A BANDEIRA DO SERTÃO
Toca viola guerreira
Nas mãos do teu cantador
Mostra ser a pioneira
Prova teu grande valor.
Vais também para a cidade
Mostra tua qualidade
De cultura resistente.
Pede licença ao sertão
E vais mostrar perfeição
Tocando pra outra gente.
Tocaste anos atrás
Com “Catulo e Aderaldo”
Hoje vens tocando mais
Com “Zé Maria e Geraldo”
És a boa companhia
Que ilustra a cantoria
De um repentista seguro.
Tu que conservas a história
De um passado de glória,
Olhas também teu futuro.
Mostra que fizeste parte
Do folclore Brasileiro
Que seguiste o estandarte
De Antônio Conselheiro.
Foste tu “ brava viola”
O caminho e a escola
Dos melhores cantadores.
Conseguiste diplomar
Na cultura popular
Repentista de valores.
Tocaste pra Lampião
E os seus “ Cabras-da peste “
Também pra Frei Damião
Santo frade do Nordeste.
Tocaste a chuva molhando
E o sertanejo cantando
Alegre na plantação.
Também tocaste o sol quente
Da cruel seca inclemente
Esturricando o sertão.
Viola esse teu padrão
É de peça de estima
És o ponto de união
Entre o poeta e a rima.
Teu toque lembra o romeiro
Com destino ao Juazeiro
Em seu grande objetivo.
Tu lembras também teu dono
Que vive no abandono
Por falta de incentivo.
Foste tu “ brava guerreira “
Que me deste inspiração
Também foste a primeira
Que tocou no meu sertão.
É chegada a tua vez
De perder a timidez
Onde quer que tu estejas.
Não esqueças tua fama
Que tu és “Primeira dama “
Das culturas sertanejas.
O teu espaço negado
Foi pior do que tortura
Mas tu muito tens lutado
Com teu ato de bravura.
Continua a batalhar
Que um dia há de chegar
O diploma do teu teste.
Tu serás reconhecida
No resto da tua vida
Como um “Símbolo do Nordeste “
Não invejes a guitarra
Nas mãos de um metaleiro
Porque tu tens muita garra
Nas mãos do teu violeiro.
Mostra que sabes tocar
Na cultura popular
Defendendo o teu torrão.
Fazes sons aparecer
Que um dia tu hás de ser
A BANDEIRA DO SERTÃO.
Mundim do Vale
V. Alegre-Ceará