O VENTO
DO ARACATÍ.
Houve
um tempo na cidade de Várzea Alegre Ceará, Que todas às noites, ficava um grupo
de pessoas na Praça dos Motoristas, para esperar a pasagem do vento do Aracatí.
Numa
dessas noites, eu estava com Carlito Cassundé, Galego de Pedro Gualberto,
Gerônino Bilé, Taveirinha e Zé de Totô. Uns contavam piadas e outros falavam da
vida alheia, até chegar a hora da gostosa brisa passar.
De
repente chegou o chapeado Chico Danga, tombando mais do que carneiro que come
salsa. Chico aprximou-se do grupo e começou a puchar conversa.
Gerônimo
não gostou daquela companhia e reclamou:
-
Ei Chico! Pode pegar o beco, que nós estamos tratando de um assunto sério e
você está atrapalhando.
Chico
reagiu dizendo:
-
Eu num sai não. A praça num é sua, é do prefeito. Pruque qui eu tombém num
posso isperar o Aracatí passar? Dizendo aquilo ele afastou-se uns seis metros e
deitou-se num banco onde começou a roncar.
Gerônimo
não gostou daquela situação e falou para Taveirinha:
-
Taveira. Vá botar um mosquito nos pés de Chico Danga pra ver se ele vaza daqui.
Taveirinha
pegou um pedaço de jornal, fez canudo, colocou entre os dedos dos pés de Chico
e tocou fogo. Quando o fogo chegou nos pés, Chico só fez passar a mão e dizer:
-
Eita meruanha da molesta! Nim Rajalegue as muriçoca parece qui tem é fogo no
ferrão.
Deitou-se
de bunda pra cima e continuou roncando e peidando.
Gerônimo
mais aborrecido ainda, falou para Taveirinha:
-
Arre égua Taveirinha! Você não sabe nem
botar um bêbado chato pra vazar. Pois eu vou curar a bicheira dele e eu
garanto como ele pega o beco.
Gerônimo
saiu com muita cautela, assim como quem procura pinico no escuro e deu uma
dedada no caneco de Chico. Chico pulou dentro do jardim e foi logo gritando:
-
Eu sei quem foi. Foi tu Geromo, mais tombém tem uma coisa. Quando eu for lá no
Coité se Luíza pidir a eu pra trazer o moim dela prumode João Alve ajeitar, eu
tombém num trago.