VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

domingo, 24 de março de 2013

024 - Nossas Histórias - Memória varzealegrense.

O meu avô materno João Alves Bezerra morava na Fazenda Lagoa dos Currais, município de Arneiroz, nos Inhamuns. Era casado com Conceição de Morais Feitosa. Homem experiente, trabalhador, honesto, cordato e sábio. Pai de 13 filhos sendo que os três mais velhos eram homens. Dentre os exemplos deixados encontramos a historia que se segue: Quando Alceu, Zezinho e André atingiram a idade adulta, cada um deles, tratou de seguir os seus caminhos, iniciar os seus negócios.

Então Jose Raimundo Duarte, conhecido por Zé Bilé, primo e cunhado do meu avô, aconselhou a liberar parte de seus bens para os filhos, visto que eram pessoas inteligentes, honestas e precisavam de ajuda naquela fase inicial da vida. O meu avô não concordou e entre as razões para sua tese estava um fato ocorrido nos tempos de menino.

Dizia que quando adolescente pegou três “campinas novos” e os prendeu numa gaiola e, todo dia o campina velho vinha colocar água e comida no bico dos filhos. Quando os filhotes cresceram ele inverteu, fez a troca – soltou os novos e prendeu o velho. Os filhotes foram embora e o velho morreu de sede e fome.

Sabedoria antiga, assim conta a historia do “Couro de Boi” no vídeo a seguir. Zezinho, o filho mais velho, se deslocou para cidade de Rondom, no Paraná, e depois foi levando os irmãos um a um, e hoje em dia, quase a totalidade da família vive por terras paranaenses, levando sua contribuição e trabalho, inclusive com um neto chegando ao alto posto de chefe do executivo do município. A grande sabedoria do meu avô mostra que não se valorizam as facilidades.




Conheço um velho ditado, que é do tempo dos agáis.
Diz que um pai trata dez filhos, dez filhos não trata um pai.
Sentindo o peso dos anos sem poder mais trabalhar,
o velho, peão estradeiro, com seu filho foi morar.
O rapaz era casado e a mulher deu de implicar.
"Você manda o velho embora, se não quiser que eu vá".
E o rapaz, de coração duro, com o velhinho foi falar:

Para o senhor se mudar, meu pai eu vim lhe pedir
Hoje aqui da minha casa o senhor tem que sair
Leve este couro de boi que eu acabei de curtir
Pra lhe servir de coberta aonde o senhor dormir
O pobre velho, calado, pegou o couro e saiu
Seu neto de oito anos que aquela cena assistiu
Correu atrás do avô, seu paletó sacudiu
Metade daquele couro, chorando ele pediu
O velhinho, comovido, pra não ver o neto chorando
Partiu o couro no meio e pro netinho foi dando
O menino chegou em casa, seu pai foi lhe perguntando.
Pra quê você quer este couro que seu avô ia levando
Disse o menino ao pai: um dia vou me casar
O senhor vai ficar velho e comigo vem morar
Pode ser que aconteça de nós não se combinar
Essa metade do couro vou dar pro senhor levar
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