Valdefrance era também nosso transportador dos filme para a vizinha cidade de Cedro. O transporte era feito de bicicleta. duas vezes por semana. Pegava os filmes exibidos e saía de madrugada, heroicamente pelas estradas de terra, cruzando riachos como o Machado muitas vezes cheios, numa aventura de tirar o fôlego.
Um certo dia ele pega a bicicleta, amarra os filmes no bagageiro por volta de cinco horas da manhã e parte.
Durante o dia corre uma notícia na cidade que havia arrombado um açude perto de Cedro e que a cidade estava inundada, praticamente isolada de outras cidades.
E Agora... como é que Valdefrance conseguiria atravessar esses obstáculos na sua volta?
Mas nós conhecíamos Valdefrance, sabíamos que ele faria de tudo para cumprir sua missão
Veio aquele suspense. À Tardinha, Joemilton, Francivaldo, Zé de Borgin, Osmundo Fiúza e eu fomos esperar atrás da Igreja, de lá via-se uma ladeira na estrada por onde se avistava tudo que descia, pessoas a pé, a cavalo, carros e bicicletas, Valdefrance costumava descer esta ladeira em alta velocidade para que todos o identificassem.
Mas nesse dia deram seis horas e nada, fui para o cinema, liguei o serviço de alto-falantes e anunciei que provavelmente não exibiríamos o filme que estava sendo esperado.
De repente, ouvimos uma algazarra: era a meninada gritando - “Valdefrance tá chegando!”
Corri para a calçada para recebê-lo. Ele chegou muito cansado mas com os filmes em perfeito estado.
Coloquei aquela música característica de noticia extraordinária.
- Caros ouvintes, Valdefrance acaba de chegar. Dentro de alguns instantes estaremos entrevistando-o sobre a real situação na cidade de Cedro.
ENTREVISTA:
Eu: Valdefrance, foi grande o estrago lá em Cedro?
Ele: Sim a cidade ficou totalmente alagada, até a estação ficou dentro d’agua.
Eu: Aconteceu algum caso grave?
Ele: Sim, um homem foi tentar ajeitar uns fios cruzados lá num poste, sofreu um choque e caiu morto.
Eu: E aí o que aconteceu em seguida?
Ele: Aí de repente o homem mexeu um pé, as pessoas se aproximaram verificou-se que ainda estava vivo.
Eu: Finalmente o homem morreu ou não?
Ele: Aí eu não sei.
Colaboração de Edmilson Martins
Prezado amigo Edmilson Martins.
ResponderExcluirMuito importante esses resgates do Cine Odeon.
No caminho do Cine passou Antonio Budu, um agregado da casa de Jose André do Sanharol.
Existia uma Cia Cinematográfica cuja marca era um Leão. Quando abria a tela estava lá um baita de um Leão.
Eis que o Antonio Budu ouviu o anuncia de um filme e foi ao cinema.
Quando apagaram a luz que apareceu na tela o Leão, Antonio Budu disse: Ah bom, esse eu já assistir. Se levantou e foi embora.
Grande abraço.
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ResponderExcluirA Inundação a que se refere o causo, aconteceu no dia 15 de março do ano de 1963.
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