VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

028 - Do Tempo do Bumba - Memória Varzealegrense

O  FINADO  ERA  MAIOR.


Nosso conterrâneo Vicente Nogueira, tinha uma certa simpatia por políticos, nunca foi candidato a nada mas sempre procurava estar perto das autoridades políticas.
Num ano de boa safra de arroz em Várzea Alegre-Ceará, a prefeitura municipal preparava a festa do arroz. O convidado especial era o deputado Joaquim de Figueredo Correia, que trazia outras autoridades estaduais.
Vicente Nogueira comprou um corte de riscado na loja de Edvard Moreno e levou até a alfaiataria de Mestre Vicente Salviano para fazer um paletó. Tirou as medidas e ficou de voltar depois para a prova final.
Faltando seis dias para o evento, foi a alfaiataria para fazer a prova. Vestiu o paletó ainda alinhavado e já queria levar.
Mestre Vicente perguntou se ele queria fazer alguma modificação e ele respondeu:
- Não. Vicente. Aqui já tá no jeito. Eu só quero qui você mintregue un dia antes da festa, pruque esse palitó eu vu vistir no dia da festa do arroz qui é prumode eu cunversar cum meu amigo Juaquim Correia.
Vicente Salviano notando a ingenuidade de Vicente falou:
- Mas Vicente. é uma extravagância, você fazer uma despeza desta. Figueredo vai vir acompanhado de várias autoridades e não vai poder lhe dar atenção.
- Ele vai. Qui foi eu qui insinei a ele andar de cavalo, quando ele era minino lá no Oi Dágua. E teve uma vez qui ele foi lá im casa cum Vicente Onoro e tumou café mais eu.
- Mas Vicente. Agora é diferente, você não vai conseguir chegar nem perto e ele nem vai mais lhe conhecer.
- Ora num vai. Eu vou le amostrar cuma ele vai.
Na véspera da festa Vicente pegou o paletó e no outro dia veio com a esposa.
Quando o casal chegou na rua Major Joaquim Alves, já encontrou a rua enfeitada de faixas e bandeirolas. Figueredo estava no interior da casa de Zezim Costa e na rua tinha mais de seis mil pessoas. Na grade da casa tinha três soldados, para que só entrassem os convidados.
O casal ficou na calçada da casa de Valdeliz, que foi o local que o casal achou pra ficar mais perto.
Uma hora lá Figueredo veio até a área para entregar um envelope a uma pessoa e Vicente ficou na ponta dos pés, balançando os dois braços e gritando:
- Juaquim! Juaquim! Juaquim!
Figueredo retornou para o interior da casa e não voltou mais. Depois de mais de uma hora, a mulher de Vicente já bastante cansada falou:
- Vicente. Ramo simbora qui esse ome num vem falar cum tu não.
Vicente já bastante convencido disse:
- Vem mermo não. Ele tá muito acupado.
- Apois ramo.
- Ramo.
Dizendo aquilo, Vicente pegou a rua na direção da praça dos motoristas.
A mulher extranhando falou:
- Ôxente. Vicente! Pra donde tu vai ome? Nóis num ramo né pru São Corme?
- É. Mais é pruque antes de nóis ir eu priciso falar cum meste Vicente.
- E tu num pagou o palitó não?
- Paguei. Mais é pruque eu quero me vingar duma praga qui ele jogou im neu.
Chegou na alfaiataria com o paletó ensopado de suor e ficou se abanando, quando Mestre Vicente perguntou:
- Como foi lá Vicente? Falou com Figueredo?
- Falei. Mais foi Cuma você dixe. Tinha mei mundo de gente na calçada e tinha tombém três sodado na grade, pra num deixar ninguém entrar. Mais Juaquim saiu na aria e quando me viu mandou o motorista me chamar. Aí eu entrei e miassentei junto cum ele e os camarada dele. Mais teve uma coisa lá qui eu num gostei.
- E o que foi?
-  Foi pruque Palo de Dudu dixe uma pilera cum eu.
E o que foi que ele disse?
-Ele pensava qui eu num tava iscutando, aí dixe a Dr.  Daro: - Mais minino, esse palitó de Vicente Nogueira tá muito mal feito. O FINADO  ERA  MAIOR.                                                                           
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