VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

terça-feira, 28 de maio de 2013

048 - Nossas Historias - Memoria varzealegrense


066 - POLTRONA VAZIA - Flávio Cavalcante


O espírito de migrante corre na veia do nordestino, especialmente nas do cearense do sertão. Assim, o varzealegrense já nasce acostumado com a idéia de logo após completar a maioridade e obter a carteira profissional (CTPS) buscar oportunidades em outras terras. Como gerações anteriores já trilharam o mesmo caminho, o sertanejo já não se assusta tanto com a idéia da migração.

Porém, como observado nos versos melancólicos da “Triste Partida”, do inesquecível poeta Patativa do Assaré, não há como evitar sofrimento nesses momentos de adeus.

Em Várzea Alegre, durante vários anos, os ônibus com destino a São Paulo, lotados de novos migrantes, partiram da Rua Duque de Caxias, em frente à Casa Zé Augusto. Alberto, agenciador da empresa Itapemirim, além de despachar os passageiros e as bagagens, no momento da saída não descuidava do repertório das músicas tocadas em seu estrondoso aparelho de som.

Os choros e abraços de despedidas eram embalados pelos versos da dupla Jane e Herondy “não se vá, não me abandone por favor, pois sem você vou ficar louco”. Ou, então, na voz marcante de Agnado Timóteo cantando “adeus, pampa mia. Adeus, vou para terras estranhas”.

Antônio Ulisses, que, em uma manhã de sexta-feira acompanhou aquele sofrido espetáculo, bebendo cerveja no balcão da própria agência-bar, assim que o ônibus partiu, criticou seu amigo:

- Alberto, você não tem coração. Como é que você toca umas músicas dessas, hôme? Você não chora com essas despedidas não?

O simpático e irreverente comerciante, antes de sua gargalhada característica, respondia:

- Antônio Ulisses, deixa de ser besta. Eu choro, choro muito, mas só quando vai duas poltronas vazias do Itapemirim.

Narração: Flávio Cavlacante

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