VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

032 - Do Tempo do Bumba - Memória Varzealegrense

VOCÊ  ESTÁ  PERDOADO - Mundim do Vale

O Coronel Antônio Correia e José Joaquim Vieira ( Joaquim Piau )
Eram amigos e correligionários na política em Várzea Alegre-Ceará. Os dois também faziam parte  das campanhas de arrecadações de fundos para a paróquia. Nas quermesses Joaquim Piau conduzia o Partido azul e o coronel o encarnado.
Antônio Correia era propritário de umas terras no pé da serra do Gravié, onde tinha uma lagoa que era a menina dos seus olhos.
No ano de 1935, um grupo de rendeiros procurou o coronel a fim de arrendarem as suas terras para o plantío de arroz. Entre os rendeiros estava o meu avô Joaquim Piau na posição de líder do grupo. Os outros eram os Joaquins, os Lobos e os Marcianos da Unha de Gato.
Feito a proposta ficou acordado que havendo a safra os rendeiros pagariam  vinte por cento da produção, se não houvesse inverno para segurar o legume todos perdiam. Fizeram as plantações em janeiro, as chuvas vieram, a lagoa encheu e o arroz crescia mais do que os fuxicos da Varzinha.
Quando foi no final de abril o arroz já estava embuchando e faltaram as chuvas. Nós sabemos que quando o arroz está embuchando, se a terra não estiver mollhada  o caroço não enche e o prejuízo é certo.
Um dia o líder Joaquim Piau recebeu a visita dos outros rendeiros, que traziam uma idéia para salvar a safra. Um deles dirigiu-se ao meu avô e falou:
- Cumpade. Se nóis num tumar uma providença, nóis ramo perder a safra.
- E qual seria a providência?
- É nóis falar cum o coroné pra ele arrumar água da lagoa prumode nóis aguar.
- Eu acho muito difícil Antônio concordar. Há não ser que nós arrombe.
- Mais omi, o coroné é valente e a casa dele é cheia de jagunço.
- Mas ele não precisa saber. Nós vamos à meia noite, abre a parede, solta a água e depois fecha novamente.
Assim foi feito; O grupo foi à meia noite, formaram os baldes, fiseram as contenções para que a água não saisse da roça, cortaram a parede e depois fecharam.
O arroz segurou, mas os rendeiros ficaram inseguros, por conta do ódio explícito do coronel, que dizia na rua:
- Se eu descobrir quem foi que fez aquela desfeita,ele vai receber um castigo para nunca mais desmoralizar um homem de bem.
Os rendeiros pagaram a renda combinada, mas o coronel não se conformava, estava sempre especulando para descobrir os malfeitores.
No mês de agosto do mesmo ano, o coronel e Joaquim Piau foram para uma reunião na paróquia, onde desenvolveram a estratégica da campanha para a festa do padroeiro. Terminada a reunião, o meu avô colocou a mão no ombro do coronell e falou:
- Antônio. Eu tinha dois assuntos para falar hoje. Um nós já resolvemos e o outro é sobre a lagoa.
- E o que é que tem a lagoa?
- Você não tá querendo saber quem foi que arrombou? Pois eu vou lhe diizer. Quem arrombou a sua lagoa fui eu.
O coronel afastou-se, arregalou os olhos, mordeu a língua e falou:
- Joaquim Piau! Como foi que você teve coragem de fazer uma coisa dessa comigo? Se você tivesse me pedido a água eu lhe dava até a lagoa toda para agoar o seu arroz.
- Eu sei Antônio, mas acontece que se eu lhe pedisse a água, eu segurava o meu, mas o restos dos rendeiros perdiam os deles, você perdia a renda e São Raimundo perdia a esmola. E eu sei que você não morreu de sede por cauza disso.
O coronel aproximou-se novamente e disse:
- Pois bem Joaquim. Já que a sua atitude foi em prol da comunidade. VOCÊ  EST[Á  PERDOADO.

Fonte: Paulão Piau.
Dedico esse cauzo a Luís Carlos Correia.

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