À Várzea Alegre e aos seus filhos
de corpo, alma e coração, declaro: a postagem que aqui farei não é de minha
autoria. Tive a colaboração da jovem, Ângela Bezerra, filha de Lindoval Bezerra
e Soledade Venâncio, residentes no Sítio Boa Vista, neste Município. Consegui
esta cópia na década de noventa, por gentileza e boa vontade da jovem acima
citada. Mantive o riquíssimo vocabulário e a escrita o mais fiel possível,
fazendo alterações na grafia de algumas palavras.
O real e verdadeiro autor do
Livro “O Passado no Presente...” é PEDRO TENENTE.
O Passado no Presente...
Pedro Tenente
Ao leitor
Antes de tudo o autor deste
pequeno Opúculo, sente a necessidade irresistível de confessar quem seja...
Chamam-no Pedro Tenente, porém o
seu verdadeiro nome com todos os ff e rr é Pedro Gonçalves de Morais, contando
atualmente 64 anos de idade, pois nascera aos 14 dias do mês de março de 1869;
é casado, agricultor e analfabeto, porém provém de uma linhagem boa e seus pais
foram ricaços, mas a seca de 1877 a 1879 levou de águas abaixo tudo quanto de
bens e haveres possuíram.
Descendente dos Cavalcantes, de
Pernambuco; dos Feitosas de Inhamuns e Morais Rego, do Piauí, porque o general
Pedro Cavalcante de Albuquerque que fez
a expulsão dos holandeses do Brasil, era pai de Maria Ana Bezerra,
genitora de Francisco Duarte Bezerra,
que era pai de Raimundo Duarte Bezerra e este
de Ana Maria Bezerra, sendo sua avó paterna – mãe do capitão Antonio Gonçalves
de Araujo, que era pai do autor deste modesto trabalho, sendo minha genitora –
Maria da Glória Bezerra, filha de Joaquim Alves de Morais, que era filho de
Gabriel de Morais Rego, de Timbaúba dos Inhamuns, sendo este filho de Gabriel
de Morais Rego, da Caiçara, que se casara com Leonarda Bezerra do Vale, a filha
de Eufrasia Alves Feitosa, de Arneiroz.
Gabriel de Morais Rego, da
Caiçara, era filho de Gabriel de Morais Rego, do São Gonçalo dos Anjins e este
filho do tenente-coronel Pedro de Sousa Rego, antigo proprietário e residente
da fazenda Môcha, em Vieiras, no Piauí.
Quando Pedro Gonçalves Dias,
vulgo Pero Coelho, ofereceu-se ao oito Governador do Brasil – para fazer a
conquista do Maranhão e expulsar os franceses que lá e no Ceará se achavam, foi
aceito o seu oferecimento, sendo-lhe conferida a patente de capitão-mor, como
era de costume em tais casos.
No referido ano Pero Coelho fez
seguir até a foz do Jaguaribe três caravelões carregadas de mantimentos e
munições, seguindo por terra com 75 soldados e 200 índios frecheiros.
Ali chegando iniciou a sua exploração no lugar denominado
Passagem das Pedras e, subindo de rio
acima penetrou todos os afluentes daquele rio que fora encontrado, chegando,
afinal, nas cabeceiras do riacho Carrapateira, na serra de Boa Vista, onde dependem as águas para
Pedra Branca e Inhamuns, em cuja excursão gastou dois anos e nove meses,
levando dali toda planta do terreno explorado, que fora inserida nas atas da
Relação, de forma que quando alguém
pretendia tirar uma data ou sesmaria de terra se guiava por ali. Muitos lugares
ficaram desde esse tempo, até os dias de hoje, conhecidos com os nomes que
receberam dos seus gentios, como sejam: Icó, Quixelô, Cariri, Cariús,
Quincuncá, Inhamuns, Crato e muitos outros.
***
Certa vez, já vai longe, vendo
ler um antigo firmado por João Brígido dos Santos, dando a vinda de certas
famílias para o Ceará, onde uma delas a Feitosa, que, segundo ele, “João
Brígido”, arrogantemente afirmara ter sido por questões políticas, venho, hoje,
embora tardiamente, contraditar aquela afirmativa, a fim de que,
tão somente, a verdade dos fatos
surja com os seus fáceis
naturais.
Naquela época João Brígido não
era nascido, nem tão pouco eu; porém a tradição nos vai legando as coisas do
passado e, de pouco em pouco, vamos bebendo em fontes puras o princípio são a
verdade.
Entremos pois a historiar o
caso...
João Alves de Lima da Feitosa, em
Portugal, emigrara para o Brasil.
Eram seus filhos – coronel
Francisco Alves Feitosa, Lourenço Alves Feitosa e Manoel ferreira Ferro.
O Coronel Francisco Alves Feitosa
casou-se com D. Izabel Maria de Melo, já viúva por falecimento de Antonio
Pereira do Canto. Por esse tempo Lourenço não se havia casado ainda, pois que
continuava nos estudos, em Santos.
Na Bahia, onde o coronel
Francisco Feitosa presidia, morava também um Barão, que não sei precisar o seu
nome, muito rico e que tinha um cavalo bonito, possante, bom e especial,
costumando, sempre todas as tardes, passeá-lo pelos arrabaldes daquela
florescente localidade, quando um dia passando em frente da casa do coronel Francisco Alves Feitosa um
“cachorro” deste senhor “cruvou” o
cavalo do Barão, que quase o atirou sobre o chão.
O Barão ficou deverasmente
apaixonado e ordenou a dois “cabras” seus que se armassem e fossem matar o “cachorro”.
Obedecendo, os “cabras” seguiram
e, encontrando o “cachorro” deitado no terreiro da casa do coronel Francisco
Feitosa, fizeram-lhe “fogo”, indo porém uma das balas varar a barra do vestido
da esposa do Cel. Francisco Feitosa que na ocasião se achava sentada no alpendre da casa e muito
conspirada pergunta para o seu marido:
_ Que se faz agora?
_ Nada tenho a fazer... Se é pelo
“cachorro” cria-se outro; se é pelo vestido compra-se outro e de fazenda melhor
ainda.
Porém ela não se dando por
conformada com aquele modo de pensar do seu esposo, pondera-lhe:
_ “A questão é eu ter ficado
desfeitada! ...
O coronel Francisco Feitosa
resolve-se então a tomar uma desforra da afronta sofrida por sua senhora, e,
tomado desse intuito faz uma carta a seu irmão Lourenço, chamando-o urgente.
Expôs Francisco Feitosa a Lourenço
todo ocorrido e o plano em que estava. Lourenço adverte-o nestes termos:
_ “Não senhor! ... Temos
muito o que perder e sobretudo essa
carreira que sigo”.
Diz-lhe Francisco Feitosa:
_ Quanto a mim sigo as razões que
me alega, mas é preciso que você se vá entender primeiramente com sua cunhada.
Voltando da conferência que
manteve com a cunhada, diz Lourenço Feitosa para o irmão:
_ Sabe! ... o Barão morre... e
quem mata sou eu. Volto e continuarei nos meus estudos e você de vender tudo
quanto de bens possua, exceto os escravos, e, quando tudo vendido comunique-me
para eu vir dar todos os “dados” necessários...
Assim fez o coronel Francisco
Feitosa.
Então os “bons” amigos de
Francisco Feitosa e do Barão começaram a levar e trazer... Ao Barão advertiam,
dizendo:
_ Barão V.S. tome cuidado na vida
que os Feitosas são muito geniosos e estão vendendo tudo quanto têm.
Ao que o Barão respondia:
_ Os Feitosas para mim não valem
nada! ...
Os bons amigos voltavam e passavam
aquelas palavras do Barão aos Feitosas que lhes respondiam:
_ Nunca dissemos que éramos
coisíssima alguma, entretanto deixemos o
tempo correr!...
Tempos depois recebia Lourenço
Feitosa uma carta de Francisco Feitosa comunicando-lhe que tudo estava
resolvido; viesse, pois.
Partiu quanto antes Lourenço
Feitosa para a Bahia e ali chegando disse para o irmão que se preparasse para
ir embora, traçando-lhe, então, em parte, o itinerário da viagem e dando-lhe
instruções para de 20 em 20 léguas ir deixando 2 cavalos possantes e arreiados
e que ao chegar ao rio São Francisco prendesse todas as canoas ali existentes,
deixando somente uma livre... Atravessando o rio tomasse o destino que lhe
conviesse que depois saberia procurá-lo.
Alguns dias mais estava o Barão a
abrir as portas e rotulas de sua casa, por volta mais, ou menos das 8 horas da
manhã, quando Lourenço Feitosa e um seu escravo de confiança atiraram-lhe, cuja
bala alvejando o Barão, produzindo-lhe morte imediata.
Após terem perpetrado o crime
fugiram ambos a cavalo, cuja montada era trocada de 20 em 20 léguas pelos dois
cavalos possantes e arreiados que conforme ordenara ao irmão foram postos
talqualmente. Apenas Lourenço e o seu escravo haviam chegou ao rio São
Francisco e ali cuidaram de uma ligeira refeição, quando ouviram distintamente
o som de uma corneta que vinha em sua perseguição.
Tomaram as pressas a canoa e
transportados à outra margem do rio fugiram sem destino.
Momentos poucos foram decorridos
a tropa ali chega avistando apenas os vultos dos dois que se iam numa fuga
apressada, nada porém tendo a fazer, visto não dispor de canoa para se
transportar a outra margem do rio, o que entretanto conseguiu dias depois sem
que pudesse obter o menor roteiro dos assassinos.
Dali por diante Lourenço Feitosa
viajou com mais descanso, indo afinal encontrar-se com seu irmão Francisco
Feitosa no Ceará, na atual cidade de Icó.
Logo, de princípio, conseguiram
umas pequenas datas de terra no Capim Pubo e outra no Quixoá, mas que nenhuma
lhes sendo agradável, procuraram outras nas atas da Relação, encontrando o rio
Jucá nos Inhamuns, já datado pelos Montes, mas que existindo um ponto de
nulidade na mesma trataram de anulá-la, como de fato anularam e, regressando de
Fortaleza ao Icó, dali prosseguiram viagem daquela data de terra mas que
chegados no lugar denominado Igreja Velha, na Barra do rio Jucá, os Montes se
opuseram tenazmente a entregar, e pegando em questão, degenerou-se uma luta
fratricida que durou 10 anos, havendo apenas mediações de pequenas tréguas.
De começo os Feitosas foram
derrotados, fugindo para o Piauí, onde em casa do tenente coronel Pedro de
Sousa Rego se ficaram descansando muito tempo.
Auxiliados pelo tenente coronel
Pedro de Sousa Rego voltaram ao Ceará travando lutas renhidas com os Montes,
que afinal foram vencidos, ficando muitas localidades do Ceará denominadas de:
cangalhas que fica à margem esquerda do rio Jaguaribe entre Saboeiro e
Arneiroz, Bom Sucesso, no Quixelô, Riacho do Sangue, Igreja Velha dos Montes e
o riacho do Juiz no Icó e finalmente, para não ir além, a Batalha na freguesia
de Lavras, tudo devido aquelas lutas havidas.
Vencedores os Feitosas, fixou
Francisco Alves Feitosa sua residência na Vargem da Onça, rio Jucá e Lourenço
Alves Feitosa volveu a Bahia onde se casara e do qual enlace matrimonial
nasceu-lhe um filho único – o Coronel Lourenço Penedo.
Como o parentesco da Família
Pinheiro do Cariri com a do riacho do Machado se deu.
O alferes Bernardo Duarte
Pinheiro e o capitão Agostinho Duarte Pinheiro, irmãos, fizeram sociedade com o
cearense Vasco da cunha Pereira para tirarem a data do riacho Caruatá hoje denominado de Machado.
Pediram, pois, os três, em
petição, ao governador da província do Ceará que lhes fossem concedidas nove
léguas de terra naquele riacho acima até confinar-se com o rio Cariús.
Nunca é ocioso lembrar aqui de
relance que no riacho Caruatá existem várias lagoas, entre as quais citarei
apenas as quatro principais pela sua importância, e que receberam dos gentios
nomes apropriados e que são: Corô, Giriam-cose, Ampoty e Piri-piri.
Despachada a petição de acordo
com desejos dos peticionários, cuja data de despacho fora de 23 de fevereiro de
1718, foi que vieram ficando o capitão Agostinho com as terras de Aba da Serra
até Lagoas, o alferes Bernardo Pinheiro de Lagoas ao Buraco d Água, que dista da
atual vila de Várzea Alegre 400 braças e Vasco da Cunha Pereira com o resto.
Tempo depois vendeu Vasco Pereira
a sua posse de terra a Bernardo Duarte Pinheiro.
O capitão Agostinho Duarte
Pinheiro nunca se casara, porém tinha dois filhos naturais de duas escravas
suas.
Já se havia passado 12 anos que
Agostinho ali residia, quando por motivo de desgosto resolveu volver a
Portugal, e, então libertando aquelas suas escravas, doou as três léguas de
terra que possuía no riacho Caruatá aos seus dois filhos naturais.
Desgostando-se também naquela
época o Pe. Manoel Felix, vigário de Santarém em Pernambuco por causa de um
rapto que se dera uma sua sobrinha, digo, em uma mocinha que desde tenra idade
criava, rapto este praticado por Manoel Vieira da Costa, procurou o Pe. Felix o Ceará, colocando-se numa capelinha na
antiga Telha, Manoel Pereira era filho de um português que se desposara com uma
escrava de boa aparência.
Vendo-se Manoel Pereira em estado
de penúria, rumou ao Ceará à procura do Pe. Felix que o encontrando pediu-lhe
proteção, ao que o Pe. Respondeu-lhe: No Pernambuco não!... porém aqui no Ceará
pode vir que estou de braços abertos para receber-lhe e fazer tudo a seu
favor...
Veio Manoel Pereira para o Ceará
e então o Pe. Felix comprou légua e meia de terra a Agostinho Duarte Pinheiro,
entregando a Manoel Pereira para tomar conta da referida e ali cavar a vida.
Quando Francisco Gomes de Melo,
de quem procedem as famílias de Currais e Pinheiro, do Cariri, veio da Bahia
para o Ceará trouxe em sua companhia um seu cunhado de nome João de Oliveira,
que relacionando-se com o pessoal do riacho do Machado conseguiu, destarte,
casar dois filhos com duas filhas de Manoel Vieira da Costa.
Eis portanto o parentesco que há
entre Pinheiro do Cariri com a família do Machado.
Consaguineidade dos Feitosas de
Inhamuns com os descendentes do Altere Bernardo Duarte Pinheiro do riacho do
Machado.
Quando o alferes Bernardo Duarte
Pinheiro – o edificador da casa das Lagoas, no riacho do Machado, veio de
Pernambuco para o Ceará trouxe consigo quatro irmãos de sua mulher Ana Maria
Bezerra que foram; - Pe. José Bezerra do Vale que foi o primeiro capelão de
Tauá, Domingos Alves de Medeiros, Antonio Carneiro da Silva e João Bezerra do
Vale.
Felix Gomes de Oliveira que
construiu a casa do Juazeiro, naquele mesmo riacho, nupciou-se com Ana Maria
Bezerra.
Euzebia de Oliveira com Bezerra
que construiu a casa do Olho d Água; João Bezerra do Vale com Ana Gonçalves
Vieira, filha do coronel Francisco Alves Feitosa; eis a relação de parentesco dos
Feitosas com a família do Machado.
Antonio Carneiro da Silva
casou-se com Maria da Ressurreição, filha de Gabriel de Morais Rego, do São
Gonçalo dos Anjins, já na idade de 48 anos, motivo porque não deixou prole. Não
sei, pois em que se apega o padre Pedro, atual vigário de Maria Pereira, para
afirmar que o capitão-mor José Alves de Medeiros, de quem vem a família Andrade
no rio Umbuzeiras, nos Inhamuns, seja filho de Domingos Alves de Medeiros.
***
Do alferes Bernardo Duarte
Pinheiro com Ana Maria Bezerra nasceram 10 filhos, sendo que oito pertenciam ao
sexo forte e dois ao frágil. São os seguintes:
Valentim que, casando-se teve
apenas um filho que casara-se e faleceu sem deixar filhos; Lisa que se nupciara
com João de Sousa, fixando sua residência nas cabeceiras do riacho do Machado;
Joana que contraíra matrimônio com Manoel Ferreira que se fora localizar no
sítio S. Cosme, sendo este senhor pai do capitão-mor José Duarte Bezerra que na
guerra de Pinto Madeira foi um dos comandantes das forças pintistas; Antonia
que se desposara com o capitão-mor Geronimo de Sousa, de Lagoas. Clara com
Gaspar Lobo, que residia no riacho dos Cuncas, em Milagres e de quem procede
Chico Bezerra, pai do Padre Mundoca, do Padre Vicente Bezerra e do Dr. João
Bezerra; Francisco Duarte Bezerra e José Bezerra da Costa casaram-se com duas
filhas de Gabriel de Morais Rego, do S. Gonçalo, dos Anjins, sendo que
Francisco Duarte Bezerra casara-se com Bárbara de Morais Rego e José Bezerra da
Costa com Maria Alves de Morais, ambas fixaram moradia em São Vicente, no
riacho do Machado.
***
De Antonio da Costa Siebra com
Ana Maria doa Passos, os edificadores da casa do brejo no distrito de São
Caetano, em Várzea Alegre é que vêm os Costas e Siebras dali.
Só existe Correia Lima no Brejo,
depois do casamento de Antonio Correia Lima, filho de Bernardino Gordo, do
sítio Batateira, de Crato, com Damiana, filha de Antonio da Costa Siebra e Ana
Maria Passos.
De Antonio Correia Lima com
Damiana houveram apenas quatro filhos.
Por falecimento de Damiana
casou-se pela segunda vez Antonio Correia Lima com D. Clara da Taboca do
município de Lavras, sendo que deste casamento houveram três filhos que são:
Antonia, que se casara com Joaquim Alves Bezerra, de Várzea Alegre “Felinho” e
“Vidalzinho”; Ana Maria dos Passos, filha de Antonio Correia Lima e Damiana,
casou-se em Várzea Alegre com Raimundo Duarte Bezerra, vulgo Papai Raimundo que
são, respectivamente, pai e mãe do major Idelfonso Correia Lima , esposo da D.
Fideralina Augusto Leite e esta filha do major João Carro.
São filhos da D. Fideralina e do
Major Idelfonso os seguintes: Francisco Correia Lima, pai do Pe. José Correia,
Honório Correia e Gustavo Correia Lima.
***
Padres que se ordenaram, mas
descendentes dos alferes Bernardo Duarte Pinheiro.
Pe. José Alves Bezerra; Pe.
Leopoldo Rolim e Pe. José Correia Lima.
Entrelaçamento da família Brito
do Cariri com a do riacho do Machado.
Vindo Francisco José de Brito,
natural de Pilar em Alagoas, em demanda do Ceará à procura de sua tia, casada
com Francisca Gomes de Melo, pode ele, dadas as relações de amizade muito
estreitas existentes entre Francisco Gomes de Melo com a família do Machado,
casar-se com D. Eufrasia Alves Bezerra, residente em S. Vicente naquele riacho,
sendo ela filha de Francisco Duarte Bezerra.
Deste casamento nasceram: -
Antonio de Brito, Manoel de Brito, Joaquim de Brito e Pedro de Brito.
Famílias de Canastra, Canga e
Cangati
Casando-se na Bahia um português
de nome Manoel Pereira da Silva, com uma negra angolense, porém muito ricaça,
no intuito demoníaco de quando se fizesse de posse de toda fortuna dela
assassiná-la e ato contínuo evadir-se para outros Estados, onde livremente a
fresca e ignorado pudesse viver feliz, decorrido seis anos que se havia
celebrado aquele enlace matrimonial, pôde ele conseguir afinal apossar-se de
toda fortuna da desditosa esposa e sacando da cinta um enorme punhal fita a
esposa que dormia com a calma dos justos e ele entra satânico e risonho
vibra-lhe a lâmina ponte aguda do punhal no peito; deixando-a sem vida.
Em tempo fugira Manoel Pereira da
Silva, trazendo consigo quatro filhos que lhe nasceram da negra angolense, que
chegando ad Cará morreu o mais novo, criando-se os outros três.
Aforou Manoel Pereira da Silva
toda serra de Quincuncá (que fica entre os rios Cariús e Bastiões, no município
de S. Mateus).
Ali, pois, residente e viúvo, em
breve casou-se pela segunda vez, com a moça Alencar da Taboca.
Desse matrimônio, pois, é que vêm
as famílias de Canastra, Canga e Cangati, pois que sendo Manoel Pereira da
Silva pai de João da Silva e esse do tenente- coronel Carlos da Silva que
falecera em combate nas questões de Pinto Madeira.
Carlos da Silva, conhecido por
Nenem das Canastras.
Como atrás ficou dito, Manoel
Pereira da Silva, trouxe para o Ceará quatro filhos seus com a negra angolense
que apenas aqui chegado morreu o mais novo criando-se os outros três que são:
Antonio Felix que seus
descendentes chamam-no de Tico-Nico, Pedro da Silva que habitara o Riacho da
Roça no distrito de Quixará e Maria da Silva, cognominada de Mãe Rosa, que era
genitora de Joana e esta de Joaquim Correia Lima- o pai de Antonio Correia
Lima.
Primeiras freguesias criadas no
Ceará
Foi criada primeiramente a de
Nossa Senhora da Penha, no Crato, segundo a de Nossa Senhora da Paz, em Arneiroz,
limitando-se ambas as duas na serra da Frecheira, ficando ao sul a freguesia de
Nossa Senhora da Penha e ao norte a de Nossa Senhora da Paz.
A primeira que fora edificada no
vale do Cariri foi uma capelinha em Cajazeira do Farias, construída por Pedro
Ferreira Lobato, sendo a referida capela benta no dia 8 de dezembro de 1712,
dia portanto de Nossa Senhora da Conceição.
Morte de Luiz Pedro de Melo e
Cezar
Quando operou-se o movimento
revolucionário de 1822, Luiz Pedro de Melo e Cezar j8untando-se com Tristão
Gonçalves e José Pereira Filgueiras, partiu do Ceará em demanda dos sertões do
Piauí até os de Maranhão a fim de se incorporar as forças de Figuié, voltando
porém do caminho debandou-se das fileiras de José Pereira Filgueiras, rumando
pelas Imboscadas desceu pelas margens do rio Salgado até Lavras, permanecendo
ali alguns dias, até que um seu parente de nome Luiz Gregório da Silva,
residente na terra dos Cavalos, indo a Lavras visitá-lo, Luiz Pedro
mostrou-se-lhe receios de ali permanecer, visto as perseguições que se lhe
vinham movendo tenazmente e que se não se julgasse bem garantido, procuraria a
casa dele (Luiz Gregório), ao que este respondeu-lhe: que com muito gosto a sua
casa permaneceria de portas abertas para recebê-lo.
Dias depois chegava Luiz Pedro a
casa de Luiz Gregório, acompanhado do Pe. Luiz Carro e de dois meninos de 10 a
12 anos de idade, respectivamente.
Conheceu logo cedo Luiz Pedro que
ainda ali não se achava garantido, pois a casa de seu parente Luiz Gregório,
era por demais frequentada de gente em vista disso pediu a Luiz Gregório que
lhe desse outro agasalho melhor e seguro.
Luiz Gregório fez então um Rancho
no Olho d’Água na Prujença, que fica a esquerda da serra dos Cavalos, no riacho
Croatá e lá ocultou Luiz Pedro, que naquele esconderijo se julgara salvo de
todo perigo.
Recebendo Gonçalo Nunes de
Almeida ordens das autoridades de Icó para efetuar a captura de Luiz Pedro, e,
sabendo mais ou menos ao certo onde o mesmo se achava, organizou uma tropa e
encaminhando-se à casa de Luiz Gregório cercou-a pela manhã, mas não
encontrando Luiz Pedro, retirou incontinente com a força, ocultando-se um pouco
perto daquela casa...
Seriam nove horas da manhã quando
um escravo de Luiz Gregório, de nome José Cigano, saía da residência do seu amo
Luiz Gregório com uma bandeja de comida para levá-la a Luiz Pedro.
Gonçalo Nunes de Almeida
prendeu-o e apertou-o de um modo tal, que ele teve de confessar tudo... isto é,
que levava aquela comida para Luiz Pedro e que o referido se achava oculto no
Rancho do Olho d’Água.
Ali chegando a “força” fez logo
“fogo” sobre o Rancho de ordem de Gonçalo Nunes, sem que da parte dos foragidos
houvesse a menor resistência em oposição, resultando do “que” receber o Pe.
Luiz Carro um balaço numa das coxas.
Preso o Pe. Carro, os dois
meninos e Luiz Pedro, este último conheceu que Gonçalo Nunes tencionava
matá-lo, razão sobeja porque notou que desde o momento que Gonçalo Nunes o
tinha visto com uma bonita e grande bolsa feita de fios de prata, e recheia da
de moedas de ouro e prata também, que as suas vistas “dele Gonçalo Nunes” para
ela se concentravam com desmesurada avareza...
Nessa emergência em que se via
Luiz Pedro, vale-se de José Gonçalo de Araujo, cunhado de Gonçalo Nunes, nestes
termos:
_ “Seu Zé Gonçalo não me deixe
seu cunhado matar que eu lhe prometo que quando me livrar dessas culpas que
tenho e que não são lá tão grandes, casar-me com uma de suas sobrinhas.
Apesar de Zé Gonçalo muito
interceder a Gonçalo Nunes para que poupasse a vida de Luiz Pedro, de nada
absolutamente valeu, pois as vistas de Gonçalo Nunes estavam por demais
gananciosas...
De volta da serra dos Cavalos
trouxe Gonçalo Nunes prisioneiros o Pe. Luiz Carro e os dois meninos, deixando
o cadáver de Luiz Pedro no local onde o assassinara, exposto assim às aves de
rapina...
Ordenou então para a força que
seguisse até Lavras e entregasse ali às autoridades aqueles prisioneiros, o que
ordenado segui para Icó.
No dia seguinte, embora que muito
receoso, foi Luiz Gregório ao local do crime e trazendo o cadáver de Luiz Pedro
de Melo e Cezar sepultou-o em frente de sua casa, fazendo em torno um cercado
de pau a pique de puro miolo de aroeira, que se conservou perfeito até quando o
Pe Benedito de Sousa Rego mandou desmanchá-lo.
Esse fato criminoso fora passado
aos 12 dias do mês de outubro de 1824.
Porque Morais Rego no Ceará...
Com a relação de amizade que os
Feitosas de Inhamuns mantiveram com o tenente coronel Pedro de Sousa Rego,
quando das lutas deles com os Montes, foi que se veio a casar Catarina Pereira
de Almeida com Gabriel de Morais Rego, sendo esse filho do tenente coronel
Pedro de Sousa Rego e ela filha de Antonio Pereira do Couto e enteada de
Francisco Alves Feitosa.
São filhos de Catarina Pereira de
Almeida e Gabriel de Morais Rego os seguintes: Ana e Izabel que se casaram no
Cariri na família do Corrente; Bárbara e Maria Alves com dois filhos do alferes
Bernardo Duarte Pinheiro, do riacho do Machado; Antonia, que se casara com
Francisco de Holanda Cavalcante e Leonor com Arnaud de Holanda, ambos
residentes nos Inhamuns, Jacinto, Gabriel, Manoel, Antonio de Morais e Vicente
Ferreira de Sousa, casara-se cada qual com uma das filhas do coronel Eufrasio
Alves Feitosa...
Vinda de Leandro de Oliveira e
Castro para o Ceará
Leandro de Oliveira e Castro,
filho de Bernardo Freires Jucá e bisavô do coronel Leandro da Barra, veio de
Matacanduba, Rio Grande do Norte, para os Inhamuns, no Ceará, onde se casara
com Maria Alves Feitosa, da Vargem da Onça, pelo motivo seguinte:
Leandro de Oliveira e Castro
havia contratado casamento em Matacanduba com uma sua prima; porém o casamento,
sendo adiado por duas vezes, passando destarte de um ano para outro, nessa fase
e período de tempo sentiu-se a moça noiva de Leandro de Oliveira e Castro,
grávida, sendo autor o próprio Leandro de Oliveira e Castro.
Ela, então, expôs-lhe o estado em
que se via, e ponderando-lhe ser conveniente apressar, em vista disso, o
casamento.
Respondeu-lhe Leandro que não
mais pretendia casar-se com ela.
_Mas, Leandro,_ diz-lhe a moça,
_Você me garantiu que nada receasse que se casaria comigo!...
_Já lhe disse que não mais quero
casar-me consigo!...
Em vista disso a moça denunciou o
caso à Justiça, sendo imediatamente Leandro de Oliveira e Castro recolhido ao
Xadrez, ficando a sua ex-noiva de mês visitando-o; e, quando lá chegando
dizia-lhe:
_Leandro, é das “Obras de
Misericórdia” visitar os enfermos e encarcerados e ao par disso saber se você
já está resolvido a casar-se comigo!...
Leandro, pelas primeiras visitas
respondia-lhe:
_Se eu tivesse 10 vidas perderia
todas e não me sujeitava a casar consigo.
_Pois bem, Leandro, você sabe do
seu crime e tem portanto que morrer na cadeia se não se casar comigo.
Continuou, todavia, a moça, agora
já mais espaçosamente, as fazer aquelas visitas, bem como aquela pergunta. Seis
meses depois, ela indo à prisão de Leandro, ele diz-lhe:
_Já estou resolvido a me casar
consigo...
_Está mesmo, Leandro,
interrogou-lhe a moça.
_Estou que isso não é vida...
_Então, posso cuidar do nosso
casamento?
_Pode que estou resolvido sair da
cadeia.
_Você sai, porém não é
hoje...diz-lhe, em tom sarcástico, a moça.
Narrou à família a resolução
tomada por Leandro e de comum acordo com a mesma preparou-se de um tudo para o
casamento, ficando logo o dia marcado em que se celebraria aquele ato.
No dia do casório dois soldados
de polícia abriram a prisão de Leandro e o conduziram a uma barbearia, onde o
referido se barbeou, fez cabelo e em seguida encaminhou-se até a igreja local,
em que já a sua noiva o esperava com pomposo acompanhamento.
Momentos depois aproximavam-se os
dois, noivo e noiva, aos pés do Pe. Para receber o matrimônio do casamento.
Perguntando o Pe. Leandro de
Oliveira e Castro se levava gosto a receber por esposa a D. Fulana de Tal, ele
respondeu que sim. Agora pergunta o Pe. A ela se levava gosto a casar-se com
Leandro de Oliveira e Castro, ao que ela respondeu-lhe:
_Não senhor, apenas queria
mostrar a este patife que não me caso com ele porque mesmo não quero...
Leandro sentindo-se por demais
envergonhado e humilhado anoiteceu e não amanheceu em Matacanduba, indo para os
Inhamuns, pois sabia da aconchegada amizade que seu pai tinha ali com Francisco
Alves Feitosa, apesar de que não o conhecia. Leandro de Oliveira e Castro
chegou aos Inhamuns desconhecido sem revelar a ninguém de que família
pertencia, até que, anos depois, vindo um rapaz do pai de Leandro a casa de
Francisco Feitosa, o avistou e reconhecendo-o descobriu ao coronel Feitosa de
quem Leandro
era filho e o motivo porque ali se achava.
Quando a ex-noiva de Leandro deu a
luz a uma criança do sexo masculino, que batizada, recebeu o nome de Leandro.
Toda vez que essa criança chorava e
a sua mãe ia acalentá-la, dizia-lhe:
_Meu filho querido, quero-te um bem
imenso, mas ao mesmo tempo odeio-te somente porque tu és filho de Leandro
Oliveira e Castro.
Não sei por que meios, quando a
criança estava na idade de seis anos, veio para a companhia do pai, até quando
se nupciava com D. Eufrazia Alves Feitosa, sendo portanto o pai de do tenente
José Custodio de Oliveira.
Origem porque o riacho do Caruatá
hoje se denomina de Machado.
Já se havia decorrido meio século
quando os possuidores do Riacho Caruatá, resolveram-se a tirar uma linha
divisória entre si.
Partindo eles da extrema da terra,
começando da Aba da Serra, do nascente para o poente rumaram assim seis léguas
a fio comprido até São Vicente, donde o riacho tomava a direção do sul, pelo
que combinaram aqueles possuidores que em virtude de riacho em apreço
apresentar-se perfeitamente com o formato de um machado, ficar dali por diante
assim sendo conhecido e chamado.
Relação dos Padres que se ordenaram
na família dos Inhamuns
Pe. Antonio de Morais Rego e
Benedito de Sousa; ambos irmãos; Pe. Leitão, Pe. Antero, Pe. Pedro Leopoldo de
Araujo Chaves, Pe. Francisco Máximo Feitosa, Pe. Manoel Feitosa, Pe. Francisco
Alves Feitosa, atualmente vigário de Crato.
Na família dos Imbuzeiros, nos
Inhamuns
Pe. Pedro Liao, vigário de Maria
Pereira, Pe. Odorico Andrada, vigário de Tauá e Pe. Joviniano Barreto.
Eu sempre ouvi dizer que existem dois livros, gostaria muito de saber com quem estão. Não sei se nossa prima, Maria Luíza de Zé Pretinho tem ou se Dr. Pedro. Vamos descobrir para conhecermos um pouco mais desta história tão bonita.
ResponderExcluirFaz muito tempo, mas uma vez eu vi um livro de Pedro Tenente na casa de Dr. Pedro Sátiro.
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