POUCO ENTERRO. QUE
VAI TER AMANHÃ!
No
ano de 1967, foi marcado um jogo da seleção de Várzea Alegre-Ce com a do Canindezinho.
No domingo Zé de Totô estacionou seu caminhãozinho na praça e mandou avisar ao
pessoal que ia levar e trazer todo mundo de graça. Vocês sabem que de graça o
povo pega até ônibus errado. Em puco tempo o carro estava lotado.
Os
passageiros eram: Zé de Totô que era o motorista, eu, Manoel Marinheiro, Antônio
e Raimundo de Chico negão, Chico de João de Martins e um grupo de sapateiros,
onde tinha um galeguinho que era ligado as famílias do Inhamuns. No canto da
carroceria eu contei oita garrafas de cachaça.
A
viajem seguia em paz, mas quando chegou numa ladeira, o carro enguiou e ficou
querendo descer. Os passageiros ficaram em polvorosa e alguns deles começaram a
pular. Manoel Marinheiro foi um que pulou por cima de um pé de unha-de-gato e
foi parar depois da cerca que separava a estrada da roça.
Chico
de João de Martins entendendo que era uma briga, bateu mão de uma faca e ficou
ameaçando todo mundo. Chegou perto do galeguinho com a faca na mão e perguntou:
-
Tu num vai correr não? Vela branca?
-
O galeguinho pegou no cabo de uma faquinha de cortar sola e respondeu:
-
Vou não. Truvão preto! Se é prumode morrer, nóis morre inganchado e ramo pru
inferno junto.
Naquele
momento alguns passageiros que ainda estavam no carro foram tratando de pular.
Eu
passei da grade para o estribo e escutei quando Zé de Totô disse:
POUCO
ENTERRO. QUE VAI TER
AMANHÃ!