A BRIGA DOS TRÊS JOÃOS - Mundim do Vale
Literatura de cordel.
João grilo tava teimando
Com Joãozinho Bonequeiro,
Foi chegando João Sem Braço
Que andava sem dinheiro.
Meteu-se na confusão
Dizendo: - Onde tem dois João
É preciso um João terceiro.
Joaõ Grilo disse: - Eu sou João
Aqui e na caixa prego
Já quebrei um santuáriio
Já mandei prender um cego.
Botei o cão pra correr
E agora quero saber
Esse chifre a quem entrego.
Joãozinho disse:- Eu também
Sou o João de Damião
Moro com o Cláudio Souza
Mas não respeito, ele não.
Uma vez no São Caetano
Eu me juntei com um cigano
Pra roubar o sacristão.
João Sem Braço disse:- Vixe!
É muito João delinquente
Já pedí até esmola
Como um deficiente.
Se o Brasil não se cuidar
Eu vou me candidatar
Para ser o presidente.
João Grilo:
Vamos formar nosso trío
Pra fazer e acontecer
No Alto do Colorau
Vamos dançar e beber.
Joãozinho vai pra janela
Pra ficar de sentinela
Se o Cláudio aparecer.
João Sem Braço:
Eu fico cobrando a cota
Depois divido o dinheiro
Tiro cinquenta pra mim
E dou dez ao sanfoneiro
Depois nós vamos gastar
Bebendo de bar em bar
Com Cláudio e Sávio Pinheiro.
Joãozinho:
Eu não confío em você
Fazendo arrecadação
Se não tivermos cuidado
Não vai sobrar um tostão.
Sei que tu só tem um braço
Mas é facil dar um traço
Levar tudo pro Gibão.
João Grilo:
Eu também não acredito
Nesse cabra do Gibão
O Giovane já me disse
Que ele é um fino ladrão.
Se o cabra vacilar
Ele leva o celular
Mesmo só tendo uma mão.
As ofensas foram a deixa
Pra começar a arenga
João Grilo apanhou tanto
Que ficou até capenga.
Joãozinho disse: Tou Brabo!
Eu agora arranco o rabo
Desse mói de fí de quenga
Foi chegando um soldado
Disse:- A justiça não tarda
Vocês respeitem a polícia
Que eu estou aqui de guarda.
Fizeram foi achar graça
Bateram tanto no praça
Que rasgou-se até a farda.
Eu digo agora ao leitor
Que o cordel é verdadeiro
Foi lá no bar de Alberto
Nesse mês de fevereiro.
É uma história fiel
A fonte desse cordel
Foi Dr. Sávio Pinheiro.