VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Memórias de nossa gente VI - Memória varzealegrense

Padre Vieira e Marta Bitu - Foto do arquivo particular da Escola Antão Leandro Bitu no Sanharol

Vendo esta foto da celebração do Padre Vieira no Sanharol, lembrei-me deste texto escrito por A. Morais sobre apanha de arroz em adjuntos. A moqueca que trás à mão por  Marta Bitu era  símbolo da nossa "Terra do arroz".

Um texto que resgate a historia dos adjuntos de apanha de arroz em Várzea-Alegre, e, em especial do Sanharol.

Antes porem, eu quero escrever algo que traga alguns dados a respeito do tema. Nas decadas de 40, 50, 60 e 70 a principal atividade de nossa terra era a cultura do arroz, fato que levou a torna-la conhecida mundo a fora como terra do arroz. Nos anos bons de inverno, na época da colheita, a ribeira era transformada em verdadeiras festas. 

O numero de trabalhadores de cada adjunto era proporcional a produção, e, as diárias não tinham custos, no máximo, eram trocadas de uns para outros adjuntos. O arroz era colhido cacho por cacho fechado na mão num molho denominado moqueca. 

No fim do dia o arroz era juntado num monte denominado de Pote. Havia quase que um desafio entre as partes: os trabalhadores lutavam e tudo faziam para comer a comida toda, fato conhecido a época por "armar a arapuca". 

Já o dono do adjunto tudo fazia para não permitir tal desfeita. Não há registro que tenham armado a arapuca em adjuntos no Sanharol. Depois do jantar era servido uma sobremesa, uma comida típica conhecida por arroz doce, uma mistura de arroz, rapadura, midubim, leite, erva doce, cravo etc. 

Vi camarada comer três pratos fundos desta mistura de sobremesa. Depois da sobremesa a alegria tomava conta de todos: Jogavam maneiro pau e cantavam toadas, cortavam tesoura e faziam outras estripulias. Os adjuntos eram marcados de modo que não coincidissem com outros, para facilitar a presença de todos.


Blog do Sanharol

José de Mariana, o varzealegrense que rodeou o mar!



Mariana Alves Bezerra, era irmã do meu avô Pedro Alves Bezerra, Pedro André. Casada com José, conhecido por José de Mariana. Depois dos 50 anos nos costados, Mariana começou a ficar sovina e, numa madrugada qualquer José teve uma raiva condenada dela e se danou no mundo. Durante muitos anos não se teve noticia do homem. Ele era artesão, fazia tabaqueiro, um artefato de chifre de boi que colocavam algodão e, com o atrito de um esmeril numa pedra a faísca o acendia e se podia acender cigarros e outras utensílios. Nestes seus artefatos ele colocava uma marca, um sinal, tornando-o diferenciado dos outros e muito conhecido.

Um dia, um varzealegrense passava por uma cidade do Maranhão, Barão de Grajaú, e viu um garoto vendendo uns tabaqueiros com a marca denunciada. Perguntou para o meninote onde se podia encontrar o artesão e o garoto indicou o local.

Encontrou-o numa cabana improvisada com  palhas, debaixo de umas palmeiras de coco babaçu. O Zé de Mariana lixando uns chifres para fazer seus artesanatos e uma mulata sentada no chão quebrando  amêndoas de coco babaçu, e, um pouco afastado, numa trempe, uma panela preparando o feijão do almoço.

Compadre! Como é que você abandonou sua propriedade, seus bens, sua família para viver nestas condições? José de Mariana respondeu assustado: a única coisa que espero e quero é que você não diga a ninguém que me viu aqui!

Chegando a Várzea-Alegre, não se conteve e contou a família. Dois dos filhos convidaram o padre da cidade e rumaram para o Maranhão à procura do pai. Encontraram o mesmo cenário. O Padre tomou a palavra e, largou conselho, enquanto José nem dava por ela, continuava lixando os chifres e a mulata quebrava os cocos. A certa altura o padre disse para os irmãos: Não tem jeito, uma coisa dessas só pode ser mesmo um feitiço! A mulata se aborreceu com a historia, se aluiu do chão, colocou a mão em cima do "possuído" e lascou: E o feitiço está aqui seu padre!

Os filhos voltaram para Várzea-Alegre e Zé de Mariana tomou rumo ignorado. Não se teve mais noticias. Dele ficou apenas a historia.

Em Várzea-Alegre, quando uma mulher começa com lera, o marido costuma dizer: Olhe, você deixe de moca se não eu faço como Zé de Mariana. Mas, quando perguntavam a Mariana por José ela respondia: José está "rodiando" o mar.


(A.M)

terça-feira, 28 de maio de 2013

Memórias de nossa gente V - Memória varzealegrense

Sítio Inharé de José Bitu e Dona Biluca em 1937





O Inharé é uma localidade do distrito sede de Várzea-Alegre imprensada pelos sítios Sanharol, Gibão e Chico. 

Lugar de gente pacata, mansa e ordeira desde os primórdios. 
Habitavam-no, a principio, Seu Nelinho, Mestre Silvino, Gustavo, José Bitu Filho e outros mais


Memória Varzealegrense

048 - Nossas Historias - Memoria varzealegrense


066 - POLTRONA VAZIA - Flávio Cavalcante


O espírito de migrante corre na veia do nordestino, especialmente nas do cearense do sertão. Assim, o varzealegrense já nasce acostumado com a idéia de logo após completar a maioridade e obter a carteira profissional (CTPS) buscar oportunidades em outras terras. Como gerações anteriores já trilharam o mesmo caminho, o sertanejo já não se assusta tanto com a idéia da migração.

Porém, como observado nos versos melancólicos da “Triste Partida”, do inesquecível poeta Patativa do Assaré, não há como evitar sofrimento nesses momentos de adeus.

Em Várzea Alegre, durante vários anos, os ônibus com destino a São Paulo, lotados de novos migrantes, partiram da Rua Duque de Caxias, em frente à Casa Zé Augusto. Alberto, agenciador da empresa Itapemirim, além de despachar os passageiros e as bagagens, no momento da saída não descuidava do repertório das músicas tocadas em seu estrondoso aparelho de som.

Os choros e abraços de despedidas eram embalados pelos versos da dupla Jane e Herondy “não se vá, não me abandone por favor, pois sem você vou ficar louco”. Ou, então, na voz marcante de Agnado Timóteo cantando “adeus, pampa mia. Adeus, vou para terras estranhas”.

Antônio Ulisses, que, em uma manhã de sexta-feira acompanhou aquele sofrido espetáculo, bebendo cerveja no balcão da própria agência-bar, assim que o ônibus partiu, criticou seu amigo:

- Alberto, você não tem coração. Como é que você toca umas músicas dessas, hôme? Você não chora com essas despedidas não?

O simpático e irreverente comerciante, antes de sua gargalhada característica, respondia:

- Antônio Ulisses, deixa de ser besta. Eu choro, choro muito, mas só quando vai duas poltronas vazias do Itapemirim.

Narração: Flávio Cavlacante

Memórias de nossa gente IV - Memória varzealegrense

Biografia de Expedito Macedo que era casado com Maria Afonsina Diniz Macedo, também primo legítimo de Padre Vieria



Fonte: Raimundo Wilton

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Memórias de nossa gente III - Memória Varzealegrense


CONCLUDENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL DO COLEGIO SÃO RAIMUNDO DA CNEC EM VÁRZEA ALEGRE 1978. TURMA NOTA 10!


Começando fileira de cima: Menezes Filho, Milton Bezerra, Majela Bitu, Selminha, Silvana, Solange, Evandro Sátiro, Maria Núbia, Bernarda. Fila do Meio: Rogéria Carvalho, Neidinha, Maria Socorro, Valdilene, Lúcia, Madalena Morais, Fabíola Araujo, Nally, Miguel. Sentados: Pirocha, Raimundo Filho, Peixoto, Fifi, Gonzaga e Freitas Neto.

Tive o privilégio de caminhar com eles por algum periodo na estrada do SABER; acompanhando-os como professora de Gramática da Língua Portuguesa nessa fase do Ensino Fundamental. 

Uma turma maravilhosa, unida, alegre, entusiasmada...Na sua maioria, alunos muito inteligentes, estudiosos, obedientes, educados, esforçados, determinados..., realmente comprometidos com os seus "nobres " ideais, seus "valiosos" sonhos juvenis; já alicerçando um belo futuro. C

reio que todos tenham seguido rumos seguros e promissores. Dos que eu tenho noticias, contatos, estão bem sucedidos na trajetória social/HUMANA, o que nos orgulha e nos deixa feliz. 
De forma carinhosa, gostaria de reverenciar a "memória", do jovem/adolescente dessa turma, Aluísio, o nosso saudoso e inesquecível, DR. ALUISIO MÁXIMO MENESES, verdadeiro modelo de profissional, autêntico exemplo de CIDADÃO. Uma excelente postagem. 

Gostei de ver, reviver, recordar tempos idos e vividos...Que DEUS os abençoe e os ilumine onde quer que estejam...Grande abraço!

Texto de Isabel Vieira

047 - Nossas Historias - Memoria varzealegrense


Soparia do Perreira 


Na década de 60 do século passado, na rua Major Joaquim Alves, em Várzea-Alegre ficava a "Soparia do Pereira". Nos finais de semana, dias de festas no Recreio Social era dia e noite aberta. Terminados os bailes todos acorriam  ao local  para se servir de  canja de galinha com macarrão.

A higiene  não era  a primeira qualificação do ambiente e eram  constantes as reclamações dos frequentadores. Um belo dia, José Pereira, o proprietário e garçom  chegou para mulher e disse: Maria, estão reclamando  que a sopa está com gosto de baigon!  Ela deu uma tremenda rabissaca e respondeu: Tem quem agrade a esse povo não. Ontem mesmo estavam reclamando que estava com gosto de barata.  

Blog do Sanharol

Memórias de nossa gente II - Memória Varzealegrense

Biografia de Afonso Macedo - Primo Legítimo de Padre Vieira



Fonte: Raimundo Wilton Bitu Moreno

domingo, 26 de maio de 2013

046 - Nossas Historias - Memoria varzealegrense

OS BANCOS DE JOSÉ RAIMUNDO DO SANHAROL.


Por volta de 1820 um pau d'arco grande que ficava próximo a casa do Sanharol  foi a baixo. Do tronco fizeram dois bancos de madeira medindo cada um cinco metros de comprimento,  três palmos de largura e  meio palmo de espessura. Nas extremidades duas pernas de madeira. Estavam os assentos prontos para  40 pessoas. 

Estes bancos passaram de pai para filhos de modo que  na década de 1970, um seculo e meio depois  estavam  sob a guarda de José André e Mininim Bitu do Sanharol. O prefeito da época tomou o de José André emprestado para  mostrar numa solenidade de aniversário do município e não o devolveu, não se sabe, ao certo, que fim levou. O de Mininim Bitu deve está no Sanharol com os seus quase 200 anos. Eram irmãos siameses que a historia se encarregou de separá-los e esquecê-los.

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sábado, 25 de maio de 2013

Memórias de nossa gente I - Memória Varzealegrense

Carta escrita por Padre Vieira ao Sr. Lourival Frutuoso em 1966




Sonhou o Padre Vieira - Esperança Ética.
Alargou-se a Algibeira - Realidade Patética.

AS TETAS

Sujeira muita, mostra o teu segredo,
Astuto bolso chega bem na hora,
Lavada grana, já não se demora,
Comprado voto, já produz arrego.

A teta enche e vaza de feição,
De forma vã, impura e sem pudor,
Deixando alegre o venal eleitor
E sem postura os donos da nação.

Pra ter conforto e pompa o tempo inteiro,
E desprezar o seu real poleiro
É só agarrar no ubre com veemência.

Viver atrelado às tetas do poder
É sempre ter, às mãos, o merecer
De macular a podre consciência.

- Que Deus o tenha, seu vigário!

Sávio Pinheiro

A fonte da foto é:
Dagoberto Diniz - AVL
Acervo do Padre Vieira
Secretária de Cultura de Várzea Alegre

Escolhidos de São Raimundo - Memória varzealegrense


ESCOLHIDOS DE SÃO RAIMUNDO 


Padre José Ferreira Lobo - Vigário de 1.928 a 1.932
Igreja demolida - Foto de 30 de Agosto de 1.918


A cidade crescia e, com ela, sua fé, sua crença. A igreja matriz existente, aquele templo modesto, em cujo frontespicio se havia gravado a data de 1.904, ia passar por seria reforma, tornar-se mais amplo e mais imponente.

Foi sempre e em qualquer lugar a igreja a edificação mais suntuosa, sua torre o ponto mais elevado e dominante. Assim devia ser entre nós. E, assim, se fez. Foi  na gestão do Padre José Ferreira Lobo, em 1.928. O povo se mobilizou, na sua totalidade, para consecução do trabalho, que era obra de todos. 

Sem os atropelos que sempre surgem, nesses movimentos, sem o formigamento desbaratado e improdutivo de operários sem conta, os trabalhos progrediam em ritmo certo, segundo cronograma traçado. Trabalho comum, nem por isto, merecedor de menos cuidados e atenções. Os adjuntos ou mutirões eram determinado o dia para cada sitio. No dia do Sanharol, José Alves Bezerra, José de Chiquinho, casado com Raimunda da Santana do Sanharol, contou para os  amigos Pedro André, Antônio de Pedrinho e Antônio do Sanharol um sonho que tivera no qual a torre da igreja caía em sua direção e, enquanto ele fugia a torre seguia em perseguição. Antônio do Sanharol  foi bem claro: José eu fosse você não ia ao adjunto.

Era um primeiro de Março, Sábado. Não sendo supersticioso, apanhou seu chapéu e suas ferramentas e saiu. Trabalhou por toda manha em cima da parede derrubando tijolos, quando sentiu sede, tranquilamente, desceu e foi até a casa paroquial. No seu lugar, no mesmo serviço, ficou o seu cunhado Joaquim Alves Bezerra, Salgueiro. 

Ao voltar, sem que o cunhado o houvesse visto, derrubou este um tijolo que o atingiu na cabeça, matando-o no mesmo instante. Toda Várzea-Alegre tomou conhecimento, compungida, de fato e, muitos ainda comentam.

Lembrando a tragedia, associo o episodio que fulminou nossa já conhecida Tereza Maria de Jesus: Tomando nos braços o neto recém-nascido, ergueu-o num "Viva  São Raimundo" e tombou sem vida.  Modalidades diversas de chamar seus eleitos, os escolhidos de São Raimundo Nonato.

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sexta-feira, 24 de maio de 2013

045 - Nossas Historias - Memoria varzealegrense


PROEZA DO PRIMO CASCUDO 

João Morais, meu conterrâneo, primo e amigo de saudosa memória estava construindo uma casa na praia do Pecém e levou de Várzea-Alegre os senhores Batista e Cascudo para trabalharem nos acabamentos.

Durante quase um ano permaneceram no Pecém sem nenhuma viagem a terrinha. Terminado o serviço, Joãozinho fez as contas, somou a estas uma boa gratificação e entregou o patuá a cada um. Saíram do Pecém para Fortaleza, onde, a noitinha, voltariam no ônibus da Empresa Rápido Jaguaribe para Várzea-Alegre.

Nesse percurso inicial o ônibus estava superlotado e Cascudo com as mãos levantadas segurando nas barras de colocar as bagagens e os bolsos a solta a disposição dos gatunos gritava para Batista que cambaleava de um lado para o outro, mas não tirava as mãos de cima dos bolsos: Batista! Cuidado pra não ser roubado.

Repetia com todo pulmão: Batista cuidado pra não ser roubado! E nessa historinha, quando menos se espera o Cascudo gritou mais alto que das outras vezes: Batista! Eu fui roubado. O tempo fechou. O carro foi levado para delegacia. O delegado ficou na porta junto com Cascudo que podia ter alguma idéia de quem pudesse ser o surrupiador.

Quando apareceu um sujeito o Cascudo encarou e disse: foi você! Abufelou-se ao camarada e saíram bolando pelo chão. O delegado deu voz de prisão para os dois. Depois da devida averiguação o dinheiro foi encontrado na bolsa do suspeito que foi encaminhado ao xadrez da delegacia. O delegado era amigo de João Morais e quando soube que Batista e Cascudo eram funcionários dele disse para dois: liguem para o Joãozinho Piau que eu solto vocês.

Cascudo com sua autenticidade respondeu: ligo não, quando você prendeu não foi preciso ligar. Agora solte. O delegado usou do bom censo e liberou Batista e Cascudo, graças a Deus com a verba fruto do trabalho de um ano de serviços.

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quinta-feira, 23 de maio de 2013

044 - Nossas Historias - Memoria varzealegrense


O Jogo de Volta 

Na década de 50 do século passado, o Otacílio Correia era dirigente da lida desportista de Várzea-Alegre. Nosso selecionado devia uma partida ao selecionado de Cariús e combinou o dia de fazer o jogo de volta.

Foi disponibilizado o carro de José Odemar para fazer o transporte da delegação. Otacílio de posse de uma folha de papel e uma caneta anotava os nomes dos atletas em primeira mão, do tecnico, e, por fim a torcida organizada.

Quando Tenta se preparou para subir no caminhão Otacílio disse: você não, não fica bem para nossa representação. Diziam as má línguas que o Tenta foi um dos precursores do homosexoalismo em nossa terra, e, a época, diferentemente de hoje, havia muito preconceito.

Barrado Tenta ficou observando a delegação e quando o carro deu partida Tenta olhou para Otacílio e desabafou: Eu não vou, mas em cima do caminhão vão três. O impossível era identificar a baitolagem naqueles remotos tempos.

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quarta-feira, 22 de maio de 2013

043 - Nossas Historias - Memoria varzealegrense


BAR INFERNIM 

Os varzealegrenses mais autênticos, aqueles que carregam uma boa dosimetria de humor, certamente não perderiam a oportunidade  de considerar este causo como mais um contraste. Não chego a tanto, considero que hajam apenas coincidências assemelhadas.

No "Bar Infernim", um dos mais frequentados da periferia, é muito comum você encontrar sentadas na mesma mesa, tomando pinga, na mais completa paz, as moças "Baigon e Muriçoca", moram na mesma casa no bairro Sanharol. Pode? É vero.

Outro dia, o "Bar Infernim" foi fechado em determinação judicial por alguns dias, os proprietários presos por acusação de vender bebida alcoólica para menores de idade. Até aí tudo normal, como fala o Delúbio Soares, tesoureiro do PT: todo mundo faz. 

Mas, desta feita foi demais: O nome do estabelecimento: "Bar Infernim",- Nome dos proprietarios: Jesus dos Anjos e Maria do Céu. Parece até brincadeira, mas, não é. É verdade pura. 

Bastou poucos dias com o "Infernim" fechado para o "Bar do Colorau" ser promovido a cabaré, Dona Virgens a cafetina chefe/proprietária do mais novo estabelecimento do ramo, na cidade, fez a comunicação oficial.

Só na Várzea-Alegre mesmo.

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José Gonçalves - Memória Varzealegrense


Jose Gonçalves era poeta violeiro.  Por 37 anos manteve o programa “Retalhos do Sertão” na radio Borborema, no vizinho estado da Paraíba. 

Participou de mais de 50 congressos e festivais, tendo conseguido o primeiro lugar em vários deles. gravou um LP “retalhos do sertão”,  este que teve a participação do, na época governador da Paraíba,  Ronaldo Cunha Lima.

020 - Do Tempo do Bumba - Memória Varzealegrense

O  VENTO  DO  ARACATÍ.

Houve um tempo na cidade de Várzea Alegre Ceará, Que todas às noites, ficava um grupo de pessoas na Praça dos Motoristas, para esperar a pasagem do vento do Aracatí.
Numa dessas noites, eu estava com Carlito Cassundé, Galego de Pedro Gualberto, Gerônino Bilé, Taveirinha e Zé de Totô. Uns contavam piadas e outros falavam da vida alheia, até chegar a hora da gostosa brisa passar.
De repente chegou o chapeado Chico Danga, tombando mais do que carneiro que come salsa. Chico aprximou-se do grupo e começou a puchar conversa.
Gerônimo não gostou daquela companhia e reclamou:
- Ei Chico! Pode pegar o beco, que nós estamos tratando de um assunto sério e você está atrapalhando.
Chico reagiu dizendo:
- Eu num sai não. A praça num é sua, é do prefeito. Pruque qui eu tombém num posso isperar o Aracatí passar? Dizendo aquilo ele afastou-se uns seis metros e deitou-se num banco onde começou a roncar.
Gerônimo não gostou daquela situação e falou para Taveirinha:
- Taveira. Vá botar um mosquito nos pés de Chico Danga pra ver se ele vaza daqui.
Taveirinha pegou um pedaço de jornal, fez canudo, colocou entre os dedos dos pés de Chico e tocou fogo. Quando o fogo chegou nos pés, Chico só fez passar a mão e dizer:
- Eita meruanha da molesta! Nim Rajalegue as muriçoca parece qui tem é fogo no ferrão.
Deitou-se de bunda pra cima e continuou roncando e peidando.
Gerônimo mais aborrecido ainda, falou para Taveirinha:
- Arre égua Taveirinha! Você não sabe nem  botar um bêbado chato pra vazar. Pois eu vou curar a bicheira dele e eu garanto como ele pega o beco.
Gerônimo saiu com muita cautela, assim como quem procura pinico no escuro e deu uma dedada no caneco de Chico. Chico pulou dentro do jardim e foi logo gritando:
- Eu sei quem foi. Foi tu Geromo, mais tombém tem uma coisa. Quando eu for lá no Coité se Luíza pidir a eu pra trazer o moim dela prumode João Alve ajeitar, eu tombém num trago.

terça-feira, 21 de maio de 2013

José Ferreira - Memória Varzealegrense

JOSÉ FERREIRA, filho de Antônio Ferreira e Matilde Correia Lima, médico  culto, popular e apaixonado por sua terra Várzea Alegre. Escreveu, em 1985,  aos 71 anos, “Várzea- Alegre, Minha Terra, Minha Gente”. De Fortaleza mudou-se para Olinda-PE, onde casou com Maria José Travassos Sobrinho, com quem teve quatro filhos: Célia Maria, Metilde Maria, Roberto (também médico) e Ana Maria. Netos até 1985: Letícia, Ricardo, Marília, Renata, Henrique, Eduardo, Natália e Mateus. Zé Ferreira faleceu  em 1992.

Manuel Batista Vieira - Memória Varzealegrense


A história a seguir foi narrada pelo primo e cunhado Humberto Esmeraldo Cabral e confirmada pelo filho do Professor Vieirinha, o médico José Flávio Pinheiro Vieira.

Para o professor Vieira, homem afeito às coisas do sertão, acostumar-se a viver numa grande cidade foi uma dificuldade indescritível. Sua vida ali, no meio de tantos rostos estranhos, fazia com que para ele, os dias se arrastassem como se fossem séculos. Até que um dia, viu um aviso para seleção de professor de português para um colégio da rede pública. Após muito matutar, e incentivado pelo amigo Monsenhor Rubens Lócio, resolveu se inscrever. Ao chegar à mesa de inscrição, a funcionária perguntou de onde ele era e se possuía experiência como professor. 

Ele mostrou toda a documentação comprobatória, afirmando que era cearense de Várzea Alegre e lecionara por alguns anos nos colégios do Crato, conforme ela poderia observar em sua documentação. Ao verificar que ele era do interior cearense, a funcionária encheu-se de superioridade e desejando intimidá-lo perguntou: “O senhor vai ter coragem de se inscrever? Aqui só tem cobra!” E o professor Vieirinha respondeu: “É moça, não custa nada “os minhocas” enfrentarem ‘os cobras’.” As palavras daquela funcionaria encheram de brios o professor Vieira, que fez uma revisão apurada de todo latim e português, que havia aprendido em anos de estudos no Seminário do Crato e no Seminário Maior de Fortaleza, onde concluíra teologia.

Após prestar as provas exigidas pelo concurso, no dia marcado para divulgação do resultado, o professor Vieira voltou ao local onde fizera a inscrição e procurou a mesma funcionária. Ela começou a consultar a lista dos aprovados, procurando encontrar o nome dele de baixo para cima. E ele observava: “Olhe mais em cima, moça”. E ela continuava olhando os nomes em ordem decrescente. 

Quando já percorria a metade da folha, ela lhe disse: “É, parece que o senhor não passou!” E o nosso Vieirinha insistia: “Mas moça, olhe mais em cima, por favor. Bem mais em cima!” Ela, a contragosto, obedeceu, até que chegou ao topo da lista. E tomada de grande surpresa, exclamou: “Puxa! O senhor foi aprovado em primeiro lugar!” E nosso Vieirinha com a humildade e misto de bom humor que lhe eram característicos, perguntou: “Moça, e os cobras onde estão?”.

José Flávio Pinheiro Vieira

José Leandro - Memória Varzealegrense

José Leandro Bezerra da Costa 

Nascido a 09 de julho de 1906 no Sítio Sanharol, município de Várzea Alegre, Zé Leandro começou a trabalhar aos cinco anos de idade, ajudando o irmão de criação nas tarefas do campo.
Desde cedo sentiu o peso do não reconhecimento e da opressão que perseguem o agricultor. O inconformismo seria então a conseqüência lógica das desigualdades presenciadas e vividas.

Zé Leandro foi se aprimorando com as mudanças impostas a si mesmo: procurou supri-las através do autoconhecimento, da leitura, do convívio social e político.

A doze de julho de 1940, com suas idéias socialistas e comunistas, já sedimentadas, foi convidado para uma reunião em Guaramiranga, na casa de Fernando Ferreira, durante a qual entrou para o Partido Comunista.

Durante muito tempo viveu clandestinamente por causa da ditadura militar, não abrindo mão da luta pela Reforma Agrária tão desejada.

Líder sindical teve desilusões ao procurar pessoas que poderiam tê-lo esclarecido e encaminhado para a formação de associações camponesas e afins.

Trabalhou a serviço da FALTAC - Federação das Associações de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Ceará, que chegou a reunir vinte e nove associações. A 23ª dessas associações chamou-se Associação dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas de Várzea Alegre, fundada sob a liderança de Raimundo Lucas Bidim.

A seguir, as atividades religiosas, filosóficas, sindicais e políticas de Zé Leandro:

1) Em Várzea Alegre (CE): A partir do sete anos de idade ate os doze (sócio da Irmandade do Coração de Jesus). Dos dez anos aos trinta e um anos, confrade da Conferência de São Vicente de Paula, chegando a ser secretário e Presidente.

2) Em Iguatu (CE): De setembro de 1937 até março de 1939, sócio da União Artística Iguatuense. De julho de 1938 a março de 1939 iniciante da Loja Maçônica Redentora Iguatuense.

3) Em Crato (CE): De março a agosto de 1939, filiado à Loja Maçônica Deus e Amor de Crato, onde colou o Grau 7 de Mestre Maçom, no mesmo período, sócio da União dos Trabalhadores do Cariri.

4) em Fortaleza (CE): De 1945 até 1950, sócio dos Oficiais Alfaiates e Trabalhadores na Indústria de Confecções de Roupas de Fortaleza. A partir de 1950, dirigente de uma equipe de camponeses organizada para lutar pela sindicalização rural e pela Reforma Agrária. Em 1954, dirigente de uma delegação de oito camponeses participantes da 1ª Conferência Sindical Camponesa, realizada em São Paulo de onde saiu a ULTAB – União dos Lavradores e Trabalhadores na Agricultura do Brasil. Em 1957, fundador da FALTAC, eleito secretário geral da entidade, que foi extinta com a fundação da Federação dos Trabalhadores Autônomos Rurais, que congregava os pequenos arrendatários meeiros, parceiros e pequenos posseiros da qual foi eleito seu secretário. Esta federação foi fundada em meados de 1963. Fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Fortaleza, fundado no início de 1963, sendo eleito primeiro secretário.

5) Em Pacoti (CE): Filiado a uma célula do PCB no Sítio denominado Canabrava, no município de Guaramiranga em 12/07/1940.

6) Em Fortaleza (CE): Participante da Seção de Campo do Comitê Estadual do PCB de 1950 a março de 1964.

7) No Rio de Janeiro (RJ): Participante da Seção de campo do Comitê Central do PCB de maio de 1965 a dezembro de 1974.

8) Em Duque de Caxias (RJ): Sócio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de janeiro de 1965 a maio de 1972.

9) Em Itaboraí (RJ): Sócio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de março de 1975 a maio de 1979.

10) Em Pacajus (CE): Sócio do Sindicato dos trabalhadores Rurais a partir de agosto de 1985.

Zé Leandro faleceu no dia 19 de julho de 2000, em sua casa, em Fortaleza, depois de sofrer um AVC que tirou sua memória de forma gradativa, até perdê-la completamente.
Seus últimos instantes de vida foram assistidos por sua filha Glória Maria.

Fonte http://avllit.blogspot.com.br/

Usina Diniz - Um rastro de memória!

Usina Diniz

Usina Diniz - Um rastro de memória!

Com a inevitável decisão de demolir os prédios onde funcionou a Usina Diniz e assistiir as primeiras iniciativas da execução, a emoção tomou meu coração e eu me dei conta da importaância do momento.

De pronto, lembrei-me da saga de meu destemido avô Josué Alves Diniz e senti que escorria naquelas velhas e fortes paredes, sangue, suor, determinação, competência, história e muitas alegrias e realizações. O esteio da nosso família.

Por isso vai dar muito trabalho para ser demolida.

E eu, diante de tamanha emoção, sinto um vazio dentro de mim e uma sensação de estar vendo toda uma história de vida indo embora. Mesmo que seja apenas alguns prédios, mas prédios que merecem respeito, pela sua importância na história da família Diniz, nas famílias dos que ali trabalharam, na economia, na política e na paisagem de Várzea Alegre.

Acredito que todos os varzealegrenses tem um caminho pela Usina Diniz. Por alguma razão foram beneficiados nos seus quase cem anos de exitência, e isto é maravilhoso!! Por isso merece toda essa deferência! 

O sentimento da família era que os orgãos públicos de Várzea Alegre se interessassem na utilização do conjunto, aproveitando para inúmeros fins! O espaço inspira inúmeros projetos. Lamentavelmente não houve interesse.

Só me resta guardar com carinho as fotos de 
todo o conjunto da Usina Diniz e com elas mostrar aos meus netos sua valorosa história, com muito orgulho.

Recife, 21 de Maio de 2013
Maria Eunice Diniz Moreno



MOTE DO POETA BIDINHO.

MOTE  DO  POETA  BIDINHO.

PERDI   O   MAIOR  TESOURO
QUE  TINHA  NA  MINHA  VIDA.

Quando eu era criança
Meu pai nos abandonou
Para minha mãe deixou
Somente dor  e lembrança.
Ela sem mais esperança
Nos criou por sua lida,
Foi pela morte abatida
Deixou a minhalma em chouro.
PERDI   O  MAIOR  TESOURO
QUE  TINHA  NA  MINHA  VIDA.

Quando meu pai foi embora
Minha mãe ficou no lar
Com três filhos pra criar
Sem ter descanso uma hora.
Meu pai foi de mundo afora
Talvez tragando bebida
Procurou uma querida
Trocou o lar por namoro.
PERDI   O   MAIOR  TESOURO
QUE  TINHA  NA  MINHA  VIDA.   

Neste mundo de maldade
Esta mãe que Deus me deu
Graças a Ele viveu
Noventa anos de idade.
Foi para a eternidade
Deixou minhalma sentida
Uma mãe santa querida
Vale muito mais que ouro.
PERDI   O   MAIOR  TESOURO
QUE  TINHA  NA  MINHA  VIDA.

Vou meu verso terminar
Me recordando da hora
Que minha mãe foi embora
Para nunca mais voltar.
Há quem me dera encontrar
Aquela santa escolhida
Que dirigiu minha Lida
Na alegria e no chouro.
PERDI   O  MAIOR   TESOURO
QUE  TINHA  NA  MINHA  VIDA.

Raimundo Lucas Bidinho ( Bidim )

Várzea Alegre outubro de 1996.

VERSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

MADALENA  ARREPENDIDA.

Madalena Conceição
Filha de Zé Gabriel,
Casou-se com Damião
Usando Grinalda e veu,
Mas rompeu a união
Depois  da lua de mel.

Damião não entendia
O motivo da fugida,
Porque Madalena havia
Partido da sua vida,
Até que um belo dia
Ela chega arrependida.

Chegou dizendo: - Paixão!
Eu não sei porque fiz isso,
Se não foi expiação
Garanto que foi feitiço,
Me perdoe meu Damião
Por amor a Padim Ciço.

Damião com raiva disse:
- Deixe Padim Ciço fora!
Você fez sua burrice
E pede por ele agora,
Se o Santo padre ouvisse
Mandava você embora.

No dia da casamento
Você se ajoelhou,
Nós fizemos o juramento
E o padre abençoou,
Mas você com fingimento
Logo depois me deixou.

A gente estava casado
Casado o nome já diz,
É como um nó apertado
Pra viver sempre feliz,
Se a gente está separado
Foi você mesmo quem quiz.

Você fugiu com um mês
Depois do padre benzer,
Não pegou nem gravidez
Para um filho nascer,
O erro que você fez
Você tem que responder.

Você prometeu viver
Seguindo no meu caminho,
Depois fugiu sem dizer
Agora quer meu carinho,
Mas se eu nascí pra sofrer
Prefiro sofrer sozinho.

Você sumiu sem razão
Como isopor na braza,
Agore pede perdão
Mas seu pedido me atraza,
Minha casa é de botão
Só cabe um botão em casa.

Eu sei que a verdade é crua
Mas é esse o seu caminho,
Você perdeu-se na rua,
Tem na rua o seu destino,
Só vou sentir sua falta
Se for pra fazer menino.

Você não pode esquecer
Que abandonou esse lar,
Eu não consigo entender
Porque hoje quer voltar,
Se um é pouco pra viver
Dois é muito pra brigar.

Sei que você não entende
A desfeita que me faz,
Sua volta não atende
O sofrimento de traz,
E o meu fogo não acende
O seu cachimbo da paz.

Você me deixou na mão
Hoje volta arrependida,
Veja que tenho razão
Para não lhe dar guarida,
Eu não tenho vocação
De amparar mulher perdida.

Você que baixou o nível
Pode ficar na certeza,
Que seu ato desprezível
Me causou muita tristeza,
Pois eu sou compreensível
Mas não sou Madre Tereza.

Mundim  do Vale.

domingo, 19 de maio de 2013

VERSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

Poema recitado pelo saudoso Souza Sobrinho na missa de sétimo dia  do Mestre Pedro Souza.

UM  GRANDE  FORRÓ  NO  CÉU.

Jesus mandou convidar
Pedro Souza para o céu
Mandou São Pedro avisar
A Afondo de Zé Miguel.
Chegaram numa latada
E a festa de vaquejada
Executaram primeiro.
Depois da afinação
Pedro tocou pra São João
Conversa de Sanfoneiro.

Na chegada de Bié
Pediram uma gafieira
Seu Souza bateu o pé
Rodeando uma Fogueira.
No toque da concertina
Chegou Dona Leolina
Dizendo: - Seja bem vindo!
Ajoelhou-se no centro
Lembrou o Roçado de Dentro
O tempo todo sorrindo.

Vicente Abaldo chegou
Junto com Joaquim Vieira
Quando a harmônica parou
Pediram uma saideira.
Foi chegando Raimundim
Junto com o Mestre Tim
Com um abraço carinhoso.
Luís Sérgio e João Morais
Chegaram exigindo mais
Pedindo Xote Teimoso.

Tinha um Amor de Menina
Mas não era pra xodó
Comentou com a voz fina
Isso aí é que é Forró
Foi quando São Benedito
Pediu o Forró Bonito
Ou então Subindo ao Céu.
No momento da emoção
Sr. Souza ergueu a mão
E retirou o chapéu.

Depois da recepção
Todo mundo foi rezar
Na hora da comunhão
Pedro voltou a tocar.
Tocou pra rapaziada
A Marcha da madrugada
E São João no Ceará.
Tocou música de reizado
Também tocou um dobrado
Quando lembrou-se de cá.

Só fiquei sabendo disso
Quando um anjo me falou
Dizendo que Padim Ciço
Tudo aquilo abençoou.
Disse que Frei Damião
Crismou toda a multidão
Coberta com um grande véu.
Foi quando um sino tocou
E Pedro Souza encerrou
O Grande Forró no Céu.

Raimundim    Piau
Setembro de 2000

sábado, 18 de maio de 2013

Açude Olho D'agua - Memória Varzealegrense


Açude Olho D’agua, rebatizado Luiz Otácilio Correia.
Na parte da frente o criadouro de peixes e a parte ao fundo a parede e a chaminé. Você já ouviu falar num açude com chaminé? Lá em nós tem, mesmo no centro, na parte mais funda, está lá majestosa.

O maior açude publico de Várzea-Alegre, construído nas imediações da sede do município, no Sitio São Vicente se tornou mais um contrates a ser somado as centenas já conhecidos.

O açude resolveu o problema crônico da falta de água na cidade, alem de atender a população na atuação de vazantes e irrigações. Foi deveras complicado a sua construção. Problemas de indenizações mal feitas, liminares na justiça para impedir a construção, mas finalmente o açude foi construído quase na marra, graças ao prestigio político de lideranças locais. Na bacia do açude existia uma das maiores cerâmicas da região, a Cerâmica Peri, que foi totalmente coberta pelas águas ficando de fora apenas alguns metros da chaminé.

Quem chega, hoje em dia, ao açude Deputado Luiz Otacílio Correia pode divisar mais um contraste: O mar d'água e bem no meio uma chaminé. Quem já ouviu falar uma chaminé num açude? Em Várzea-Alegre tem. Portanto mais um grande contraste.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

VERSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.


O SUMIÇO DOS POETAS 

Poeta some ligeiro
Como pente de motel,
Onde anda o Israel?
Ninguém sabe o seu roteiro.
Cadê o Sávio Pinheiro?
Que nunca mas deu as caras
Tão virando coisas raras
Quem tá dizendo é Mundim.
E o poeta Joaquim
Caçando preá nas varas.

Até o primo Morais
Nunca mais apareceu,
E Gilberto de Zaqueu
Parece que não quer mais.
João Bitu tem ideais
Para outra atividade,
Claud tem capacidade
Mas só vive viajando.
Luís Lisboa é lembrando
Várzea Alegre com saudade.

Cláudio Souza tá ferrado
Nunca mais fez um repente,
Tá igual adolescente
Quando tá apaixonado.
Meu São Bernardo obrigado
É só a rima que faz,
Aquele pobre rapaz
Vive paixão galopante.
Vai terminar no calmante
Se a paulista der pra traz.