é Dudal. Eu estou aqui para lhe dar um notícia, mas não sei por onde começar.
- Pode dizer, Mundim. Se for problema com José, não é mais novidade para mim. Não tem problema maior na minha vida, do que o próprio José.
- Pois é isso mesmo. Houve um acidente com ele.
- E o que foi?
- Ele caiu de cima de um coqueiro.
- E ele morreu?
- Morreu não. Ele quebrou as pernas mas já estão encanando.
- Então Mundim, se José escapou, não foi um acidente, foi uma tragédia.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

013 - Nossas Historias - Memoria varzealegrense


Manuel Alves de Menezes - Manuel de Pedro do Sapo.

O campo de futebol do Roçado de Dentro ficava na Formiga, a equipe treinada por Antônio André que alem de técnico tinha a função de encher a bola, uma bexiga de boi encomendada a Antônio Pajé. O Time local resolveu desafiar o Tabajara Futebol Clube, equipe organizada por Raimundo Bitu do Sanharol, que se orgulhava de ao longo do tempo nunca ter perdido uma partida sequer.

Quando a equipe do Tabajara entrou em campo, a banda cabaçal da Rua São Vicente tocou o Hino Nacional, antes do inicio da contenda houve um minuto de silencio não se sabe em louvor de quem, mas, quando começou aquele tradicional bate bola, Zé Menezes, filho de João do Sapo, jogador do Tabajara, calçava uma alpercata de rabicho feita por José Faustino, cujo solado era de um pneu com três dedos de altura.

Manuel de Pedro do Sapo, ponta esquerda do Roçado Dentro, observando os calçados do Zé Menezes falou: "Cum Zé de ti João de apragata na becança o diabo é quem vai". Rumou na direção de  casa.




terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

SE  FOSSE  MAIS  OTAVIANO  NUM  TINHA  AVIRISSIDO  ISSO.
No tempo em que não havia água encanada em Várzea Alegre, a água era transportada em jegues, o pessoal colocava a cangalha, duas caçambas e quatro latas de querosene vazias. Os condutores que transportavam a água da lavanderia até as casas, eram na maioria das vezes os filhos mais novos, quando não estavam em seus horários escolares.
Um dia o Senhor Pedro Tonheiro chamou um dos seus netos e falou:
- Vá porcurar Otaviano pegue o jumento e vão buscar buscar água na lavanderia.
- Mas vô. Fáis tempo qui eu precuro ele e não acho. Seu Belizaro disse qui incontrou ele indo pras Panela.
- Então chame seu irmão mais novo e vá com ele.
- Dá certo não vô. Ele é muito piqueno e só faz é atrapaiá.
- Mas o jeito que tem é ser ele. Os potes já estão todos secos e não tem água nem pra lavar um lenço.
Os dois netos foram, encheram as latas, botaram nas caçambas e o mais novo ficou na cangalha.
O problema maior pra eles foi que o jumento deles era capado e sendo capado os outros jumentos são danados para perseguir.
Pois foi só o que deu. Quando saíram da lavanderia, vinha um jumento com uma carga de lenha e partiu atrás. Antes de chegar na casa do ferreiro Manu, a carga caiu com menino e tudo. As latas que eram quadradas estavam redondas de tanto rolarem na areia.
O neto mais velho não fez nada e nem podia fazer.
O jegue capado foi encontrado um mês depois no sítio Timbaúba.
Quando Pedro Tonheiro foi reclamar dos netos, dizendo que eles foram displicentes, o mais velho justificou:
- Vô. Num tem minino no mundo qui sigure um jegue capado, quando tem um jegue inteiro detráis dele. Se fosse mais Otaviano num tinha avirissido isso.

O RABO DE ZÉ DE ANA - Por Mundim do Vale.

O  RABO  DE  ZÉ  DE  ANA.
Certa vez o meu tio Vicente Piau, ganhou um galo de presente do seu primo Janjão. Meu tio batizou o galo com o nome de Zé de Ana, que era seu tio e ele gostava muito.
O galo por ser muito bonito, tinha um tratamento diferenciado, enquanto os pintos e as galinhas tinham seus alimentos de insetos, Zé de Ana só comia milho e tinha que ser do amarelo. Um dia meu tio sentiu falta de de Zé de Ana e mandou seu filho cascudo procurar:
- Joaquim. Vá procurar o galo, porque desde que o dia amanheceu, que eu não vejo ele.
Cascudo ficou enrolando e o tempo foi passando. Uma hora lá meu tio zangou-se e falou:
- Joaquim. Se Zé de Ana não aparecer, você vai inaugurar meu cinturão novo no espinhaço. Cascudo saiu agoniado na direção do fim da manga e quando voltou já estava escuro. Ficou tentando ganhar tempo, quando seu pai gritou:
- Joaquim ! Você vai ou não vai buscar Zé de Ana?
- Ôxente pai. E eu num já truxe.
- E cadê zé?
- Tá alí no pé daquela cerca. Os pé, o bico e as penas.
- E o galo?
- Pois é pai. Eu tava procurando ele alí no fim da manga, aí iscutei uma zuada dento das moita do Riacho do Machado, aí fui inté lá. Quando eu cheguei lá tinha dois cachorro de Raimundo Beca rasgando ele.
Meu tio muito sentido falou:
- Coitado de Zé de Ana. Mas o culpado foi você. Se tivesse ido procurar na hora que eu mandei, não tinha acontecido isso. Eu vou fazer com você o mesmo que os cachorros fizeram com Zé.
Cascudo tentando evitar o cinturão, deu uma ideia para o pai:
- Pai. Ramo fazer disso; Nóis pega as pena do rabo de Zé de Ana e faz uma peteca pra nóis brincar, aí pai nunca vai isquecer dele.
O pai não concordou:
- Eu tenho uma ideia melhor; E vou lhe dar umas lapadas com o cinturão, que é pra nós dois nunca mais esquecer de Zé de Ana.
E assim o causo termina com meu primo Cascudo inaugurando o cinturão novo do meu tio Vicente. 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

TEMPO LIMPO - Por Mundim do Vale.

TEMPO  LIMPO.
No ano de 1966, São Pedro parece que estava preocupado com a copa do mundo e esqueceu de mandar chuva para o Ceará. Passou janeiro, fevereiro e já passava do dia 19 de março e nada, parece que São José também estava envolvido com copa.
Era um calor tão intenso que o pessoal de Várzea Alegre procurava ficar embaixo das marquises, para aliviar o calor.
No dia 26 de março, estavam embaixo da marquise da loja de Luís Proto, nossos conterrâneos a saber; Chagas Taveira, Seu Tõe de Cota, Boris Gibão, O motorista Torrão, Zé Athaide, Miúdo de Vicente Grande e Nicolau Inácio.
Um momento lá Seu Tõe de Cota quebrou o silêncio:
- Eita. Qui o negoço tá é rim !
- Chagas Taveira completou:
- É mermo. Vai ser priciso o aparei da Funcema fazer chuver.
- Boris Gibão perguntou curioso:
- E qui aparei é esse?
Nicolau Inácio explicou:
- É um aparelho que joga gelo nas nuvens e faz chuver.
Zé Athaide perguntou:
- E Cuma é qui vão fazer gelo sem ter água?
Miúdo Grande disse:
- Só se for o próprio aparelho.
O motorista Torrão olhou para o alto e completou:
- Apois vai ser priciso o aparei fazer as nuve tombém. Prque eu ispiei pra riba agora e o tempo tá mais limpo do que o palitó de Juciê de Seu Totô.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale

MARIDO  TOLERANTE.

João Pirão era um moço que residia na Praça Santo Antônio, em Várzea Alegre- Ceará. Era um cidadão que não contava com boa aparência, em virtude de ter um olho olhando para o Iguatu e o outro para o Crato. Afora isso era muito trabalhador. Trabalhava no ofício de abater animais. O Marchante casou-se com uma moça do sítio e viva muito bem, até que um dia Luís Bastos o contratou para abater e tratar um porco na sua residência no sítio Varas. João pegou a sua bicicleta e falou para a esposa:
-  Muié. Eu vou lá nas Vara matar um poico de Seu Luís Bastos.
Quando João chegou no Buenos Aires, notou que tinha esquecido a sua ferramenta. Voltou imediatamente e chegando em casa viu a sua fiel esposa agarrada com um funcionário  do Batalhão de Engenharia e Construção do terceiro BEC, que estava sediado em V. Alegre para construir a rodovia 0,60.
Surpresa para os três; O moço do batalhão fugiu pela janela, a mulher ficou vestindo a roupa e João ficou sem fala.
Quando a voz retornou, João falou:
- Mais muié. Cuma é qui você foi fazer uma coisa dessa cum eu? Eu vivo trabaiando prumode butar as coisa dento de casa, quando acabar você bota chife im neu.
A mulher como não tinha nenhum contra-argumento falou aborrecida:
- Apois eu acho é pouco. Pruque tu além de ser fei, num dá de conta do recado. Inté pra ser corno tu num serve.
João saiu triste caminhando de cabeça baixa, quando avistou Acelino Lenadro sentado na calçada de casa e foi até lá pare pedir um conselho:
- Seu Acilino, eu vim aqui prumode pidir um conselho o sinhor mais eu num sei cuma cumeçar.
- Pode dizer, João.
-O siguinte é esse: Eu fui matar um poico de Luís Basto lá nas Vara, mais quando cheguei no Bonizaro eu ví qui num tava cum meus ferro. Aí eu vortei pra tráis, quando eu entrei dento de casa, minha muié tava cum um caba do bataião. O condendado pulo a ginela e ela ficou butando o vistido na frente aí eu dixe: Máis muié isso é lá sirviço qui  você faça cum um omi qui nem eu, qui tudo qui arruma é pra butar dento de casa. Quando eu dixe isso,  a infiliz fez foi me discompor, me chamou inté de corno. Minha vontade na hora foi de matar a condenada.
O conselheiro Acelino interrompeu dizendo:
- Não faça isso João. Até que pela sua profissão, você você não ia ter dificuldade nenhuma. Mas não faça isso, porque você acaba com a vida dela e a sua.
- O qui é qui eu faço cum ela?
- Bote pra fora de casa.
- E sela vortar?
- Não aceite.
- Máis sela bater o pé e ficar?
- Aí meu amigo, quem tem que sair é você e pra muito distante.
- Máis Seu Acilino, eu num quiria ir simbora da minha casinha não.
- Nesse caso você vai ter que aprender a conviver com o chifre

sábado, 23 de fevereiro de 2013

MOTORISTA DE TRATOR - Por Mundim do Vale.



MOTORISTA  DE  TRATOR.

Bibi ficou satisfeito
Com a sua votação,
Mas o bom da eleição
É o candidato eleito.
Somando causa e efeito
Bibi foi um lutador,
Mas para vereador
Não atingiu o total.
DA  CÂMARA  MUNICIPAL
A CONDUTOR DE TRATOR.

Bom Bibi foi educado
Na escola da perfeição,
Tornou-se um cidadão
Trabalhador e honrado.
Hoje é muito respeitado
Por ter sido um vencedor,
Com distinção e louvor
No seu mais nobre ideal.
DA  CÂMARA  MUNICIPAL
A CONDUTOR DE TRATOR.

Bom Bibi não foi eleito
Mas possui muita nobreza,
Ele enxerga Fortaleza
Como se fosse seu leito.
É assim o seu conceito
De cidadão de valor,
Por ser  um merecedor
Do apoio do pessoal.
DA  CÂMARA  MUNICIPAL
A CONDUTOR DE TRATOR.

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

O  ENTERRO  DE  VICENTE  ARAME.
Eu aqui não consigo precisar o ano, mas posso afirmar, que foi num ano de um bom inverno e uma grande safra de arroz, em Várzea Alegre – ceará.
O Sr. Prefeito chamou o seu secretário e falou:
- Esse ano nós vamos fazer a resta do arroz, eu quero que você cuide do projeto, tomando todas as providências.
O secretário arrumou um animal e mandou Vicente Arame ao sítio Unha de Gato, para avisar a Chico de Zé Joaquim, que viesse a Várzea Alegre, para conversar com ele.
Era ainda no mês de maio mas Chico veio atender o chamado. Quando encontrou o secretário foi logo falando:
- Pronto. Seu secretaro !
- Chico, eu mandei lhe chamar aqui, porque o Sr. Prefeito vai fazer a festa do arroz no mês de junho e eu queria contar com você.
- No qui eu puder, pode contar.
- Eu queria que no dia 26 de junho, você viesse com o seu pessoal.Traga a banda de pífano, o grupo de maneiro pau e os Cortadores de tesouras. Mas chegue cedinho, que é pra dar tempo deles vestirem as fardas que o Mestre Vicente Salviano vai fazer.
- Pode deixar qui eu cuido de tudo.
Quando foi no dia 24 de junho, faleceu uma tia do prefeito. E o prefeito ordenou que fosse suspensa a festa.
Na manhã do dia 25 o secretário arranjou um cavalo e mandou Vicente Arame para a Unha de Gato, para avisar a Chico que não trouxesse mais o pessoal.
Quando amanheceu o dia da grande festa, o secretário tomava o café da manhã, quando chegou Chico de Zé Joaquim e Zé Sobrinho. O secretário assustou-se mas foi logo dizendo:
- Chico eu pedi para você organizar o pessoal mas….. Chico foi logo interrompendo:
- Já tá tudo alí na rua de São Vicente. Eu truve os caba do pife, truve os caba do manêro pau e truve tombém os cortador de tisoura.
- Pois era o que eu estava tentando lhe dizer. Morreu uma tia do prefeito e não vai mais ser possível a realização da festa.
- Ôxente omi ! e num vai mais ter a festa não?
- Infelizmente não. Eu até arranjei um cavalo e mandei Vicente Arame  ontem cedinho avisar a vocês. Ele não foi Não?
-  Foi não. E quando nóis vinha decendo, qui passamo na Boa Vista, nóis vimo o cavalo amarrado na ceica e Vicente bebendo cachaça mais Valera na budega de Chico Inaço. E agora o qui é qui eu vou dizer os caba?
- Diga a verdade. Diga que a tia do prefeito faleceu e não vai mais haver a festa. Diga também que vocês deram a viagem perdida, porque o irresponsável do Vicente Arame, não foi dar o recado.
- Apois eu acho qui é mais mió eu num dizer qui foi pru causa de Vicente. Pruque quando nóis for subir, os caba vão vê ele lá im Chico Inaço e aí o tempo vai sifechar. E eu num tou apariado a vim amenhã  subindo e decendo serra, da Unha de Gato pra Rajalegue não.
- E voçê vem para vÁrze Alegre fazer o que?
- Ora mais tá ! Eu vem pru interro de vicente Arame.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

012 - Nossas Historias - Memoria Varzealegrenses


Luiz Salviano de Macedo - Lila.

Festa de São Raimundo Nonato, décadas passadas. Não tinha aquele reboliço das barracas atuais, a festa se limitava ao Parque de Diversões Lima, e uma quantidade de vendas de comidas tipicas - Manzape, pão de arroz, tapioca com mudubim, filhões, laranjas, tangerinas, abacaxis. O fato é que o povo não era tão viciado em bebidas como agora, satisfazia-se em encher a pança.

Assim é que, um camionheiro do cariri encheu um caminhão de abacaxis, cobriu com uma lona amarrada de corda, estacionou em frente a casa de José Teixeira na antiga Rua Getúlio Vargas.

Abriu parte da carga e começou a atender aos fregueses. Um abacaxi por dois cruzeiros. Em pouco tempo formou-se uma enorme fila tão grande era a procura. Eis que uma senhora se aproxima do dono e pergunta: Seu José, por que é que o senhor vende um abacaxi por dois cruzeiros e daquele outro lado são dois abacaxis por 1.00? O homem saiu em disparada pra conferir. Pois num é que a fila do Lila estava bem maior do que a dele que era dono! Também, só podia, com uma diferença de preço dessa.

Grande Lila.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

É O NOVO ! - Por Mundim do Vale.

É  O  NOVO !

Uma amigo me pediu
Pra fazer uma rima antiga
E da cabeça saiu
Constipação e fadiga.
Forcei minha paciência
Me lembrei de saliência,
De apocada e sisuda.
Lembrei de moça falada,
De mulher amancebada
De teúda e manteúda.

Me lembrei da tabuada
Pra ensinar a contar,
Lembrei quando era cobrada
A minha taxa escolar.
Lembrei revista Cruzeiro,
Papel almaço, tinteiro,
De pena e mata-borrão.
Lembrei de aluno pescando
E a professora brigando
Com a palmatória na mão.

Me lembrei de andajá,
De enganador de apito,
Bolo ligado, aluá
E taboa de pirulito.
Puxei mais pela memória
Lembrei de cigarro Astória,
Continetal e Elvira.
Lembrei chiclete de bola,
Quebra queixo, mariola
E de mel de jandaíra.

Lembrei roleto de cana
E papa de carimã,
De prato de porcelana
E pastilha de hortelã.
Lembrei da gripe asiática,
De cola de goma arábica,
Jardineira e marinete.
Falei em réis e tostão,
Cueca samba canção,
Suco de uva e grapete.

Lembrei de fogão Jangada,
De cepo de caminhão,
Isqueiro sete lapada
E da dança de feição.
Lembrei de bingo dançante,
De caixeiro viajante
E e bica jacaré.
Falei em vento caído,
Catapora estalecido,
Pereba e bicho de pé.

Lembrei de blusa banlon,
De rirí e gigolé,
De música de Roni Von,
De frejo e de cabaré.
Sem perguntar a ninguém
Lembrei foguista de trem,
Pastorinha e sacristão.
Lembrei de bola de meia,
Bingo de galinha cheia
E de jogo de gamão.

Outras coisas que lembrei
Foi do sabão de tingui,
Cana Madeira de Lei,
E a velha T.V. Tupi.
Relógio de algibeira
Espingarda socadeira,
Show de Tonico e Tinoco.
Caco de torrar café,
Frasco de guardar rapé
E de rosário de coco.

Não esqueci de lambreta
O transporte do playboy,
Me lembrei de carrapeta,
De corropío e rói-rói.
Lembrei também de peteca,
De relancim e sueca,
De lu e cara-ou-coroa.
Também lembrei minha avó
Que fazia pão-de-ló,
Manzape, sequilho e broa.

Também lembrei Ludugero
Mandando Otrope calar,
A marcha “ Mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar. “
Da revista Luluzinha,
Das músicas de Amelinha
E o livro Capivarol.
Lembrei de disco de cera,
De pinguim na geladeira,
De quartinha e urinol.

Lembrei também de frasqueira,
Bateria de panela,
De bule, de cristaleira,
Colher de pau e sovela.
Perguntei a um beradeiro,
Quem foi que nasceu primeiro
Se foi o pinto ou o ovo.
Quando mostrei esse verso,
Pensando ser um sucesso
Ele me disse: - É O NOVO ! 

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

PARA  APRENDER  A  MENTIR.

José Haroldo e Vitorino Fiúza, viajaram um tempo para o Rio de Janeiro afim de estudarem e trabalharem. Depois de algum tempo vieram em passeio para Várzea Alegre. No primeiro domingo, Fatico Fiúza reuniu alguns amigos na calçada da casa do Buenos Aires, para uma prosa com os seus filhos. Na reunião estavam; Fatico e a esposa, os dois filhos recém chegados do Río, Antônio de Sérgio, Chiquito Bilé, Divino Morais, Raimundo de Souzão, Vieira Brito e Pé Véi.
Depois de algumas conversas, Fatico pediu:
- Vitorino conte alguma coisa do Rio para os nossos amigos.
- Vitorino deu início:
- Pois é gente. O Rio é muito diferente do Ceará. O progresso chega primeiro por lá. Para que vocês tenham uma noção, a gente sobe para o décimo segundo andar de um edifício, acionando apenas um botão de um aparelho chamado de elevador.
Veira Brito tomou parte na conversa dizendo:
- Grande merda ! Apois eu subo e desço num pé de coco, sem pricisar de aparei.
Depois do comentário de Vieira, Zé Haroldo deu sequência falando do progresso do Rio:
- Isso aí não é nada. Lá no Rio  quando você chega na porta de uma agência bancária, a porta abre sozinha. É um sistema que funciona provocado pelo calor humano.
Naquele momento quem rebateu a história foi Pé Véi:
- Isso daí num é nuvidade não. Lá im casa o povo entra e sai na hora qui quer, pruque lá num tem nem porta.
Depois de muitas risadas, Vitorino e Zé Haroldo saíram para a cidade e os outros ficaram.
Raimundo de Souzão, que até então tinha permanecido calado, resolveu participar também daquela conversa:
- Ou Fatico ! Esses teus meninos estavam no Río, era estudando pra aprender a mentir.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

A  MORTE  DO  GALO.

Essa quem me contou foi o primo Luís Lisboa.

Meu primo Zé André de saudosa memória, sempre gostou de promover brincadeiras; Futebol, debulha de feijão, Adjunto de apanha de arroz e outras atividades lá de nós. Ele bancava as despesas, fazia a organização e prestava a segurança dos eventos.
Numa sexta feira da paixão ele desenvolveu umas brincadeiras no Sanharol e para tanto, convidou seus amigos e parentes. Mas o assunto vazou e ele não teve como evitar, a presença de algumas pessoas inconvenientes.
As brincadeiras eram em quatro modalidades; Corrida de saco, corrida com o ovo no pires, a matança do galo e o linchamento do Judas no sábado seguinte.
A corrida de sacos ia muito bem até quando Herculano Sabino furou dois buracos no saco para passar os pés. Herculano foi desclassificado e quem venceu foi Bonifácio.
A corrida do pires no ovo também ia muito bem até que Paulo de Santiago, foi também desclassificado porque tinha posto mel de engenho no pires para colar o ovo, na prova o vencedor foi Picoroto.
A prova da matança do galo, foi a que deu mais trabalho ao promotor. Enterravam o galo no terreiro deixando só a crista fora, amarravam um rodilha  na cara do candidato e entregavam um cacete de bater arroz. Depois davam umas rodadas para que o candidato ficasse desnorteado. Dos três primeiros, nenhum deles conseguiu bater o cacete a pelos menos dez metros de onde estava o galo.
O quarto candidato foi Zé de Lula. Só que Luís de Cotinha tinha combinado com Zé, que quando ele tivesse no rumo, Luís dava um sinal gritando por duas vezes:
- Mata o galo ! Mata o Galo !
Botaram a venda na cara de Zé, entregaram o pau e deram umas rodadas. Zé saiu pelo lado contrário, quando estava com uns dez metros  de distãncia do galo Luís gritou:
- Mata o galo !
Zé levantou o pau e Luis já junto com umas quarenta pessoas deram o segundo grito:
- Mata o galo !
Zé baixou o cacete num monte de terra, que foi bater terra lá na casa de João do Sapo.
Naquele momento tinha um moreno do sítio Gibão, que além de não ter sido convidado, tava embriagado. Quando ele ouviu aquela conversa de matar o galo partiu pra cima de Zé do galo e tome pancada. Quando conseguiram imobilizar o moreno Zé do Galo já estava com a cabeça cheia de galos.
Zé André foi lá e falou:
- Meu amigo. O galo que é pra matar é aquele que tá lá no terreiro.
- Mas aquele já tá enterrado. Tem que matar é esse.
Enquanto acontecia aquela confusão, Zé de Lula aproveitou e tirou a rodilha da cara, levantou a cacete e deu uma pancada tão condenada no galo, que a ponta do pau ficou enterrado no chão. Depois botou a rodilha novamente e saiu fazendo palhaçada, com os braços abertos e dizendo:
- Cadê o Pau? Cadê? Cadê?
Luís Lisboa foi lá arrancou o pau e colocou a ponta bem perto do fundo de Zé.
Quando Zé disse:
Cadê o pau? Cadê? Cadê?
Luía empurrou o pau e disse:
- Taqui ! Taqui !
Foi preciso novamente a intervenção do promotor, porque Zé também tinha tomado umas cachaças e tava querendo brigar.
Enquanto havia essa outra confusão, Nicolau e Antão Sabino aproveitaram e roubaram o Judas das crianças, que era para ser linchado no dia seguinte.
Zé André desgostoso com tanta confusão pediu silêncio e fez seu discurso:
- Pessoal. Tá terminado as brincadeiras, vocês não sabem brincar, então eu dou por encerrado. Quem quiser pode vir amanhã pra missa de corpo presente do galo. Em seguida o promotor foi até onde estava seu primo Zé do galo e falou:
- José vá pra casa e reze um terço com a sua mãe, porque essa missa de amanhã, faltou pouca coisa, pra ser em sua intenção.

Dedicado ao primo Antônio Morais.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Primeira Turma do Colégio São Raimundo


Primeira Turma do Colégio São Raimundo, identificados pelo número de chamadas: 

01 - Ana Lúcia, 02 - Ana Maria, 03 - Cícero, 04 - Telma, 05 - Diassis, 06 - Bebé, 07 - Cláudio Bitú, 08 - José Mulata, 09 - Leda,11 - Jussi, 12 - Lucier, 13 - Maria Nilce, 14 - Odalice, 15 - Oneida, 16 - Socorro Bitú, 17 - Maria Tavares, 18 - Valdeci, 19 - Maria das Vírgens, 20 - Maria Zoraide, 21 - Murilo, 22 - Raimundo Lima, 23 - Rosimeire. 

Faltaram: 10 - Brasão, 24 - Terezinha Rolim. 

A foto foi tirada no dia 04 de junho de 1963. Este ano completará 50 Anos! 

Poderíamos nos reunir para comemorar, mesmo sentindo a falta dos que já não estão mais conosco.

(Deci Clementino)

PRIMO DE DEPUTADO - Por Mundim do Vale


PRIMO  DE  DEPUTADO

Iêdo Mendes, quando estudava em Fortaleza - Ceará, arranjou uma namorada no Bairro Montese, próximo a casa da sua tia Tica Leandro, onde ele morava. A princípio a mãe da garota por ser viúva, não confiava nem um pouco. O namoro era assim; A moça ficava em uma janela pelo lado de dentro, Iêdo ficava pelo lado de fora e a futura sogra, ficava na sala para monitorar o namoro.
Na época tinha  uma moda de calças apertadas e o namorador estava com uma delas que não cabia nem seus documentos. Incomodado com aquela situação, ele tirou a carteira de cigarros, a caixa de fósforo, a carteira de documentos e colocou na janela. A suposta sogra desconfiada e curiosa, pegou a R.G. E ficou olhando um bom tempo e depois falou:
- Iêdo, eu tava olhando aqui, você é de Várzea Alegre, não é?
- Sou sim.
- Várzea Alegre é a terra do meu deputado Figueredo Correia.
- É. Ele é meu primo legítimo.
Depois daquela descoberta as coisas melhoraram para o suposto genro. O namoro dos dois passou a ser dentro de casa e a sogra saia  para as vizinhas deixando os dois à vontade. O namorado já assistia a novela “ Meu pé de laranja lima “ Com a namorada no colo e corria uma mão de mão tão grande, que não se sabe de onde vinha tantas mãos.
O casal passou a ser o dono da casa. A sogra passava a tarde fazendo compras no centro e Iêdo lanchava, jantava e banhava a namorada. Era tão grande a confiança, que o namorado chegava a abotoar o sutian da sogra.
A alegria de Iêdo acabou-se no dia que a namorada conheceu umas garotas de Várzea Alegre, que lhe disseram que ele tinha outra namorada. A menina além de romper o namoro,ainda disse umas coisas desagradável com o ex.
O namorado ficou tão encabulado, que andava seis quarteirões a mais, para chegar na casa da sua tia, evitando assim, passar na frente da casa da sua ex.
Depois do namoro rompido, Iêdo foi passar as férias com a sua família em Várzea Alegre e conversando com a sua mãe, contou a história do parentesco com o deputado.
Dona Zefinha depois de ouvir toda a história, falou:
- Pois eu vou dizer como é o seu parentesco com o deputado. O teu bisavô foi vaqueiro do bisavô de Figueredo.
- Pois eu não sabia que era primo carnal dele não. Se mãe tivesse dito a um ano atrás, hoje mãe tinha um netinho.
- E você vai casar com ela?
- Vou não porque a mãe dela inventou de ir conversar com Amélia de Doca de Dodô e Amélia disse  a ela que eu não era primo do deputado, Aí a velha fez a filha romper o namoro.

Fonte: Ilvan Mendes. Irmã do primo de deputado.


CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

E  TU  ACHA  POUCO  ZÉ?

Preconceito  de cor é um mal  que atinge o mundo todo. Mesmo com as campanhas educativas ainda não foi possível a erradicação total. Imaginem vocês numa cidade como V. Alegre no ano de 1953.
Pois foi justamente  assim:  Estava  acontecendo  uma  queima de caieira na Varjota, onde estavam:  Pedão de Clara,  Vicente Arame,  Zé Júlio e  João Augusto. Eles estavam bebendo e contando piadas, quando de repente apareceu Zé de Chicão puxando fogo. Pedão  olhou  para  Zé com  uma cara  antipática e falou:
-  Você pode arribar daqui! qui  quem gosta de nêgo  é sabão da terra.  
Zé de Chicão do alto da  sua embriaguês respondeu:
-  Eu num saio não!  A caieira num é sua, é do véi  Zé Augusto.
 – Se você num  pegar o beco dentro de dois minuto eu asso você na boca dessa caieira.  
Vicente Arame  sabendo que  Pedão  era  violento e estava de fogo, aconselhou  Zé para  sair, porque  podia haver uma confusão  maior. De nada  adiantou os conselhos,  Zé ficou perturbando muita mais do que criança com apito na boca.
Pedão deu de garra de um tição  de fogo aceso e  acunhou no lombo de  Zé e ainda saiu sapecando o coitado até o  Roçado de  Dentro.  Quando  chegaram na  frente  da casa de  Antônio do  Sapo os cachorros latiram e Pedão  resolveu recuar, com medo dos cachorros e em respeito ao dono da casa.  Com  o  barulho  dos  cachorros, Antônio  do  Sapo saiu na calçada na companhia de Dona Naninha e  dos  seus  filhos   Chiquinho  e   Raimundinho,  para verem  o  que  estava acontecendo. Quando  botaram  os  pés  na  calçada depararam com os dois cachorros abocanhados   nas  pernas  de Zé,  assim como  que  querendo  repartir  uma pra cada. Tiraram os cachorros e levaram Zé para a sala da casa sem saberem do acontecimento anterior.
Vendo o estado de Zé, Antônio  falou para os  filhos:
 - Amanhã eu não quero mais esses cachorros aqui não. Cachorro que ataca gente não me serve.
Entre um gemido e um ái  Zé falou:
 - Deixe os cachorro seu Otõe. Num  tem cachorro no mundo qui seja  mais cachorro do qui Pedão de Qilara.
Enquanto Raimundinho lavava o lombo de  Zé com  água  de  sal  ele contava  o que  tinha  acontecido e ainda rogava praga dizendo:      
- Mais eu tem fé  im  meu  São Binidito  qui um pé de aroeira  ainda ai de cair pru  riba de Pedão de  Quilara.
Raimundinho  perguntou:
- Zé e porque foi que Pedão  fez  essa bagaceira com você?
- Por nada. Foi só rindade mermo. Ele só fez isso cum eu, pruque  eu sou preto e pobe.
 - E  TU  ACHA  POUCO  ZÉ?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Inventário de Teresa Maria de Jesus



Primeira página do inventário de Teresa Maria de Jesus, primeira esposa de Papai Raimundo. Segundo diz:

Lavras (da Mangabeira), Juiz Ordinário com vozes de Órfãos, 1825

Inventário que mandou fazer o Juiz Ordinário com vozes de Órfãos o Alferes Antônio José Fialho dos bens que ficaram por falecimento de TERESA MARIA DE JESUS casada que foi com Tenente Raimundo Duarte Bezerra, morador na Várzea Alegre, deste termo.

Inventariante o Tenente Raimundo Duarte Bezerra

Fonte: George Ney Almeida


Memória Varzealegrense - Memória varzealegrense



LAPSO NA HISTÓRIA - ISRAEL BATISTA


Minha cidade nos últimos anos anda caindo em falta, no sentido de reverenciar os seus ícones culturais e sociais. Com isso fica o alerta, para que isso não volte a acontecer. Várias pessoas que deram sua parcela de contribuição para a história de Várzea Alegre, no ano de seu centenário passou em branco. Sei que muitos devem está comentando isso: “Comemorar sem a pessoa ver é melhor não, comemoração pra mim, só se a pessoa estiver presente, depois que morrer não precisa mais.” Concordo plenamente com essa afirmação. Mas o porquê eu bato nessa tecla que se deve lembrar o centenário de algumas pessoas? É para reverenciar esse alguém pelo o que ela fez em vida, e aos mais novos que não a conheceram, tomar conhecimento quem foi esse alguém e qual o serviço relevante que prestou a sociedade varzealegrense. 

Eu de 2009 para, cá venho anotando em meu caderninho, as faltas que ocorreram. Até o ano passado, quando pude ver o centenário do jornalista Joaquim Ferreira, que durante a sua vida trabalhou no jornal “O GLOBO”, e foi o comentarista brasileiro no período da guerra na BBC de Londres. Levou o nome do nosso recôncavo ao mundo, (veja sua biografia escrita pelo seu irmão no livro “Várzea Alegre, minha terra e minha gente”). Mais um esquecimento em sua terra natal, no mês de novembro do ano passado esse grande jornalista, se vivo fosse completaria cem anos. Só para rememorar as pessoas que ficaram no esquecimento em seu centenário: Antonio Sátiro em 2007 o primeiro dentista formado de Várzea Alegre. 

Elisa Gomes grande educadora de nosso município completou cem anos no ano de 2012. Chagas Bezerra no ano de 2005. Hamilton Correia no ano de 2009. José Leandro 2006. E nesse ano o médico e escritor José Ferreira se vivo estivesse completaria seu centenário, eu me comprometi em lembrar sempre ele nesses meus escritos, e no próximo ano virá o centenário do dentista famoso Expedito Pinheiro e do poeta maior Bidinho e o outro poeta grande Miguel Alves de Lima, vamos lembrar esses vultos que passaram e deram sua parcela de contribuição para a história de Várzea Alegre.

Sei que para muitos é hipocrisia da minha parte, em falar e querer que seja lembrado essas pessoas, que o município não pode ta fazendo festa direto homenageando essas pessoas. Concordo plenamente, mas poderia ser ressaltado em algumas reuniões da câmara de vereadores, em editais da prefeitura, as escolas se mobilizarem em fazer trabalho de pesquisas, sobre a vida desses autores. Na minha lista tem alguns nomes que no futuro quando for seu centenário, será bastante comemorado, não citarei os nomes para não causar desconforto. 

E essas pessoas serem homenageadas, isso é bom e bastante relevante, mas o que me indigna é que sei que eles merecem, mas sem querer desmerecer, mas os outros esquecidos, também são merecedores dessa mesma homenagem.

Esses meus escritos não é para polemizar e nem querer balburdiar as coisas, e sim é um alerta para a história do município, que grandes ícones se foram, mas não foram lembrados em um momento sublime, que se vivo fosse, seria de grande júbilo para si e seus familiares. 

Várzea Alegre, fica aqui o meu alerta, e não esqueça essas pessoas que construíram a história do município, e que deram a sua parcela de contribuição para o desenvolvimento do município da forma em que eles podiam, e que seu talento o permitiam desenvolver.

Daqui uns sessenta anos será meu centenário, se vai ser comemorado, eu não sei, mas saibam que estou aqui nesse presente momento, resgatando um pouco dessas pessoas que construíram a história do município que me viu nascer, se eu vou ser lembrado ou não, isso não importa, importa-me hoje é o presente, sei que existe gente que foi mais capacitado do que eu, que não teve seu nome lembrado, e eu que me sinto abaixo do nível desses ícones, não me sinto merecedor de homenagem nenhuma. 

Por isso escrevo sobre essas pessoas. Pois é minha homenagem, e mostro para seus familiares que reconheci o valor que ele foi para minha cidade. Sei que cada dessas pessoas, o que fizeram pela sua terra, foi por amor, assim como eu escrevo, escrevo somente por amor, pois amo escrever, e através dos meus escritos, vou dando minha parcela de contribuição para as letras do município. 

E com isso deixo meu nome nas letras, mas tudo na vida o tempo vai levando, e com isso irei passar também. E num futuro próximo serei passado. E se serei lembrado, isso não sei, fica a critério dos cidadãos varzealegrense do futuro. Pois nessa época terão outros, que estarão tentando colocar o seu nome na história, assim é a humanidade. 

O ciclo vital continuará, e não para, e nesse momento estou em processo de construção de minha história de vida artística, mas adiante terei parado na estação da vida, mas já terão outros que continuarão a minha luta, ninguém é insubstituível, mas cada um constrói a sua história de maneira única, e quem ganha com isso é o município. 

Município que pode contar com a inteligência de Pedro Tenente, a irreverência de José Felipe, a capacidade musical de José Clementino, a visão de futuro de Chagas Bezerra e Raimundo Ferreira, a inteligência aguçada de Padre Vieira, a verve poética de Bidinho e José Gonçalves e tantos talentos que passaram por esse solo fecundo de artes. A alegria em meio à tristeza é a grande virtude desse povo, que vivem no sertão do Ceará, terra árida e seca, castigada por verões intermináveis.

Fica aqui o meu alerta, Várzea Alegre, não se esqueça de seus ícones, e preparem o seu solo artístico, para os que estão surgindo neste presente momento, para que no futuro possam pisar firme o solo cultural. Um município cresce quando valoriza os seus valorizam os seus valores artísticos, aqui fica o meu alerta. Espero que seja aceito como uma mensagem de alerta e não uma crítica pejorativa.

Israel Batista
18/02/2013 

ESURD - Por Isabel Vieira

Foto montagem feita por Isabel Vieira

ESURD - Uma “BRILHANTE HISTÓRIA”, que se originou na roça, sítio Roçado de Dentro, município de Várzea Alegre-CE ; que traz nas suas páginas , grafadas pelos agricultores , uma revelação de “ARTE VIVA”, expressada por um povo forte, humilde, trabalhador, UNIDO, perseverante, ALEGRE.

Duas ilustres famílias: OS SOUZAS E OS MENESES dotadas de valiosos talentos, notáveis dons artísticos, acionaram suas mentes, uniram seus corações, deram-se as mãos , e entraram no “roçado”. 
Entusiasmados com a pancada da chuva, o cheiro dos matos verdes, o perfume da terra molhada; em solo fértil, jogaram a semente de um sonho, que, fecundamente, brotou em forma de música, de frevo, de alegria, de samba , de FOLIA... Aí nascia a famosa ESURD ensaiando seus primeiros passos, entoando seus primeiros toques através da sanfona, do zabumba e do triângulo.

Era o início de 1963. Tudo estava começando . À época, aconteceu o primeiro desfile, em forma de bloco, realizado timidamente, que surpreendeu e encantou todo o povo da cidade; do qual, recebeu os maiores elogios e os mais fortes aplausos. Aquele instante era o alvorecer do nosso esplêndido CARNAVAL...para a felicidade de todos nós. 

ESURD - Protagonista de todo o crescimento, de todo o SUCESSO carnavalesco varzealegrense, que vem divulgando e elevando a nossa cidade, o nosso povo; tornando-os reconhecidos e elogiados em diversos recantos do BRASIL, numa propagação saudável e produtiva através dos mais variados meios de comunicação . 

A Escola do roçado, razão primordial, razão “MAIOR” do desenvolvimento, da sustentabilidade e do apogeu, ao qual, chegamos com o nosso CARNAVAL.

Na força dos “ensinamentos”, na força das “ lembranças”, na força das “saudades “ dos seus antepassados..., dos seus integrantes/fundadores, que já desfrutam da plenitude celestial, ... mas, que permanecem vivos e presentes no ritmo, no som, no eco, nos passos, nos sentimentos, no enredo ; a ESURD toda radiante e majestosa realizou o grande desfile/SHOW revestido de cores, de luzes, de emoção, de alegria... neste ano “jubilar”. Arrasando na avenida; emocionando todo o público; tocando fortemente os corações varzealegrenses com o encanto , a magia e o extremoso “brilho” do seu “JUBILEU DE OURO”

ESURD - Bandeira de trabalho, de arte, de esperança, de solidariedade; bandeira de união, de festa; bandeira de PAZ !!! 
As suas abençoadas “BODAS”, um testemunho de coragem, de luta, de compromisso, de dedicação e de “AMOR ” .

Cinquenta anos “DOURADOS” de caminhada contínua , descendo da roça rumo à cidade, cantando, tocando, sambando, SORRINDO ...; enfrentando invernos e secas, tempestades e bonanças, porém, sem recuar, sem esmorecer; ano a ano, com toda garra e capricho desfilando na avenida. 

E a “MÃO DE DEUS “ abençoou ... e na festa das “bodas” , tudo foi um verdadeiro esplendor. Legítimo “MÉRITO”.

PARABÉNS a todos que fazem essa prestimosa Escola de Samba pelo seu glorioso trabalho, pela sua grandiosa “obra”, que tanto nos anima, nos honra, e nos enobrece. Reconhecemos e louvamos a sua extensão a “ações e projetos sociais “ focados na formação “infanto/juvenil”, na inclusão, e na empregabilidade. 

PARABÉNS, de modo especial, para a digníssima MADRINHA/SUPERVISORA, senhora DAYSE DINIZ, que , de maneira hábil , eficaz e talentosa, notoriamente, tem se empenhado com um imenso carinho e amor , ao longo desses anos , permanecendo à frente da agremiação, com o objetivo exclusivo de vê-la andar, crescer, progredir, desfilar e contribuir para a alegria e o engrandecimento do nosso povo, do nosso “Torrão Amado”. 

Também , os nossos parabéns, àqueles, que , indiretamente, colaboraram para esse admirável e respeitável CINQUENTENÁRIO

PARABÉNS a nossa querida VÁRZEA ALEGRE, “tão cheia de encantos mil”...!!!

Exaltemos, exaltemos...!!! com toda admiração, respeito e gratidão essa memorável “HISTÓRIA” que merece perpetuar-se nas páginas do “MEMÓRIA VARZEALEGRENSE”. 

Que a GRAÇA do SENHOR seja permanente sobre toda a família-ESURD.

CARINHOSAMENTE, 

ISABEL VIEIRA DE OLIVEIRA SILVA - 
( Com muita alegria, MADRINHA no desfile do JUBILEU)
VÁRZEA ALEGRE - CE - 13.02.2013

domingo, 17 de fevereiro de 2013

CAUSOS LÁ DE NÓS. - Por Mundim do Vale.

MEDINDO  A  PRESSÃO.

Sexta feira passada dia 16, eu estava no aniversário da minha tia Bibia e sem ter tomado nenhuma bebida alcoólica, de repente senti umas náuseas e uma quentura no peito. Quando algumas pessoas notaram a minha palidez e o corpo gelado me tiraram quase nos braços e me levaram para emergência de um hospital. Algumas pessoas que estavam na festa até confundiram com embriaguês.
Chegando no hospital mediram a minha pressão e o resultado 8,00 x 5,00. Me aplicaram duas garrafas de soro com alguns medicamentos e em seguida mediram novamente, quando o resultado já foi de 10 x 6,00, Não estava ainda normal como está hoje, mas me deram alta, depois de algumas recomendações.
Mas esse comentário foi apenas para ilustrar um causo parecido que aconteceu em Várzea Alegre – Ceará nos anos 60, que eu passo a contar agora.
Ferrim de Bastiana andava nervoso e com uns sintomas parecidos com esses que eu falei acima, quando Seu Dudu falou pra ele:
- Ferrim. Vá lá no consultório do Doutor Colares e peça para ele medir sua pressão, que você não tá bem não.
Ferrim ficou preocupado e saiu quase correndo para o consultório. Chegou lá muito cansado e falou para o médico:
- Dotô ! eu vim aqui prumode o dotô tira o meu tesão.
O bom médico achando se tratar de uma brincadeira falou:
- Ferrim, Você vá lá no Ingém Véi e peça para Chica Perna Grossa tirar, porque eu aqui só faço é medir a pressão.

BRASÍLIA BRANCA. - Por Mundim do Vale.

BRASÍLIA  BRANCA.

Os Mamonas Assassinas, ficaram famosos com a Brasília Amarela. E eu fiquei falido com a Brasília Branca.
No ano de 1977, eu fui na Fundação Cearense para fazer um orçamento de pinturas em postos distribuidores de combustível. Quando passei pelo pátio, avistei um brasília exposta ao sol e a chuva. Tratei do orçamento com o Doutor Célio Cirino Gurgel e depois falei:
- Celinho. Me venda aquela brasília que está lá no pátio.
Raimundinho. Aquela brasília não serve pra você não. Ela não presta não.
- Tem nada não. eu também não presto e nem sou habilitado.
Ele concordou em me vender, nós acertamos o preço e no dia seguinte eu vendi um bojão de gás de reserva e fui buscar o carro.
Quando a Fátima soube que eu tinha vendido o bujão para comprar o carro, ficou zangada e falou até em separação. Com muita habilidade eu falei que o carro tinha as suas utilidades e ela terminou aceitando.
A brasília ficou na garagem, que era uma área da casa, por mais de  trinta dias sem rodar. Depois eu arranjei um dinheiro,e enchi o tanque para um  passeio com a família em Pacajus – Ceará. Logo que nós saímos da área urbana eu avistei no início da BR 116, uma placa com os dizeres; “ CONSERVE A DIREITA “ Eu entendi que para conservar a direita, eu teria que trafegar na esquerda para não estragar a direita,
Os caros passavam pelo um lado e pelo outro quase batendo no meu. Até que uma camionete carregada de castanhas bateu de frente. Na chibatada o meu carro ficou com a frente para Fortaleza e a traseira para Pacajus. Eu assumi o prejuízo e o cidadão ficou com o meu cartão para ser resolvido depois em Fortaleza.
Como a brasília não engatava a marcha ré, eu resolvi voltar para Fortaleza porque já estava anoitecendo.
A volta só não foi mais tranquila porque tinha um carro com muita velocidade pedindo passagem, mas o meu carro tava vazando óleo e gasolina, eu não dei a passagem com medo de um choque e a   brasília   explodir. O cara insistia e eu botava toda a velocidade, até que Fátima falou:
- Nanum. Deixa esse cara passar, porque vai terminar havendo um acidente. Eu fastei o carro para o acostamento, diminuindo a velocidade e olhei para ver que carro tão veloz era aquele:
- Diz aí que era um trator de esteiras.
Cheguei em casa botei o carro na garagem  e falei para fátima:
Ele vai ficar parado até quando eu vender.
Coloquei um anúncio no jornal por seis dias e ninguém ligou, renovei o anúncio e nada.
Um dia eu fui chegando em casa e tinha dois caras na grade, eu fiquei calado e escutei quando um deles disse:
- Nós perdemos a viagem.
Um dia passava um garoto com uma bicicleta velha e eu perguntei:
- Ei cara. Quer trocar a tua bicicleta nessa brasília?
- Tu é doido. É? Nessa bicicleta eu ainda levando trinta E essa brasília ninguém quer nem de graça.
A grade que era fechado com cadeados, eu deixei escancarada para ver se passava um filho de Deus para furtar a brasília, mas nem isso aconteceu.
Meu vizinho da direita tinha uma sucata na Av. José Bastos e eu resolvi falar com ele:
- Enoque. Leve essa brasília para sua sucata, ela não vai lhe custar nada.
- Raimundinho. Eu posso até levar, mas é se você pagar  o reboque!
Eu concordei e no dia seguinte o reboque veio. Quando ele saiu com o carro eu falei aliviado:
- Graças a Deus. Acabou-se meu pesadelo.
Fátima que estava do meu lado falou:
- Ainda não ! Você vai ter que mandar trocar o piso da área, que essa mancha  preta ninguém consegue tirar.

011 - Nossas Historias - Memoria Varzealegrense

Raimundo Sabino


Raimundo Sabino em doze tripla:


Primeira

Vigemaria! Com licença da palavra. De Raimundo Sabino são tantas historias que para se saber a melhor só botando o baralho. O homem era genial nesse aspecto, foi o maior botador de apelidos da historia do Sanharol. Os meninos comiam tampado com ele. Derna que achasse ruim, o apelido estava sacramentado.

O pessoal do sitio Unha de Gato costumava botar roças de arroz na manga de Zé Bitu do Inharé. Raimundo de Antônio de José Joaquim trazia a bóia pronta e na hora de se servi fazia com uma pratica inigualável. Jogava as colheradas, uma purriba da outra. Raimundo Sabino observando o desempenho do consumo do feijão com pão seco - perguntou: Raimundo, tu tem um olho d'água no céu da boca?

Segunda

Em 1965 quando as máquinas estavam fazendo a antiga CE-55 (Estrado do Algodão), hoje CE-060, nunca ninguém por aqui tinha visto um trator ou outra máquina qualquer. 

Eram as máquinas devastando tudo, derrubando cercas e o povo a olhar. Era aquela multidão, vinha gente de longe ver aquele serviço. 

Um dia Nicolau Sabino achou um farol bem grande que tinha caído de uma patrol (Caterpillar). Levou para casa e Raimunda Sabino colocou dentro de uma cristaleira para servir de enfeite. 

Certo dia, quando o Raimundo Sabino vinha da bodega para tomar um café em casa, que ficava ao lado, chegando à sala deparou-se com Raimunda Gibão se benzendo e rezando em frente á cristaleira.

Oxente, Dona Raimunda, tá ficando doida?

Doida, o que Raimundo Sabino? Respeite! Não tá vendo que eu tô rezando pra Nossa Senhora Aparecida?

Nossa Senhora Aparecida o que, Dona Raimunda, não tá vendo que isso aí é um "oi" de caterpilla?


Terceira

Raimundo Sabino foi, sem duvida, o maior botador de apelidos de Várzea-Alegre, tanto porque não deixava um sem  apelido como porque os apelidos eram originais e muito rasuados.

O nosso amigo, parente e camarada Geovani Costa, mui digno administrador do Blog do Inharé, foi a mercearia comprar uma cabeça de alho. Chegando lá disse: Seu Raimundo, minha mãe mandou comprar uma cabeça de alho, mas, disse que só quer se for grande. 

Raimundo Sabino cubou bem o portador e respondeu: Do tamanho da sua só se for buscar na Bahia. 

O homem era  demais.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

VERSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

DE  CHAPÉU  DE  PALHA

De chapéu de palha e chinelo trançado,
Domingo passado,
Ouvi o sermão.
De chapéu de palha, punhal e peixeira,
Corri na ladeira,
Quando vi Lampião.

De chapéu de palha e munido de fé,
Fui a Canindé,
Pagar a promessa.
De chapéu de palha, sou crente fiel,
Mas tiro o chapéu,
Se a missa começa.

De chapéu de palha, sem nem um cruzado,
Eu compro fiado,
Na venda do Zé.
De chapéu de palha, com fita amarela,
Eu vou na capela,
Do Senhor são José.

De chapéu de palha, viajo sem prumo,
Seguindo no rumo,
Que aponta o nariz.
De chapéu de palha, tomando rapé,
Eu rezo com fé,
Na igreja matriz.

De chapéu de palha e lenço bordado,
Eu canto reisado,
Em seis de janeiro.
De chapéu de palha, desci na ribeira,
Com o pau da bandeira,
Do meu padroeiro.

De chapéu de palha e calça engomada,
Assisti a parada,
Do grupo escolar.
De chapéu de palha e sapato bamba,
Toquei muito samba,
Pra charanga passar.

De chapéu de palha e título na mão,
Eu fui pra seção,
Mas entrei pelo cano.
De chapéu de palha, elegi um doutor,
Que agiu sem pudor,
Por baixo do pano.

De chapéu de palha e tênis rainha,
Rezei na lapinha,
Que fiz no natal.
De chapéu de palha e caderno pautado,
Eu fui reprovado,
Quando fiz o Mobral.

De chapéu de palha, um dia noivei,
Depois me casei
E vivo feliz.
De chapéu de palha, com suor no rosto,
Eu pago o imposto,
Que move o país.

Debaixo do meu chapéu
Não temo nenhum feitiço,
Pois tenho as graças do céu
E as bênçãos de Padim Ciço.
Tem gente até que apela,
Diz que eu não chego a cela
Porque nasci pra cangalha.
Podem me chamar romeiro,
Mas só vou no Juazeiro
Com o meu chapéu de palha.

Mundim do Vale
Várzea Alegre - Ceará

Além de Queda Coice - Memória Varzealegrense

ALÉM  DE  QUEDA  COICE - Mundim do Vale

Caboré era o apelido de um cidadão que morava em Várzea Alegre. Ele era tão conhecido pelo apelido que eu nem sei como era o nome dele.
A atividade de Caboré era serviços gerais; Castrava porcos, sacudia legumes e fazia trabalhos de roça. Qualquer coisa que mandassem ele fazer, ele fazia com disposição e bom humor. Usava um dito popular que junto ao apelido ficou a cara dele. Quando alguém pedia um serviço ele dizia:
- COMIGO É PREGO BATIDO E PONTA VIRADA !
Uma vez ele foi contratado para cortar umas galhas de moquém para alimentação de gado, mas fez a coisa errada. Subiu na árvore, sentou na ponta da galha e meteu a foice. Vicente Justino ia passando por baixo, quando viu aquela arrumação gritou:
- Ei, caboré ! Você tá sentado no lugar errado, tem que ser do outro lado, dese jeito você vai cair.
Caboré respondeu:
- Savexe não Vicente. Eu já tou acustumado a cortar muquém. Cumigo  É PREGO BATIDO E PONTA VIRADA !
Vicente não insistiu, mas quando caminhou 15 metros escutou a estraladeira. A galha tinha partido só a metade mas com o peso de Caboré, ela desceu de encontro ao tronco. Vicente correu mas já encontrou o cortador abraçado com o tronco. Caboré soltou o tronco e já caiu curvado em forma de meia lua. Vicente tentava baixar as pernas, Caboré subia a cabeça, se Vicente baixava a cabeça, ele subia as pernas.
Para levar o acidentado para a cidade foi preciso arranjar uma carroça. Por conta daquele acidente caboré ficou uns dias sem levantar. Quando  conseguiu foi andando curvado com a cabeça distorcendo com os joelhos.
Quando Caboré passava de frente a Uzina Diniz, Tóia gritava:
- Tá cassando dinheiro , caboré !
Caboré respondia:
- Tou cassando é o rabo da veinha !
Mas voltando ao dia do acidente vejam o que aconteceu; 
Vicente Justino foi dar a notícia com detalhes ao seu amigo Raimundo Lucas Bidinho. Na mesma hora o bom poeta Bidim improvisou essa décima;

O caboré não voou
Com o apelo de Vicente,
Ficou na galha da frente
E a galha despencou.
O estado que ficou
Faz uma pena danada,
Não serve mais para nada
Só porque foi maluvido.
NEM O PREGO FOI BATIDO
NEM A PONTA FOI VIRADA.

010 - Nossas Historias - Memoria Varzealegrense.

Antão Leandro Bitu - In Memoria.


Nasceu em 17.01.1952. - Era filho de Francisco Alves Bitu(Seu Mininim) e Ana Leandro, e era neto de Antônio Bitu (Pai Bitu) do Serrote e Madalena Bitu.

Estudou e serviu o Exercito no Crato.Era musico, tocava instrumento de sopro. Foi o mentor do "Bloco A Veia Debaixo da Cama" no carnaval de 1976", que deu origem a Mocidade Independente do Sanharol.

Formado pela Universidade Federal de Pelotas-RS em Julho de 1976. Faleceu no dia 07/09/1976 de trágico acidente automobilístico entre Toledo-PR e Ponta Grossa.

O destino quis que Antão nos deixasse sem receber nem o primeiro salario onde trabalhava numa Cooperativa Agrícola em Toledo.

Admirado por todos, deixou muita saudade e seu nome é lembrado numa rua do Bairro Zezinho Costa e na Escola Antão Leandro Bitu, no bairro Sanharol!

Barulho Intermitente - Memória Varzealegrense

Barulho Intermitente - Mundim do Vale

No tempo em que foi lançado o Corcel II, o nosso conterrâneo Otacílio Correia, comprou logo dois, um pra ele e outro para ficar com um motorista à disposição de Dona Rosinha.
O dele rodava bastante, enquanto que o da Dona Rosinha quase não saia da garagem.
Um dia ele notou que o seu carro estava com uma pancada intermitente do lado esquerdo, a pancada  era igual o sinal da Oi no Ceará. Aparecia e desaparecia de repente. Incomodado com aquela situação o empresário levou o carro até uma loja autorizada. Na loja ele foi recebido pelo gerente, que o tratou muito bem:
- Bom dia, Otacílio. Em que posso servir-lo?
- Eu trouxe o carro para ser examinado. Ele tá com uma pancada no lado esquerdo.
- Pois não. O Sr. Pode deixar o carro, que eu vou mandar examinar.
Três dias depois o gerente ligou para Otacílio ir pegar o carro.
O gerente o recebeu novamente e foi logo dizendo:
- Pronto, Otacílio. O seu carro foi examinado pelo chefe da oficina, que deu umas voltas na cidade e não encontrou nenhum problema. Otacílio levou o carro e no dia seguinte notou o bendito barulho.
Voltou a autorizada e falou novamente com o gerente:
- Meu amigo. O problema continua. Eu gostaria que você mandasse examinar o carro novamente.
- Pode deixar Otacílio, eu vou tratar o seu caso com muita atenção.
Três dias depois o gerente ligou para Otacílio pegar o carro. O empresário foi achando que estava tudo ok, quando o gerente disse:
- Dessa vez eu montei uma equipe técnica e de fato existe o problema. Nós até ligamos para a montadora e eles disseram que esse tipo de problema, nesse carro é normal.
- Tudo bem se é normal eu vou levar.
Uma semana depois Otacílio pegou o carro de Dona Rosinha e levou até a autorizada. O gerente achando que era o mesmo carro falou:
O que foi dessa vez? O carro tá com outro tipo de problema?
- Não. Esse carro aqui não é o meu, é o da minha esposa.
- E o que é que ele tem?
- Você disse que aquela pancada é normal no Corcel II, não é isso?
- É.
- Pois eu trouxe o da minha esposa para vocês botarem a pancada, porque o dela não tem não.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Cadê a chave Doutor? - Memória Varzealegrense

Cadê a chave Doutor? - Mundim do Vale

O empresário Otacílio Correia,certa vez levou um carro até uma loja autorizada, para que fosse feito uma revisão. Conversou um pouco, tomou café e em seguida saiu deixando o carro para o serviço.
Quatro dias depois recebeu uma ligação dizendo que o carro já estava pronto. Chegando lá o gerente já estava com a nota fiscal do serviço nas mãos e tratou logo de explicar:
- Bem, Sr. Otacílio. No serviço do seu carro foi colocado umas velas, um filtro de óleo e uns terminais elétricos.
- Vocês deram umas voltas depois para testar.
- O mecânico deu umas voltas pela cidade.
- Ok. Vou fazer o cheque.
Depois do pagamento Otacílio agradeceu e pediu a chave.
O gerente perguntou a uma funcionária:
- Célia. Cadê a chave do doutor?
- Tá aí no painel.
- Não, aqui não tá não.
- Então deve está com o Nogueira.
- Nogueira ! Cadê a chave do doutor?
- Deve tá com o Batista.
Otacílio que lia o jornal enquanto os funcionários procuravam a chave, teve uma lembrança e falou:
- Agora eu me lembrei de uma coisa; No dia que eu trouxe o carro, deixei ele trancado e esqueci de deixar a chave.

Mundim do Vale

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Primo Biológico - Memória Varzealegrense

PRIMO  BIOLÓGICO - Por Mundim do Vale.

1970 em Várzea Alegre. Era um dia de sábado onde tinha a feira semanal.  Eu estava bebendo com o meu amigo Taveirinha, quando avistamos dentro do mercado velho, um senhor com um macaco fazendo graça para ganhar dinheiro.
Quando eu passava perto com o meu amigo, eu apontei para o macaco e falei:
- Olhe Taveirinha. Esse ai é o nosso primo biológico.
- E é? Vixe Cuma tem gente da famia qui eu num cunheço.
Terminado o show, o cidadão saiu para dar umas voltas e deixou o macaco amarrado numa coluna por uma corrente.
Nós estávamos bebendo no bar de Alberto, quando Taveirinha levantou-se dizendo:
- Eu vou reparar o qui é qui meu primo tá fazendo.
Taveira começou a demorar e eu fui até lá pra ver o que estava acontecendo. Quando eu cheguei lá me deparei com Taveirinha agarrado nas orelhas do macaco, enquanto  ele gritava de desespero.
Eu apartei a briga dos dois e perguntei:
- Porque isso taveirinha?
- É pruque esse meu primo tava alevantando os vistido das moça e eu num quero gente da minha famia fazendo escandelo não.

Meia Quarta - Memória Varzealegrense

MEIA  QUARTA - Mundim do Vale

Nesse domingo de carnaval, a cadeia pública de Juazeiro do Norte, amanheceu lotada. Um gozador e ao mesmo tempo, comunicador de uma emissora de rádio, foi fazer uma entrevistas com os presos, para saber a situação de cada um.
Assim aconteceu: Ele pediu ao agente prisional para colocar os presos em fila indiana e começou.
Chamou o primeiro da fila e perguntou:
- Teu nome macho véi?
- Ourico Custodo.
- Apelido?
- Chupa Cabra.
- Tu é de onde?
- De Orora.
- Foi preso porque?
- Só pruque eu tava dançando frevo na porta da igreja.
- Vai sair quarta feira.
O segundo:
- Teu nome?
- Ontõe Ogeno.
- Apelido?
- Pica-Fumo.
- Tu é de onde?
- De Barbáia.
- Foi preso porque?
- Pruque uma rapariga açoitou eu.
- E ela foi presa também?
- Não ela tá no hospital, pruque eu dei uma murdida na ureia dela e arranquei um pedaço.
- Olha aí, macho ! O cara pega a mulher e vai comer é a orelha. Não é a orelha que a gente come não, macho.
- Vai ficar pra responder.
O terceiro:
- Teu nome?
- Zé Viniço.
- Tu é de onde?
- Da Rajalegue.
- Mas olha, negrada. O cara deixou  o melhor carnaval da região, pra ficar preso junto com um magote de macho.
- Foi preso porque?
- Só pruque eu quebrei uma garrafa.
- Você tá preso só porque quebrou um,a garrafa?
- É pruque foi na cabeça dum pade franciscano.
- Vai ficar pra responder.

Tema enviado de Juazeiro por e-mail.

Causos lá de nós - Memória Varzealegrense

DONA  VIRGÍNIA  E  SEUS  DOIS  MARIDOS - Mundim do Vale

A Rede Globo produziu Dona Flor e seus dois maridos, inspirada num causo do nosso conterrâneo José Felipe de Souza. (Zé Felipe Afamado) Zé Felipe, em uma das suas viagens para Campina Grande Paraíba, uma vez levou a sua esposa Virgínia, para conhecer a cidade. No caminho um conhecido seu da cidade de Lavras da Mangabeira Ceará, pediu uma carona e ele levou.
Chegando em Campina, a cidade estava em festas e tudo quanto era hotel e pensão estavam lotados. Como ele sempre dava preferência a uma pensão de um amigo, o proprietário fez um esforço e conseguiu um quarto para o casal. Zé Felipe muito generoso deixou que o conhecido dormisse no mesmo quarto, Zé era o tipo que não deixava um conhecido dormir na rua.
Na manhã seguinte, Zé acordou primeiro e deu uma saída para uma varanda, quando notou a curiosidade de um empregado da pensão sempre olhando na direção do quarto. A curiosidade do empregado chegou ao ponto de abordar o hóspede:
- Zé. De quem aquela mulher?
- É casada com aquele meu amigo.
- Vixe !
A esposa de Zé, lá de onde estava escutou a conversa e não gostou. Chamou o marido em particular e falou:
- Mas Zé. Como foi que você foi fazer isso?
- Fazer o que?
- Dizer que eu sou a mulher daquele homem se eu nem conheço ele.
- Virgínia. É porque eu sou muito conhecido aqui em Campina Grande. E esse camarada tá vindo pela primeira vez. Tú não acha que é melhor chamarem ele de corno, do que me chamarem?

Fonte: José de Souza Sobrinho. Sobrinho de Zé Felipe Afamado.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

009 - Nossas Historias - Memoria varzealegrense



Joaquim Alves Bitu, filho de Antônio Alves Feitosa Bitu e Madalena do Serrote. Casado comAntonia Fiuza de Morais, conhecida por  Nenen, filha de José de Pedrinho do Sanharol, morou nos sítios Serrote e Sanharol. Depois, se estabeleceu no comercio com uma mercearia no centro de Várzea-Alegre.

Certa feita foi procurado por Abdias que lhe ofereceu um milho. Joaquim se interessou, mas Abdias adiantou: eu lhe vendo o milho, mas tem um "Porém". Joaquim Bitu imaginou ser o pagamento a vista, no ato, e, respondeu não haverá problema, eu pago sua mercadoria a vista. 

Abdias então esclareceu: o problema não é esse, é que eu só vendo o milho pra entregar na minha balança. Joaquim Bitu respondeu: Agora são dois "Porém" por que eu só compro se for para receber na minha.


008 - Nossas Historias - Memoria Varzealegrense.


Da esquerda para direita Joaquim Bezerra da Costa, Joaquim de Dica e José de Pedro André, ladeando São Raimundo Nonato.

Outro dia Tiago Silva Frutuoso perguntou em um comentário se o Memoria  tinha foto de Joaquim de Dica. Aí está junto com o amigo José de Pedro André,  numa solenidade religiosa na casa deste.

Falar sobre Joaquim de Dica não é fácil. Homem honrado,  honesto,  calmo, prudente, um  conselheiro autentico. Deixou um legado de grandes exemplos  de  bom filho, esposo, pai, irmão, amigo e cidadão.Merece com toda distinção e, louvor fazer parte da galeria de personalidades do Memoria Varzealegrense.

É CARNAVAL.

No vídeo você verá Raul Seixas e Wanderleia, João Roberto Kelly cantando marchinhas inesquecíveis: Jardineira, Mascara Negra, As pastorinhas, Cabeleira do Zezé etc.

Quem é capaz de resistir e ser indiferente a beleza e simpatia de Soraia Ravenle em "Até Quarta-Feira":

Pra você que  curte o Memória:



sábado, 9 de fevereiro de 2013

007 - Nossas Historias - Memoria varzealegrense


José Augusto de Lima Siebra.

Cada dia que vivo, mais surpresas tenho. Em Outubro completo seis décadas nos costados, e, esse soneto do José Augusto, que apresento a seguir, deve ter esse mesmo tempo ou mais, e, eu não o conhecia.

Feliz estou por duas razões: inicialmente por reconhecer a competência poética do José Augusto, nosso conterrâneo da Rajalegre e depois por poder contribuir com a divulgação de tão belo soneto.

Falar do canto do Xexéu é voltar aos tempos de criança, quando os nossos agricultores se alegravam, porque esse canto era sinal de chuvas, de inverno.

É prazeroso ser surpreendido como fui, com os poemas de José Augusto pela qualidade, pela beleza e sobretudo pela sentimento de amor, pureza d'alma existente.


Segue o soneto do José Augusto de Lima Siebra:

Alvorada.

De luz um raio aponta no nascente
Troa na mata o canto do xexéu
A noite se escondendo de repente
Deixa morrendo estrelas lá no céu.

Distende o manto o dia docemente
Cobrindo a natureza com um véu
Os passarinhos acordando de repente
Soltam no bosque um canto de troféu.

Vão morrendo as estrelas de hora em hora
A lua lá no céu desmaia e chora
A rosa nasce sobre o verde galho.

E o sol saindo lá do mar profundo
Mil encantos trazendo para o mundo
Marca as horas do dia e do trabalho.