FUNDO DE LATA - Mundim do Vale
Alexandre Cabeleira, filho da parteira Antônia Cabeleira, era o que poderia ser chamado de versátil. Ele tinha cinco profissões a saber; Coveiro, enfermeiro, cambista, carpinteiro e ainda vendia sal moído no mercado velho.
Um dia chegou na sua banca, dona Petronila. Uma senhora muito conversadeira e extremamente religiosa. Petronila chegou logo puxando conversa:
- Alexandre quanto é o quilo de sal?
- É cinco cruzeiros.
- Meu pai do céu, como tá caro.
- Petronila. não é só o sal não. Tá caro é tudo. Tá caro o fumo, tá caro os ovos, tá caro o pinto e tá caro alho. Não tem quem possa com a carestia.
- Valha me nossa Senhora. Onde é que nós vamos parar?
- Mas se o inverno pegar, de julho pra entrar agosto as coisas vão melhorar. Eu escutei no rádio que de Passo Fundo pra cá. As coisas já estão baixando.
- Graças a Deus. Mas Alexandre eu tou aqui é para outra coisa.
- Pois diga. Se eu poder eu ajudo.
- Quanto é que o senhor cobra pra botar um fundo numa lata?
- Depende; Se com o meu pau é vinte cruzeiros. Mas se você der o fundo eu boto por dez cruzeiros.