QUESTÃO DE FUNDOS
Era conhecida por todos que vovô Natércio sofria de “prisão de ventre”.
No afã de encontrar um remédio, uma meizinha, uma panaceia para curar este mal que lhe afligia, não se incomodava de contar para as pessoas, desde os amigos mais chegados até os recém-descobertos.
Em sua casa na José Correia Sobrinho, conhecida rua da cidade de Várzea Alegre, não faltava leite de magnésia, nem “água de macela” na geladeira.
E sempre que alguém indicava um produto infalível, logo Seu Natércio experimentava.
Certa feita, em um raro passeio ao Crato, no pé da serra da Nascente da Batateiras, na saudosa e extinta Associação Atlética Banco do Estado do Ceará-AABEC, Natércio pareceu encontrar o que poderia ser a saída definitiva para seu problema, isto se a Medicina já fosse avançada o suficiente para tal procedimento.
Participando, com Dona Mocinha, de uma animada roda composta por bancários, amigos de meu pai e suas respectivas esposas, Natércio escuta atento o depoimento de uma mulher reclamando que há 3 dias estava indo direto ao banheiro com a popular “fininha”, também conhecida por diarreia, disenteria.
Muito discreto, Seu Natércio conversa algo baixinho para Demontieux, então esposo da referida senhora. O marido socializou de imediato a proposta feita ao pé do ouvido:
- Pessoal, Seu Natércio acaba de perguntar se eu me incomodaria que ele trocasse de “fundo” com Fátima.
Como o dela está há 3 dias “vazando direto” e o dele está há 3 dias “sem vazar”, daria certinho.
Colaboração de Alez Josberto Andrade Sampaio