Vamos lembrar o Chico Cego, o inofensivo tocador de pífano que, ás quintas-feiras, vinha à rua visitar seus benfeitores, arrecadar as despesas da semana, soltar ao vento suas melodias tristes. Morava lá para os lados da Lagoa dos patos, maquela época, uma lonjura da rua, principalmente, para um pobre privado da visão, enfrentando buracos, somando topadas. No reduzido conjunto de casinhas tão pobres quanto a sua, Chico Cego era a alegria dos tristes.... Quando aparecia na rua, soltando suas melodias, era o encanto de suas fãs, as mocinhas Ambrosina, Metilde, Dosa, Clarinha, Santa Correia e outras que já o esperavam.
Um dia para tristeza de suas admiradoras, surgiu o Chico, coração e faces enlutadas, sem o pífano amigo, companheiro de sua desventura. Perdeu? Quebrou? Que foi que houve? E Chico confessou, com resignação e magoa, que distinta dama, chateada com sua musica, ditatorialmente, mandou tomar seu instrumento e quebra-lo.
O Cel José Correia, que não gostava de abusos e, talvez, nem fosse muito devoto de musica, mandou comprar um pífano novinho, em Crato, e o ofereceu ao Chico, recomendando-lhe que tocasse onde, quando e quanto quisesse.
E o Chico saiu cantando:
Vou partir, vou deixar-te, brevemente,
Com esperança de um dia te encontrar.
Só te peço que de mim nunca te esqueças,
Que eu de ti sempre hei de me "alembrá".
Memória curta ou nenhuma, assim podemos considerar a várzea de todos os alegres.
ResponderExcluirNeste pequeno texto fala-se com muita propriedade do Coronel José Correia, o homem mais rico da época e, do Chico Cego e sua pobreza franciscana.
O tempo tratou de esquecer os dois. Não se fala em nenhum. Nem em quem fez a oferta nem em quem recebeu o pífano.
é verdade concordo plenamente
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