UM DIA NO RIO E A VIDA QUASE POR UM FIO.
Fomos ao rio buscar água.
No leito seco do rio era cavada uma cacimba para o abastecimento de uma população de pequenos grupos. Cada grupo fazia a sua cacimba nas proximidades de suas casas. Conforme o passar do ano, a seca aumenta e a água fica mais profunda. Porque já não é água do rio, mas do lençol freático. A areia retirada a cada dia um pouco mais, a profundidade aumenta e a cacimba se transforma em quase poço profundo.
Era janeiro e em janeiro costuma chover. Não sabíamos que a Chuva que havia caído na noite nos pregaria uma peça de dia. Fomos ao rio. A água seria para nosso abastecimento diário: cozer, beber e higiene pessoal. É rotina. Ai que saudade! Do rio, não do sufoco.
Isabel, minha irmã, um pouquinho mais velha do que eu, desce com sua vasilha a pegar água. Está lá dentro do buraco. Um buraco muito fundo e na areia. Qual é a segurança, se a barreira resolve vir abaixo? Nenhuma! Mas a barreira não veio abaixo. O que aconteceu foi muito pior. Não aconteceu uma tragédia porque nessas horas há sempre um anjo.
A Isabel, literalmente, no fundo do poço. Primeira chuva do ano e lá vem o rio descendo com água. Claro que o rio não desce, mas a água sim. Pois lá vinha a água. Encontra fácil o caminho da cacimba e vai rodopiando e enchendo o buraco. Quase a Isabel virava a finada neste dia. Porém, como ninguém morre antes da hora, ela ainda está vivinha da silva para confirmar esta história.
E o anjo? O anjo foi o nosso tio que por ali passava em tão desesperado momento e deu a mão e a vida à Isabel.
Flor das Bravas
O anjo chegou no dia certo e na hora certa. Se não fosse a chegada daquele anjo, a nossa Várzea alegre hoje estaria com um grande prejuízo pela falta de Bebé.
ResponderExcluirPois num foi?! Aquele tio era muito querido e salvou a mocinha que hoje é vovó! Uma linda vovó!
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