VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Também rimei o Sertão - Memória Varzealegrense

RIMANDO  O  SERTÃO - MUNDIM DO VALE


Faço verso do sertão
Porque foi lá que eu nasci,
Criei-me no pé da serra
Comendo arroz com pequi.
Hoje eu estou afastado,
Mas vivo sempre lembrado
Do tempo que lá vivi.

Rimo as bênçãos que pedi
Ao padre da freguesia,
Rimo o tirador de figo
Que a meninada temia.
Também rimo o capitão,
De farinha com feijão
Que a minha avó fazia.

Rimo o pote e a rodilha
A cangalha e a esteira,
A batida da cancela,
E os buracos da porteira.
Rimo o sertanejo rude,
E a falta de saúde
Das crianças da ribeira.

Eu rimo a mulher rendeira
Com bilros e almofada,
Rimo a velha cachinbeira
Que aparava a meninada.
Rimo o velho cochilando,
Que passa o tempo pensando
Mas não se lembra de nada.

Rimo o prato de coalhada
Misturada com farinha,
Rimo a casca de romã
Que servia de meisinha.
Rimo o tempo de missão,
Que o santo Frei Damião
Na minha cidade vinha.

Rimo a porta da cozinha
De uma casa do sertão.
Rimo também pechiringa
Na parede de um oitão.
Eu rimo também a luta,
De uma cabocla matuta
Pilando arroz no pilão.

Rimo um prato de feijão
Somente com água e sal,
Rimo o bode no terreiro
E a vaca no curral.
Rimo o menino brincando,
Satisfeito cavalgando
No seu cavalo de pau.

Rimo dispensa e girau
Que é almoxarifado,
Rimo pamonha e canjica
Macaxeira e milho assado.
Rimo também um gato,
Correndo atrás de um gato
Espatifando o telhado.

Eu rimo o sertão molhado
E o verde da plantação,
A volta do sertanejo
Que fugiu da sequidão.
Também rimo o sanfoneiro,
Junto com um zabumbeiro
Executando um baião.

Rimo o dia da eleição
Que o matuto faz folia,
Ele espera quatro anos
Por esse bendito dia.
Enche o bucho de feijão,
Depois vai para a seção
Com a cabeça vazia.

Também rimo pescaria
De landuá e anzol,
Rimo corrida de jegue
E jogo de futebol.
Rimo fojo e arapuca,
A zuada da mutuca
E o legume do paiol.

Eu rimo o calor do sol
E a sombra do juazeiro,
Rimo o cigarro de palha
Aceso num tabaqueiro.
Rimo o cacho de banana
E os roletes de cana
Da festa do padroeiro.

Rimo a copa do coqueiro
E o tronco das aroeiras,
O descascador de varas
E o tirador de goteiras.
Também rimo o sacristão,
Cavador de cacimbão
E curador de bicheira.

Rimo também a fogueira
Da noite de São João,
Rimo a luz do vagalume
Piscando na escuridão.
Se tanta gente rimou
E alguma coisa ficou
Também rimei o sertão.
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário