VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

terça-feira, 23 de julho de 2013

027 - Do Tempo do Bumba - Memória Varzealegrense

FEIJÃO  PRETO.

Era uma prática costumeira dos agricultores de Várzea Alegre-Ceará, epalharem o feijão novo nas calçadas, para secar um pouco antes ser colocado nos tubos.
Certo dia chegou Raimundo Beca e seu filho Benedito com um saco de feijão para secar. Derramaram na calçada e espalharam.

Raimundo Beca chamou os filhos; Benedito, João e Francisco e recomendou:
Vocês três fiquem pastorando o feijão para os bichos não comer, que eu vou lá na rua e quando voltar nós ramo intubar. Mais num vão sair daí não.
Raimundo saiu e os três ficaram de guarda. Com pouco tempo chegou Damião dos Bonecos e Antônio seu sobrinho e foi logo fazendo o convite errado:
- Ei negada. Ramo brincar um boi alí no terreiro do véi Matia.
João respondeu em nome dos três:
- Dá certo não qui pai deixou nós butando sintido nesse feijão prus bicho num cumê.
- Qui bicho? Os bicho qui tem aqui na Vazante é os meu buneco.
- Mais tem as cabra de Zé Vicente.
- Mais uma hora dessa elas tão drumendo.
Os vigilantes ficaram convencidos e abondonaram o posto.
Mas foi só o que deu. Aquela era exatamente a hora que as cabras passavam para beberem água na lagoa de São Raimundo.
Sem contenção os animais fizeram a maior farra, comeram todo o feijão e foram dormir debaixo de um juazeiro que tinha perto. Da calçada até o juazeiro elas deixaram um rastro de bolinhas pretas que denunciava a bagunça.
Os meninos entusiasmados com o jogo de peão, deixaram o tempo passar, lá uma hora, João que era o mais experiente falou;
- Bora cambada, que pai já tá perto de voltar. De longe eles observaram que a calçada estava vazia. Quando João avistou as cabras falou:
- Foi as cabras de Zé Vicente. Ramo butar elas pra fora e quando pai chegar nós ramo dizer a ele que foi qui robaro quando nós fumo tumar água.

Quando Raimundo chegou que notou a cara de preocupados dos   
três foi logo perguntando:
- Cadê o feijão? Bando de fi duma égua?
João falou pelos três:
- Eu acho qui robaro. Pai.
- Robaro Cuma? Eu nun deixei vocês pastorando?
- Eu acho qui foi na hora qui aquele couro caiu, porque foi preciso nós espichar ele de novo na parede do oitão, aí o ladrão aproveitou.
- Pois tá certo. Vocês fique aí qui eu vou tumar um bãe e vorto já pra nóis cunversar. Depois do banho Raimundo saiu com uma expriguiçadeira, armou na calçada e puxou a conversa:
- Quer dizer qui robaro o feijão?
João respondeu:
- Foi pai. O ladrão levou o nosso e deixou um bucado de feijão preto pra nós.
- Pois ramo fazer disso, pegue um cúia e vão catar o feijão preto, depois eu vou contar. Cada caroço vai ser uma chicotada no lombo de cada um.
Depois que deu a ordem simulou que estava dormindo e escutou quando João disse para os irmãos:
- Nóis ramo fazer assim; Nóis bota um bostinha dessas na cúia e interra três, que a peia vai ser mais pouca.
Quando terminaram foram com a cúia até o pai.
Raimundo que nunca tinha dormido disse:

- Muito Bem. Eu vou contar os feijão da cúia e como eu já disse cada caroço vai ser uma chicotada no lombo de cada um, depois eu vou atrás daqueles qui vocês interraram e cada um qui eu incontrar vai ser três chicotada pra cada.
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