PADRINHO DE
CASAMENTO.
O
Sanharol estava em festa com a programação do casamento de Luiz Bitu. O pai do
noivo já estava com um garrote abatido e os freezers já estavam cheios de
cervejas geladas. A Mocidade Independente do Sanharol esquentavam os tamborins,
para fazer a homenagem ao seu ilustre fundador. Já chegavam familiares dos
noivos das cidades vizinhas e o Sanharol era só alegria.
José
de Pedro André, estava sentado no
alpendre da sua casa olhando a movimentação dos carros saindo e chegando,
quando chegou Zé de Lula Goteira, mais cansado do que maluco que conduz porcos.
Zé foi logo perguntando:
-
Zé Adré. Cadê Ontõe!
-
Qual Ontõe?
-
Ontõe teu.
-
Ontõe tá no Crato.
-
E ele num vem não?
-
Vem não, porque se ele tivesse no plano de vir já tinha chegado.
-
E ele num mandou uma incumenda pra eu não?
-
Pra mim não, só se ele mandou pra mãe dele, eu vou perguntar a ela:
-
Tônia!
-
Oi.
-
Antônio mandou uma encomenda pra Zé de Lula?
-
Mandou não.
Zé
André perguntou:
-
Escutou Zé?
-
Iscutei. Mais agora danou-se, pruque a incumenda era um breize prumode eu
vistir no casamento de Luiz de Cotinha. Qui eu e Demontiê ramo ser os padim do
noivo.
-
E o que é breize?
-
Ai meu São Raimundo. Cuma é difiço cunveçá cum matuto. Breize é um negoço
paricido cum palitó, qui os rico veste nos casamento dusoto rico.
-
Porque você não pede um emprestado a Mininim Bitu?
-
Pera. Zé André! É um breize num é um cubertou não.
-
Pois então vai ser preciso arrumarem outro padrinho.
-
Dá certo não, qui o juiz já assentou meu nome lá no livro.
-
E o que você pretende fazer?
-
Eu mandar o juiz maicar ôto dia, inquanto eu arrumo o breize.
A
cerimônia do casamento civil foi realizada no dia certo e na hora certa,
conforme o cerimonial havia programado. Mas se fosse depender daquele bendito
blazer, Luiz Bitu ainda hoje estava solteiro.