QUEM ME DERA ELE VOLTASSE! - João Bitu
JOSÉ ALVES BITU nasceu no sítio CARNAÚBAS em 1906, no município de Várzea-Alegre. o terceiro dos seis filhos de JOÃO ALVES FEITOSA BITU e Dona EUFRÁSIA (Frasinha) como era conhecida carinhosamente naquelas cercanias do caudaloso Riacho do Machado.
Exceto Expedito, que faleceu ainda muito jovem, conheci os demais, a saber: Nonõe, Iza, Teresinha, Afonso e Expedito. Ele, ZÉ BITU, logo bem cedo, fez ver sua inteligência, sabedoria, desenvoltura e aptidão em torno de assuntos concernentes aos rumos da família, mostrando um alto espírito de liderança e bom senso.
Como agricultor e pequeno criador, foi acumulando aos poucos, uma relativa estabilidade econômica, graças naturalmente ao fato de não ser portador de qualquer vício como alcoolismo, tabagismo ou outros costumes desaconselháveis e dispendiosos, alem de nocivos à saúde. Não recebeu, necessariamente, uma assistência escolar total dada a inexistência de meios na localidade naqueles tempos. Tudo era bem mais difícil ou quase impossível.
Por algum tempo, entretanto, esteve acontecendo na cidade, oportunidade em que foi coroinha na Igreja de São Raimundo Nonato, sob os auspícios e comando de Padre Lima, vigário da comarca, com absoluto apego aos caminhos religiosos. Todavia, por vontade pessoal, optou por deixar a batina não muito tempo depois.
Conheceu para felicidade sua e de nós outros, no sítio FORQUILHA que não distava muito das Carnaúbas, senão poucos quilômetros, a linda senhorita VICENTINA de invejável beleza física e altos predicados domésticas, neta afortunada da Velha Chicô Pereira, bem muito conceituada e esperta nos negócios a que se dedicava. Foram felizes, muito felizes por 53 anos quanto durou o seu matrimônio, gerando o nascimento de 13 filhos. Coisas de DEUS!
ZÉ BITU ao final da década de quarenta radicou-se na cidade. Comprou um pequeno estabelecimento comercial num prédio que já era de sua propriedade, situado à Rua Major Joaquim Alves, esquina com a entrada para a Praça Santo Antonio onde está o cemitério da Saudade. Sempre que por ali passava um cortejo fúnebre, a porta do estabelecimento era fechada em reverência ao falecido.
Homem sábio, inteligente, honesto e desembaraçado em tudo quanto lhe dizia respeito. Foi promotor adjunto, vereador pela legenda do antigo PSD, católico praticante, apadrinhou centenas de crianças na pia batismal, merecedor do mais alto respeito e consideração em torno de si. Era ponto de referência para a correspondência entre pessoas que moravam em outros centros, como São Paulo, Rio, Mato Grosso e outras partes para onde se deslocava aquela gente do município. As cartas e encomendas não vinham dirigidas para “CAIXAS POSTAIS”, mas aos cuidados de ZÉ BITU, o que significava garantia. Sucesso e urgência na entrega.
Era portador de um brilhante senso de humor, todavia, não se dava ao hábito de contar anedotas corriqueiramente, limitando-se, isto sim. a aparecer com repentes os mais engraçados possíveis, quando menos se esperava.
“Em certa ocasião um de seus netos perguntou se era” verdade que a cobra só picava sua vítima quando estava com raiva, ao que ele respondeu: Não sei dizer. portanto, é melhor você não mexer com ela, pois nunca se sabe se está com raiva ou não!
Outra vez estava acontecendo enorme calor, semelhante ao de hoje e alguém lhe perguntou: “Compadre isto será chuva e ele respondeu com aquele seu leve sorriso no canto da boca. Eu acho mais parecido é com calor”.
Gostaria de ter diante de mim ainda hoje, o meu Velho Pai e o nosso Pompílio Velho, meus mestres de outrora de quem herdo modestos conhecimentos gerais e a alegria de saber falar e escrever aLgumas coisas de proveito na vida.
Quem teve a felicidade de conhecer meu estimado Pai em seus tempos de existência sadia e gloriosa sabedoria, sabe muito bem reconhecer seus valores intelectuais e humorísticos que a tantos causou benefícios e muita alegria. Esposo, pai e amigo extremoso, possuidor de um coração puro que só amor tinha para dar.
DEUS o tenha lá no paraíso celestial!
Mundim Do Vale - MEL COM FARINHA (comentário do Mundim)
O meu pai Pedro Piau chegou certo dia na casa dos seus compadres Zé Bitu e Vicentina e foi servido de um mel de engenho. Ele pediu um pouco de farinha e ficou tentando unir os compostos com uma certa dificuldade. Quando perdeu a paciência, coisa que ainda hoje ele tem bastante. Olhou Para Zé Bitu e falou:
- Compadre! Tem coisa no mundo mais trabalhosa, do que misturar mel com farinha?
- Tem compadre. É separar depois de misturado.