Vale a pena ver de novo - Por Mundim do vale
EU SOU
O ZORRO, PAI
Dedicado a Edmilson Martins.
Antônio
de Jorge Taveira, de tanto assistir filme de Tarzan e Zorro no Cine Odeon, inventou
de ser artista de filme. Primeiro amarrou uma imbira de salsa na galha de um juazeiro
e falou para seu irmão Nonato que brincava
de bila embaixo da árvore:
-
Sarreda do mei Chita. Qui eu vou avuá nesse cipó!
Agarrou-se
na imbira,
deu o grito
de Tarzan e voou.
A imbira arrebentou e ele caiu logo por cima de
Chita.
Como
o filme de
Tarzan não deu
certo, ele resolveu interpretar o Zorro. Arranjou um talo
de carnaúba para ser o cavalo, vestiu um
vestido preto da mãe, fez uma máscara de
uma meia, pegou o espeto da
cozinha e saiu
fazendo a marca do Zorro em tudo quanto era lugar. Primeiro acabou com as bananeiras de
Seu Jorge, depois foi o guarda roupa, em seguida o colchão da cama.
Tudo que tinha perto de casa tava destruído com a marca do Zorro.
O
filme só terminou quando ele
fez o “Z” nas costas do seu irmão Chagas.
Seu
Jorge deu de garra de
um cinto deixando a fivela na ponta e chamou Antônio:
-
Antônio venha cá! Você já destruiu
tudo dentro de casa
e agora quase mata o seu irmão. Não vai mais dá certo essa brincadeira não!
Antônio
empunhou o espeto, encarou o pai e disse:
-
Num venha não pai. Qui eu sou o Zorro!
-
Apois eu sou o Sargento Garcia! – Dizendo isso o Sargento deu umas quatro lapadas no lombo do
Zorro, que foi cavalo para um lado, espada Para outro e a capa do
Zorro virou molambo.
A
mãe preparou uma água
com sal e
ficou passando nas marcas que a fivela deixou no lombo do Zorro.
Naquele
momento chegou Pedrinho de Hermínia que morava vizinho. Vendo
as marcas, perguntou:
-
Qui diabeisso Ontõe? Tu tava carregando potassa?
-
Não ome! Isso foi umas ramas de feijão verde.
-
Pera Ontõe! Adonde foi qui
tu foi arrumar rama de feijão verde im
oitubro?